Conheça os jatos que estão atacando o Estado Islâmico
Até o momento, forças de 15 países já bombardearam o grupo terrorista na Síria e Iraque
O caça russo Su-34 é um dos mais eficientes na ação contra o EI (Ministério da Defesa da Rússia)
Interferências internacionais em países que passam por momentos de
tensão interna ou guerra civil (quando não ambos), como acontece
atualmente na Síria e Iraque, não são mais como no passado, que
envolviam ações por terra. Esse tipo de ajuda hoje é feito quase que
inteiramente pelos céus, com missões de bombardeio que servem para
apoiar forças nacionais enfraquecidas e inexperientes ou rebeldes que
não contam com recursos aéreos avançados.
Até o momento, o Estado Islâmico já foi atacado por forças armadas de 15 países, que participam da coalização
Inherent Resolve,
liderada pelos Estados Unidos, ou em ações individuais, como Rússia e
França vêm fazendo. O objetivo dessas operações estrangeiras é
enfraquecer as forças insurgentes para permitir que forças oficiais da
Síria e Iraque possam agir com mais segurança e eficiência por terra,
algo essencial para eliminar o grupo terrorista.
Os países envolvidos no conflito tentam evitar ao máximo enviar
soldados e veículos de combate para esses territórios, atividades que no
passado já se mostraram trágicas e abusivas, como a invasão da antiga
União Soviética no Afeganistão e os Estados Unidos no Iraque. Foi em
meio a esses cenários conturbados que os grupos terroristas Estado
Islâmico e Al Qaeda surgiram – ambos, inclusive, foram armados e
financiados por essas mesmas nações (e outras, como a França) quando
surgiram.
A cada dia que passa, as nações envolvidas no combate ao EI estão
enviando mais aeronaves de combate para a região. Conheça a seguir os
jatos militares que estão em ação:
A Rússia é o país mais atuante na Síria, enquanto os demais se concentram em ataques no Iraque (Airway)
França
A França vem combatendo o Estado Islâmico na Síria e Iraque antes
mesmo dos dois atentados realizados em Paris neste ano. Em setembro de
2014, o governo francês lançou a operação “Chammal” a partir de bases na
Jordânia e Emirados Árabes Unidos.
O caça Mirage 2000, já utilizado no Brasil, pode voar a mais de 2.300 km/h (Armee de l’air)
A operação francesa foi iniciada pela Força Aérea da França, com os
caças-bombardeiros Dassault Rafale e Mirage 2000. Até o momento, essas
aeronaves lançaram bombas de queda livre e guiadas a laser, como a
GBU-12 Paveway II utilizada nos chamados “ataques cirúrgicos”.
Com a intensificação das ações, a França também destacou em janeiro
deste ano sua Marinha para a frente de combate no Oriente Médio. O
porta-aviões de propulsão nuclear francês Charles de Gaulle também já
zarpou em direção a zona de combate, levando mais caças Rafale e aviões
de vigilância marítima.
O porta-aviões francês Charles de Gaulle já está navegando em direção a zona de conflito (Marine Nationale)
Atualmente a França possui na região seis caças Rafale, posicionados
nos Emirados Árabes, seis caças Mirage 2000, posicionados na Jordânia
(sendo 3 Mirage 2000D e 3 Mirage 2000N), além de uma unidade da aeronave
de patrulha e monitoramento Atlantique 2, também na Jordânia. Com a
chegada do porta-aviões, os franceses terão cerca de 40 aeronaves na
região.
EUA
Os EUA estão atualmente na região com sua força aérea (USAF), com
esquadrões de caças e bombardeiros estratégicos. No próximo mês está
previsto a chegada do porta-aviões USS Harry S. Truman pelo Mar
Mediterrâneo. A embarcação trará consigo dezenas de caças-bombardeiros
F-18 Hornet.
É a primeira vez que o moderno caça F-22 participa de um conflito (USAF)
Participam das ações pelo lado norte-americano os caças F-22, F-15
Strike Eagle (versão multi-missão famoso caça F-15), o avião de ataque
ao solo A-10 e o temível bombardeiro B-1 Lancer, que pode carregar mais
de 50 toneladas de bombas. Os aviões da USAF estão baseados na Arábia
Saudita, Turquia e Emirados Árabes Unidos.
A Marinha dos EUA também posicionou o navio de ataque anfíbio USS
Essex na região. Essa embarcação carrega caças de pouso e decolagem
vertical AV-8 Harrier. Essa aeronave, no entanto, é utilizada apenas em
apoio próximo e dificilmente deve entrar em ação contra o Estado
Islâmico na Síria ou no Iraque.
Segundo informações do Pentágono, até o dia 3 de novembro as forças
armadas dos EUA já haviam efetuado mais de 7.900 ataques aéreos. Nessas
missões, militares americanos afirmam terem destruídos mais de 14 mil
objetivos do Estado Islâmico e matou cerca de 20 mil combatentes do
grupo insurgente.
O B-1 pode carregar mais de 50 toneladas de bombas em velocidade supersônica (USAF)
A operação norte-americana
Inherent Resolve começou em
dezembro de 2014 e envolve outros 12 países: Austrália, Canadá, França,
Jordânia, Holanda, Reino Unido, Bahrein, Turquia, Arábia Saudita,
Emirados Árabes Unidos e Tunísia. Somando ações de todas essa nações, já
foram realizadas mais de 45 mil sortidas de ataque, sendo 80% delas
sobre o Iraque.
A chegada do porta-aviões USS Harry S. Truman vai reforçar a atuação dos EUA na região (US Navy)
Rússia
O envolvimento da Rússia na guerra contra o Estado Islâmico é tão
essencial quanto polêmico. De todas as nações envolvidas nos combates na
região, o governo russo é o único que apoia o governo ditatorial de
Bashar al-Assad na Síria, um dos poucos governantes do Oriente Médio que
resistiram (leia-se repeliram a força) as manifestações da Primavera
Árabe, em 2010.
O governo russo também enviou caças Su-27 para a zona de guerra (Ministério da Defesa da Rússia)
Operando a partir de aeroportos na própria Síria, os jatos russos são
os que têm maiores chances de enfraquecer o Estado Islâmico. Além
disso, a Rússia tem apoio do exército local, que por sua vez combate o
grupo rebelde “Exército Livre da Síria”, apoiado pelos EUA – que por sua
vez crítica o apoio de Putin ao regime de Assad, um dos maiores
compradores de material bélico de fabricação russa.
Apesar de pequeno, o Su-25 possui um poder de fogo devastador (Ministério da Defesa da Rússia)
O jato russo que mais está lançando bombas sobre o EI é o
caça-bombardeiro Sukhoi Su-34, um avião supersônico especializado em
missões de ataque ao solo. Também estão em ação o Su-25SM, aeronave que
também combate ameaças terrestres, o supercaça Su-30SM, e recentemente a
Rússia autorizou o uso de bombardeiros estratégicos Tupolev Tu-22,
Tu-95 e Tu-160, indício de que os ataques russos serão cada vez mais
violentos e destrutivos.
Os ataques com bombardeiros estratégicos, no entanto, serão lançado a
partir do próprio território russo. As forças russas ainda têm o
suporte de caças Su-27 e bombardeiros Su-24M, além da possibilidade de
lançar mísseis de cruzeiro a partir de aeronaves ou embarcações.
O bombardeiro Tu-160 pode voar a mais de 2.000 km/h e com 20 toneladas de bombas (Ministério da Defesa da Rússia)
Além de forças sírias, outros aliados da Rússia no combate ao EI são o
Irã, que enviou forças terrestres para a região, e o grupo paramilitar
Hezbollah, que em muitos países é considerado outro grupo terrorista.
Reino Unido
A Força Aérea Real (RAF) do Reino Unido também está presente no
combate ao Estado Islâmico no Iraque com uma força de caças-bombardeiro
Tornado lançados de bases no Chipre e Catar. A operação britânica,
chamada Shader, foi iniciada em outubro de 2014 e já conduziu mais de
1.300 missões que mataram cerca de 330 combatentes do EI.
O caça-bombardeiro Tornado ataca o EI no Iraque a partir de bases na Jordânia e Catar (RAF)
O Reino Unido também está empregando pela primeira vez em combate uma
aeronave não tripulada, o drone MQ-9 Reaper. Esse aparelho, controlado
por satélite, pode permanecer voando por até 24 horas sem pausa e lançar
bombas de precisão.
O drone Reaper pode permanecer voando por 24 horas (RAF)
Outros envolvidos
A parte das operações conjuntas e individuais de grandes nações,
outros países próximos da Síria e o Iraque também estão se envolvendo a
sua maneira nos combates contra o Estado Islâmico. É o caso de Marrocos e
Israel.
Desde dezembro de 2014, caças F-16 marroquinos vêm realizando
bombardeiros esporádicos contra posições do EI no Iraque. Já as forças
israelenses estão em alerta constante devido a proximidade da zona de
conflito – os países fazem fronteira.
Israel teme que ações do Estado Islâmico cheguem a sua fronteira (IAF)
O caso de Israel, porém, é ainda mais delicado. O país também mantém
hostilidades com forças nacionais da Síria, antigo rival dos
israelenses, e também contra o Hezbollah. O principal meio de defesa e
ataque do país é o caça F-15.
*Com a colaboração de Andersson Lamarca.