OMS aprova uso de medicamento experimental contra vírus ebola
Do BOL, em São Paulo
"Diante das circunstâncias da epidemia, e sob certas condições, o comitê concluiu que é ético oferecer tratamentos --cuja eficácia ainda não foi demonstrada, assim como os efeitos colaterais-- como potencial terapia ou de caráter preventivo", afirma a nota da OMS divulgada na terça-feira (12).
Até o momento não existe nenhum tratamento licenciado ou vacina contra o vírus.
O uso do medicamento experimental ZMapp em dois americanos infectados com o vírus quando trabalhavam na África provocou um intenso debate ético.
Um padre espanhol pode ter recebido o coquetel em Madri, mas o hospital não confirma a informação --ele morreu no hospital.
O uso do medicamento parece ter apresentado resultados promissores nos norte-americanos, embora não haja estudo científico que confirme a sua eficácia.
A empresa americana Mapp Biopharmaceutical, que produz o coquetel, informou na segunda-feira que enviou seu estoque para o oeste da África.
A quantidade existente da droga, no entanto, é de apenas 12 doses. A composição só foi testada em macacos, e não há evidências de que seja efetiva ou mesmo segura para o organismo humano.
"É provável que o número de doses disponíveis para um estudo mais aprofundado ou para implantação no final de 2014 continuará a ser insuficiente para atender à demanda", disse o comunicado.
O comitê condicionou o uso dos tratamentos a uma "transparência absoluta sobre os cuidados, a um consentimento informado, à liberdade de escolha, à confidencialidade, ao respeito das pessoas, à preservação da dignidade e à implicação das comunidades".
Ainda segundo a OMS, os testes clínicos de duas potenciais vacinas começarão a ser feitos no final de setembro, afirmou a subdiretora-geral da organização, Marie-Paule Kieny. Espera-se ter "informação preliminar, mas suficiente, sobre sua segurança em humanos no fim de ano", segundo a entidade.
EPIDEMIA
A África Ocidental vive o maior surto de ebola desde que a doença foi descoberta, em 1976, com a grande maioria das vítimas registradas em três países: Guiné, Libéria e Serra Leoa.
O número de mortes provocadas pelo vírus ebola superou a barreira de mil, com 1.013 óbitos e 1.848 casos registrados, segundo o balanço da OMS, divulgado nesta terça, que não contabiliza a morte do espanhol.
Entre 7 e 9 de agosto, 11 novos casos e sete mortes foram registrados na Guiné, 45 novos casos e 29 mortes na Libéria, e 13 novos casos e um óbito em Serra Leoa.
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