Na madrugada de domingo para segunda-feira (21), teremos mais
um eclipse total da Lua, o pesadelo mais perturbador dos terraplanistas,
e ele será visível em todo o território nacional. O fenômeno acontece
quando Sol, Terra e Lua se alinham de forma que a sombra terrestre — com
seu simpático formato circular — se projeta sobre o globo lunar.
Eclipses lunares são relativamente comuns, acontecendo em média duas
vezes por ano, mas este em particular merece atenção, por dois motivos. O
primeiro é que ele acontecerá de forma praticamente simultânea ao
perigeu lunar — o ponto de máxima aproximação entre a Lua e a Terra. Nos
últimos anos, uma Lua cheia durante o perigeu começou a ser chamada de
“superlua” — um apelido exagerado, já que ela nem é tão “super” assim.
Mas, por analogia, podemos dizer que teremos um “supereclipse lunar”. Comparação entre uma Lua mais distante e uma “superlua”, em que ela está mais próxima.
E o segundo motivo é que ele será o último total — ou seja, em que a
sombra da Terra chega a cobrir totalmente o disco lunar — até 2021; em
julho deste ano teremos um parcial, em que a sombra terrestre apenas
dará uma “dentada” na Lua, e em 2020 serão quatro “quases” (os chamados
eclipses lunares penumbrais, em que a luminosidade da Lua se reduz por
alguns porcento, mas fica só nisso mesmo). Um novo eclipse total só
acontece em maio de 2021, e mesmo assim com visibilidade apenas parcial
no Brasil. O próximo eclipse lunar total visível no Brasil virá apenas
em maio de 2022. Ou seja, essa será a última oportunidade em pouco mais
de três anos para ver a Lua ficar avermelhada, como ocorre durante os
eclipses lunares totais.
Por sinal, não é difícil entender de onde vem a cor avermelhada.
Durante o eclipse, a única luz solar que chega à superfície lunar é
aquela que passa de raspão pelas bordas da Terra, cruzando nossa
atmosfera, e sofrendo refração, sendo redirecionada para a Lua. Ocorre
que, nessa travessia pela coluna de ar, as cores mais próximas do azul
no arco-íris que compõem a luz visível são absorvidas, e restam apenas
as faixas próximas ao vermelho. E aí a Lua ganha aquela cor de tijolo.
(Pelo mesmíssimo motivo, por sinal, os poentes e nascentes são
avermelhados: com o Sol próximo ao horizonte, a quantidade de ar que a
luz precisa atravessar é maior do que quando o Sol está a pino, e aí só
conseguem chegar até os nossos olhos os tons avermelhados.)
Bem, voltando ao eclipse lunar. O fenômeno inicia sua fase parcial,
em que se pode ver uma gradual “dentada” escura na Lua, à 1h33 da manhã
(no horário brasileiro de verão), e a fase total, em que nosso satélite
natural vira um tijolão começa às 2h41. A Lua passará cerca de uma hora
totalmente encoberta e, às 3h43, a fase total termina, com um eclipse
parcial indo até as 4h50.
O que vem antes de 1h33 e depois de 4h50 são as fases chamadas
penumbrais, em que há apenas uma suave redução da luminosidade solar
total que chega à Lua. É possível medir essa variação com instrumentos
adequados, mas a olho nu é praticamente imperceptível — até porque as
condições atmosféricas terrestres também influenciam o nível de brilho
da Lua, de forma que estamos acostumados a vê-la com diferentes níveis
de luminosidade.
Para observar, você não precisa de nada a não ser os próprios olhos, e
um pouco de sorte para o céu não estar encoberto por nuvens. Claro,
olhar a Lua pelo binóculo ou telescópio é ainda mais bonito — com ou sem
eclipse –, mas eles não são obrigatórios. Aproveite a vista para
começar a semana útil inspirado — ou sonado, se tiver que acordar cedo
no dia seguinte.
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