N° Edição: 2212
| 30.Mar.12 - 21:00
| Atualizado em 31.Mar.12 - 22:16
DEVASTADOR
Pivô do escândalo que levou à queda de Waldomiro Diniz da Casa Civil em 2004,
Carlinhos Cachoeira diz ter em seu poder novos grampos contra políticos
FIM DE LINHA
Flagrado em conversas nada republicanas com o contraventor, o senador Demóstenes
Torres deixou a liderança do DEM no Senado. Constrangido, avalia renunciar ao mandato
O modus operandi de Cachoeira não é novidade. Em 2004, uma dessas
gravações deflagrou o escândalo que levou à queda de Waldomiro Diniz,
ex-assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu. Depois do
escândalo, ele foi para a Argentina, de onde passou a operar. No Brasil,
quem gerenciava o jogo para o bicheiro, num esquema que movimentou R$
170 milhões em seis anos, era seu braço direito Lenine Araújo de Souza.
Cachoeira também contratou arapongas bastante conhecidos em Brasília,
como Jairo Martins, o sargento Dadá e o ex-delegado Onésimo de Souza.
Consta do inquérito da PF que pelo menos 43 agentes públicos serviam a
Cachoeira.“Quem detém informação tem o poder”, dizia o bicheiro. Antes
de ser preso, ele recebia mensalmente gravações e um relatório dos
monitoramentos dos alvos e dava novas diretrizes de ação, inclusive a
elaboração de perfis de autoridades de interesse. Boa parte disso está
guardada em seu QG, a chácara em Anápolis. Este mês, dois novos vídeos
circularam na imprensa. Neles, o bicheiro conversa com o deputado
federal Rubens Otoni (PT- GO) sobre pagamentos para a campanha do
petista. Até agora, Otoni não se explicou. A divulgação da conversa com
Otoni, porém, foi uma pequena amostra do poder do bicheiro. Apenas um
dos vários recados que ele enviou a Brasília desde que foi preso em
fevereiro. Pessoas próximas a Cachoeira dizem que ele ainda tem muita
munição. As mensagens foram captadas pela cúpula petista, que acionou o
ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos. Ele reuniu-se com a mulher
de Cachoeira, Andressa, no último dia 21, e pediu que convencesse o
marido a se controlar, com a promessa de que conseguiria retirá-lo da
cadeia em breve. Andressa voou para Mossoró e deu o recado de Thomaz
Bastos ao bicheiro. Desde então, ele silenciou à espera do habeas
corpus.
Ao mesmo tempo, porém, Carlinhos Cachoeira mandou espalhar que possui gravações contra políticos de um amplo espectro partidário. É o caso, por exemplo, dos integrantes da chamada bancada do jogo que defendia a regularização dos bingos no País. Além do deputado goiano Jovair Arantes (PTB), arrolado no inquérito da Operação Monte Carlo, mantinham contatos frequentes com Cachoeira os deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Lincoln Portela (PR-MG), Sandro Mabel (PR-GO), João Campos (PSDB-GO) e Darcísio Perondi (PMDB-RS). Todos têm mantido silêncio absoluto sobre a prisão de Cachoeira.
ALVOS
Segundo a PF, Cachoeira teria alimentado campanhas do governador
de Goiás, Marconi Perillo (acima), e do deputado petista Rubens Otoni (abaixo)
A lei do silêncio foi seguida também pelo senador Demóstenes, que,
além de presentes, teria recebido pelo menos R$ 1 milhão do esquema do
bicheiro. Para investigar essas e outras, Demóstenes teve seu sigilo
bancário quebrado pelo STF na quinta-feira 29. Outro que em breve terá
de se explicar é o governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo.
Segundo o inquérito da PF, Cachoeira indicava pessoas para cargos de
confiança no governo Perillo. A PF suspeita ainda que o dinheiro
repassado por Cachoeira às campanhas de vários políticos viria não só da
contravenção, mas de contratos entregues a empreiteiras para quem o
bicheiro serviu de intermediário.
Quem tem medo de cachoeira
Bicheiro preso pela PF ameaça empresários e políticos com material explosivo. Gravações estariam escondidas numa chácara em Anápolis
Claudio Dantas SequeiraDEVASTADOR
Pivô do escândalo que levou à queda de Waldomiro Diniz da Casa Civil em 2004,
Carlinhos Cachoeira diz ter em seu poder novos grampos contra políticos
Nas últimas semanas, a revelação das
conexões do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com
políticos, empresários e policiais estremeceu a capital federal. O
arsenal de informações contidas no inquérito da Operação Monte Carlo foi
tão devastador que conseguiu silenciar uma das principais vozes da
oposição, o senador Demóstenes Torres (DEM/GO). O parlamentar, porém,
pode não ser o único a cair em desgraça sob a acusação de manter
ligações perigosas com o contraventor. Para tentar entender por que
Cachoeira atemoriza tanta gente, mesmo isolado numa pequena cela do
presídio federal de Mossoró, Rio Grande do Norte, ISTOÉ ouviu pessoas
ligadas a ele. Os relatos dão conta de um esquema milionário que
abasteceu o caixa 2 de diferentes partidos. Os pagamentos eram acertados
pelo próprio Cachoeira com os arrecadadores de campanha. E o que mais
provoca temor em seus interlocutores e comparsas: a maioria dessas
negociatas foi devidamente registrada pelo empresário da jogatina.
Em pouco mais de uma década, o bicheiro acumulou um vasto e explosivo acervo de áudio e vídeo capaz de comprometer muita gente graúda. Na operação de busca e apreensão na casa de Cachoeira no início do mês, a PF encontrou dentro de um cofre cinco CDs avulsos.
No entanto, outra parte do material – ainda mais explosivo – estava escondida em outro lugar, uma chácara em Anápolis (GO). O local sempre serviu como espécie de quartel-general para reuniões do clã Cachoeira, além de esconderijo perfeito para seu acervo de gravações. Conforme apurou ISTOÉ, nos vídeos que ainda estão em poder de Cachoeira não constam apenas reuniões políticas ou pagamentos de propina. Lá há registros de festinhas patrocinadas por ele com a presença de empresários e políticos. Uma artilharia capaz de constranger o mais desinibido dos parlamentares.
Em pouco mais de uma década, o bicheiro acumulou um vasto e explosivo acervo de áudio e vídeo capaz de comprometer muita gente graúda. Na operação de busca e apreensão na casa de Cachoeira no início do mês, a PF encontrou dentro de um cofre cinco CDs avulsos.
No entanto, outra parte do material – ainda mais explosivo – estava escondida em outro lugar, uma chácara em Anápolis (GO). O local sempre serviu como espécie de quartel-general para reuniões do clã Cachoeira, além de esconderijo perfeito para seu acervo de gravações. Conforme apurou ISTOÉ, nos vídeos que ainda estão em poder de Cachoeira não constam apenas reuniões políticas ou pagamentos de propina. Lá há registros de festinhas patrocinadas por ele com a presença de empresários e políticos. Uma artilharia capaz de constranger o mais desinibido dos parlamentares.
FIM DE LINHA
Flagrado em conversas nada republicanas com o contraventor, o senador Demóstenes
Torres deixou a liderança do DEM no Senado. Constrangido, avalia renunciar ao mandato
Ao mesmo tempo, porém, Carlinhos Cachoeira mandou espalhar que possui gravações contra políticos de um amplo espectro partidário. É o caso, por exemplo, dos integrantes da chamada bancada do jogo que defendia a regularização dos bingos no País. Além do deputado goiano Jovair Arantes (PTB), arrolado no inquérito da Operação Monte Carlo, mantinham contatos frequentes com Cachoeira os deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Lincoln Portela (PR-MG), Sandro Mabel (PR-GO), João Campos (PSDB-GO) e Darcísio Perondi (PMDB-RS). Todos têm mantido silêncio absoluto sobre a prisão de Cachoeira.
ALVOS
Segundo a PF, Cachoeira teria alimentado campanhas do governador
de Goiás, Marconi Perillo (acima), e do deputado petista Rubens Otoni (abaixo)
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