Para: Jornalistas em Geral / Toda a Imprensa Brasileira
Senhores Jornalistas:
Partindo do princípio que o objetivo de todo jornalista ético e sensato
é o de informar bem, com coerência, honestidade, dignidade e imparcialidade,
preocupando-se sempre com o indispensável conhecimento da causa que leva a
reportar, venho apresentar-lhes uma contribuição em cima de um assunto que
muitos profissionais do jornalismo, embora bem intencionados, terminam
cometendo equívocos lamentáveis, por uma inexplicável ignorância que compromete
os seus nomes bem como o dos veículos por onde vinculam as suas matérias ou
reportagens.
Falo com respeito ao assunto Espiritismo, tema este que invariavelmente
é visto apenas no campo religioso, o que na verdade não é, e sobretudo, o que é
mais lamentável, sempre enfocado com afirmativas de conceitos absurdos,
oriundos do “achismo” e também de uma cultura criada na cabeça das pessoas,
pela intolerância e a desonestidade religiosa.
Não objetivo aqui defender crença ou fé nenhuma, porque não é isto que
está em questão. Só quero mesmo prestar contribuição ao gigantesco segmento
honesto do jornalismo acerca de uma coisa, como ela realmente é, para que ele
esteja melhor informado, sem a menor pretensão de querer fazer com que nenhum
profissional o aceite, concorde com os seus postulados e, muito menos, se
converta.
Vamos aos assuntos:
Espiritismo
não é igreja
Em princípio corrijam a conceituação inicial: Espiritismo não é
simplesmente religião. Ele não veio ao mundo com objetivo nenhum de ser
religião. Trata-se de uma doutrina filosófica, com base calcada na
racionalidade, na lógica e na razão, apenas com conseqüências religiosas, haja
vista que os seus adeptos ficam livres da submissão a qualquer religião, por
não serem obrigados a coisa nenhuma e nem serem proibidos de nada. Há centros
espíritas que se portam como se fossem igrejas, mas isto é produto da concepção
equivocada dos seus dirigentes, que ainda sentem a necessidade da rezação, em
que pese o Espiritismo ser algo muito acima disto.
Não
existe “Kardecismo”, existe “Espiritismo”
O jornalista equivocado costuma utilizar-se da expressão “kardecismo”,
para identificar algo que ele imagina ser uma “ramificação” do Espiritismo,
achando que Espiritismo é um “montão de coisas” que existe por aí, quando na
realidade não é.
A palavra “Espiritismo” foi criada, ou inventada, como queiram,
pelo senhor Allan Kardec, exclusivamente, para denominar a doutrina nova que
foi trazida ao mundo, por iniciativa de Espíritos, e que tem os seus postulados
próprios.
Portanto, qualquer crença ou prática religiosa que utiliza-se da
denominação “Espiritismo”, fora desta que se enquadre nos seus postulados, está
utilizando-se indevidamente de uma denominação, mergulhando no campo da fraude.
Daí a verdade que o nome disto que vocês chamam de “kardecismo”,
verdadeiramente é “Espiritismo”.
Apenas para clarear o campo de conhecimento dos que ainda têm dúvidas,
em achar que Candomblé, Cartomancia, Necromancia, Umbanda e outras práticas
espiritualistas é Espiritismo, vai aqui uma pequena tabela, exemplificando
algumas práticas de alguns segmentos, para apreciação daqueles que consideram
relevante o uso da inteligência e do bom senso, a fim de um discernimento mais
coerente e responsável.
Veja quem adota e quem não adota o quê.
|
Procedimento, prática ou ritual
|
Umbanda
|
Catolicismo
|
Espiritismo
|
1
|
Uso de altares
|
Sim
|
Sim
|
Não
|
2
|
Uso de imagens
|
Sim
|
Sim
|
Não
|
3
|
Uso de velas
|
Sim
|
Sim
|
Não
|
4
|
Uso de incensos e
defumações
|
Sim
|
Sim
|
Não
|
5
|
Vestimentas e
paramentos especiais (sejam médiuns ou não)
|
Sim
|
Sim
|
Não
|
6
|
Obrigações aos
seus praticantes
|
Sim
|
Sim
|
Não
|
7
|
Proibições aos
seus praticantes
|
Sim
|
Sim
|
Não
|
8
|
Ajoelhar-se,
sentar-se e levantar-se em seus cultos
|
Sim
|
Sim
|
Não
|
9
|
Bebidas
alcoólicas em seus cultos
|
Sim
|
Sim
|
Não
|
10
|
Sacerdócio
organizado
|
Sim
|
Sim
|
Não
|
11
|
Sacramentos
|
Sim
|
Sim
|
Não
|
12
|
Casamento
religioso e batizados
|
Sim
|
Sim
|
Não
|
13
|
Amuletos, patuás,
escapulários e penduricalhos
|
Sim
|
Sim
|
Não
|
14
|
Hinos e
cantarolas nos cultos
|
Sim
|
Sim
|
Não
|
15
|
Crença na
existência de satanás
|
Sim
|
Sim
|
Não
|
Como pode, então, um profissional que tem a obrigação de estar bem
informado, poder afirmar que Espiritismo e Umbanda são a mesma coisa? Não seria
mais coerente dizer que tem mais semelhanças da Umbanda com o Catolicismo,
embora não seja também a mesma coisa?
O espírita não tem a menor pretensão de diminuir ou desvalorizar o
adepto da Umbanda que, por sua vez, tem também a sua denominação própria que é
Umbanda, e não Espiritismo, apenas quer deixar claro que Espiritismo é
Espiritismo e Umbanda é Umbanda, assim como Catolicismo é Catolicismo,
Protestantismo é Protestantismo.
A afirmativa que alguns fazem, em dizer que tudo é a mesma coisa, com a
diferença de que na Umbanda se reúnem negros e pobres e no tal “Kardecismo” se
reúnem o que chamam de elites, é extremamente leviana, desonesta e
irresponsável. O Espiritismo não faz qualquer discriminação de raças, cor ou
padrão social, já que em seu movimento existem inúmeros negros, mulatos,
brancos e de todas as etnias.
Allan
Kardec não inventou o Espiritismo
Allan Kardec não inventou, ou criou, Espiritismo nenhum. A proposta veio
de Espíritos, através de manifestações espontâneas, consideradas como
fenômenos, na época, e ele, que nada tinha a ver com aquilo, foi convidado por
alguns amigos para examinar e analisar os tais fenômenos, em suas casas,
oportunidade em que foi convidado, pelos Espíritos, pela sua condição de pedagogo
e educador criterioso, a organizar aqueles ensinamentos em livros e
disponibilizar para a humanidade.
Ele foi tão honesto e consciente de que a obra não era de sua autoria,
que evitou colocar o seu nome famoso na Europa antiga (Denizard Rivail) como
autor dos livros e preferiu utilizar-se de um pseudônimo. É bom que se saiba
que o tal professor Rivail era autor famoso de livros didáticos e que tudo o
que aparecia com seu nome vendia muito, não apenas na França como em toda a
Europa.
Atentem para o detalhe: Os Espíritos optaram por um pedagogo, um
professor, e não por um padre, um religioso, o que nos convida a entender que o
Espiritismo é escola e não igreja.
Sobre
a reencarnação
Não é patrimônio exclusivo do Espiritismo e não foi inventada pelo
Espiritismo, posto que é algo conhecido pela maior parte da humanidade, por
milênios, muito antes do Espiritismo, que tem apenas 151 anos de idade.
O espírita, depois de estudar a reencarnação, não crê na reencarnação,
ele passa a SABER a reencarnação, o que é diferente. Exemplificando: Você crê
que a Lua existe ou você sabe que ela existe? Afinal, você pode vê-la e
comprovar, inclusive cientificamente? É isto aí.
Portanto a afirmativa de que os espíritas crêem na reencarnação é
infantil e sem sentido.
Sobre
a mediunidade
Também não é patrimônio exclusivo e nem foi inventada pelo Espiritismo.
É uma faculdade humana normal e independe de crença religiosa, já que a pessoa
pode possuí-la, com maior ou menor intensidade, acredite ou não. O Espiritismo
apenas se dispõe a estudá-la, educar e disciplinar as pessoas que a possuem,
para que o seu uso possa ser benéfico a elas e aos outros, absolutamente dentro
dos elementares padrões de moralidade. Segundo os postulados espíritas ela não
deve ser comercializada, nunca, e deve ser utilizada gratuitamente; todavia é
praticada comercialmente em alguns lugares do mundo, por pessoas que são
médiuns, inclusive honestas, mas nada sabem sobre Espiritismo, numa comprovação
de que ela existe fora do meio espírita.
Qualquer afirmativa do tipo que “alguém tem mediunidade e
precisa desenvolver” é vinda de pessoas inconseqüentes, mesmo algumas
que se auto rotulam espíritas, posto que o Espiritismo propõe que a faculdade
deve ser educada e não desenvolvida.
Sobre
o caráter do centro espírita
É um local que deve atuar como escola e não como igreja. A
sua proposta é de estudos, sobretudo da matéria que trata da reforma íntima das
pessoas, dando ciência do papel de cada um de nós na terra, da nossa razão de
existir enquanto criaturas úteis ao nosso próximo, esclarecimento da nossa
condição espiritual no presente e no futuro e, principalmente, a nossa conduta
moral.
Recomenda a prática da Caridade, sim, mas de forma ampla no sentido de
orientar e informar aos outros sobre os meios de libertações dos conflitos, das
amarguras, das incompreensões e do sofrimento em si e não esse entendimento
estreito de que Caridade se resume apenas a dar prato de sopa ou roupas usadas
para pobres, para qualificar o doador como bonzinho.
Adota Jesus, sim, inclusive como o maior modelo e guia que temos para
seguir, concebendo o seu Evangelho como a bula coerente a nos conduzir, e não
como sendo ele o próprio Deus.
Enfim. O centro espírita é um local de estudo e não de rezação.
Sobre
quem é reencarnação de quem
Recentemente vimos um jornalista afirmar, nas páginas da VEJA, que os
espíritas juram que Fulano é reencarnação de Cicrano, o que se constitui em um
absurdo. Em princípio espírita não adota jura nenhuma. Segundo, que não consta
da atividade espírita a preocupação de quem é reencarnação de quem, uma vez que
esta discussão é irrelevante, não tem razão nenhuma, não acrescenta
absolutamente nada na proposta espírita para a criatura humana, em que pese alguns
espíritas, apenas alguns, (nem todos entendem bem a proposta da
doutrina) se ocuparem com esse tipo de discussão.
Falar em quem é ou talvez possa ser reencarnação de quem, é conversa
amena de momentos de descontração de espíritas, apenas em nível de curiosidade
ou especulação, jamais tema de estudo sério da casa espírita.
Ainda que possa existir, em alguns locais de estudos mais profundos e
pesquisas espíritas, interesses em trabalhar as questões da reencarnação, os
estudiosos apenas sugerem que fulano possa ser a reencarnação de alguém,
mas nunca afirmam, apesar de evidências marcantes e inquestionáveis, quando a
condução da pesquisa é séria e criteriosa.
Quem anda dizendo que é a reencarnação de reis, de rainhas e de
personagens poderosas do passado não são os espíritas, são apenas alguns
tolos auto-sugestionados, sem consciência do que falam.
Apologia
ao sofrimento
Matérias de revistas e jornais, dentro deste equívoco que nos referimos,
chegaram a afirmar, diversas vezes, que o Espiritismo ensina as pessoas a serem
acomodadas em relação ao sofrimento e até chegarem a dizer que o sofrimento é
bom.
Não condiz com o coerente ensinamento do Espiritismo. Se algum espírita
chega a dizer isto, certamente é vítima do masoquismo e, provavelmente,
deve praticar um ritual em sua casa, quando, talvez uma vez por semana, colocar
a mão sobre uma mesa e dar uma martelada em seu dedo.
Sofrimento não é condição fundamental para a evolução de ninguém, embora
entendemos que, ao passar por ele, muitas pessoas terminam acordando para a
realidade da vida e mudando de conduta, sobretudo no campo do orgulho, do
egoísmo e da presunção.
Mesa
branca
Não existe espiritismo mesa branca, alto espiritismo, baixo espiritismo
ou qualquer ramificação do Espiritismo, que é um só. O hábito de forrar mesas
com toalhas de cor branca, na maioria dos centros espíritas, nada mais é que um
hábito de alguns espíritas, de certa forma até equivocados também, uns talvez
achando que a cor branca da toalha ou das roupas das pessoas tem algum
significado virtuoso, quando na verdade não existe esta orientação no Espiritismo.
Muito pelo contrário, seria preferível utilizar toalhas (por que tem sempre
que ter toalhas nas mesas?) de outras cores, posto que tecidos em cor
branca tem maior facilidade de sujar.
Portanto a citação de “espiritismo mesa branca” é mais uma expressão da
ignorância popular, o que não se admite nos jornalistas.
Terapia
de vidas passadas
Não é procedimento espírita, em que pese ser recomendável em alguns
casos, porém em consultórios de profissionais especializados, geralmente
psicólogos ou médicos. É fato, existe, é comprovado, tem resultados
cientificamente respaldados, mas não é prática espírita.
Cromoterapia,
piramidologia etc…
Se alguém usa uma dessas práticas no espaço físico de uma casa espírita,
é por pura deliberação da direção da casa, que se considera livre para fazer o
que quiser, até mesmo dar aulas de arte culinária, corte e costura, curso de
inglês, informática ou o que quiser, que são atividades úteis, sem dúvidas. Mas
não tem a ver diretamente com o Espiritismo.
Sucessor
de Chico Xavier
Isto nunca existiu no Espiritismo, em que pese vários jornalistas terem
colocado em matérias diversas, quando o Chico Xavier “morreu”, e ainda repetem,
talvez querendo estabelecer alguma comparação do Espiritismo (que vêem
apenas como religião) com a Igreja Católica, que tem sucessores dos papas,
quando morrem. Chico Xavier nunca foi uma espécie de papa, de cardeal ou de
qualquer autoridade eclesiástica dentro do movimento espírita.
Divaldo Pereira Franco nunca foi sucessor do Chico, nunca teve essa pretensão,
ninguém no movimento espírita fala nisto, que é coisa apenas de páginas de
revistas desinformadas sobre o que verdadeiramente é o Espiritismo.
A
sua relação com a Ciência
Faz parte da formação espírita a seguinte recomendação: “Se algum dia a Ciência comprovar que o Espiritismo
está errado em algum ponto, cumpre aos espíritas abandonarem imediatamente o
ponto equivocado e seguirem a orientação da Ciência”.
Mas isto não quer dizer que o que afirma determinadas criaturas, como o
padre Quevedo, que se apresenta presunçosamente como cientista, deva ser
entendido como Ciência, já que ele não é unanimidade e nem ao menos aceito pela
maioria dos cientistas coisa nenhuma. Ele é padre, nada mais do que padre, com
um tipo de postura que não é aceita nem pela maioria do seio católico, quanto
mais pelo científico.
Não é à pseudo-ciência ou a opiniões pessoais de um ou outro elemento,
que se diz de Ciência, que o Espiritismo se submete, com esta recomendação, é a
Ciência, como um todo, em descobertas inquestionáveis.
Até agora a Ciência não conseguiu apontar e muito menos comprovar erro
em um ensinamento espírita, sequer.
Se alguém exige, por exemplo, querer provas por parte dos que
afirmam que existe vida fora da Terra, por questão de bom senso deve ter também
provas de que não existe. Será que tem?
Medicina
e Espiritualidade
Alguns médicos, tradicionalmente,
sempre afirmaram que os problemas de saúde das pessoas nada tem a ver com
problemas espirituais, porque estes se resumem a crendices. Hoje existe um
curso de “Medicina e Espiritualidade”, oficial, dentro da USP
(Universidade de São Paulo), a maior Universidade do País, onde são estudados
estes questionamentos que alguns continuam a dizer que são crendices. Em nível
de informação, sugerimos que os jornalistas se interessem em reportar sobre
este assunto, sem que vá aqui a menor intenção de querer converter ninguém. Não
se trata de questão religiosa, trata-se de questão científica. Para melhor
informação, as aulas deste curso podem ser vistas no site: www.redevisao.net. O telefone da Pineal Mind, onde são ministradas as aulas, é (11)
3209-5531 e o e-mail é faleconosco@uniespírito.com.br onde poderão ser obtidas maiores informações sobre o curso. Toda
sexta-feira, às 19 horas, tem aula ao vivo, pelo site, numa webtv.
Diante de todo o exposto sugerimos
que os grandes veículos de comunicação de massa, obviamente comprometidos com a
credibilidade dos seus nomes, repassem estes esclarecimentos aos seus
profissionais de jornalismo, não necessariamente para que eles sejam simpáticos
à idéia espírita, já que ninguém é obrigado a aceitar coisa nenhuma, mas para,
pelo menos, não comprometerem as suas honorabilidades dizendo mentiras,
leviandades e até se expondo ao ridículo reportando sobre um assunto que não
entendem.
Abração.
Alamar Régis
Carvalho
Analista de Sistemas
José Paulo
Chinelate
Cruzada dos Militares Espiritas -
Núcleo Manaus
Alamar Régis
Carvalho
Analista de Sistemas
José Paulo
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