ISTOÉ Online
| 09.Jul.13 - 11:35
| Atualizado em 09.Jul.13 - 15:15
Pesquisa Ibope divulgada nesta segunda-feira, 8, pela Transparência
Internacional, apura que 81% dos brasileiros consideram os partidos
políticos "corruptos ou muito corruptos", Isso quer dizer que quatro de
cada cinco pessoas põem em xeque a base da representação política no
País. Os números do levantamento concluído em março traduzem uma
insatisfação que ficou explícita três meses depois, com a série de
manifestações que se alastraram pelas cidades brasileiras.
Se comparados à percepção de moradores de outras áreas do globo, fica claro que os brasileiros estão mesmo descontentes. Na média dos 107 países que participaram da pesquisa organizada pela organização não governamental, algo em torno de 65% dizem que os partidos são "corruptos ou muito corruptos". A mesma pesquisa - feita em 2010 pela Transparência Internacional - mostra que, no Brasil, a situação se agravou: três anos atrás, o índice de descontentamento sobre o tema era de 74%.
Os dados nacionais sobre percepção de corrupção - obtidos após entrevistas com 2.002 pessoas - mostram também que, depois dos partidos, o Congresso é a segunda instituição mais desacreditada. Cerca de 72% da população o classificam como "corrupto ou muito corrupto". Na média mundial - foram 114 mil entrevistas -, o índice é de 57%.
A pesquisa ainda perguntou se os entrevistados consideravam eficientes as medidas dos governos contra a corrupção: 56% dos brasileiros disseram que não; 54% da média mundial também. "O desprestígio dos partidos e dos políticos é muito grande, disse Alejandro Salas, um dos autores do informe da Transparência Internacional. "O resultado é triste. Os partidos políticos são pilares da democracia", disse.
Na avaliação de Salas, o que tem sido positivo no Brasil é que as pessoas que saíram às ruas para se manifestar fizeram uma ligação direta da corrupção na classe política ao fato de não haver serviços públicos adequados. "As pessoas fizeram a relação direta entre a corrupção e a qualidade de vida que têm", disse. "Para muitos, o mais dramático é que o Brasil cresceu nos últimos anos. Mas as pessoas perceberam que os benefícios não foram compartilhados e que parte disso ocorreu por conta da corrupção."
Caixa-preta
Segundo o autor do informe, os indicadores mostram que os brasileiros estão cansados de não saber como o poder é administrado, quem paga por ele, quem recebe e quem se beneficia. "Os partidos são como caixas pretas e, para mudar essa percepção, uma reforma importante será dar mais transparência ao financiamento dos partidos."
Ainda segundo a avaliação de Salas, que é diretor regional da ONG para as Américas, as manifestações nas ruas no Brasil colocaram "uma pressão enorme" sobre os políticos. "Depois das manifestações no Brasil, se os partidos não mudarem, vão acabar de se afundar", afirmou. O representante da TI alerta também para a possível aparição e fortalecimento de líderes carismáticos por causa do descrédito dos partidos políticos. Conclui, porém, que o resultado das manifestações de junho é positivo. "O que ocorreu dá esperança."
Mais de 80% dos brasileiros tacham partidos como "corruptos"
Índice é superior à média de 65% registrada no resto do mundo
AESe comparados à percepção de moradores de outras áreas do globo, fica claro que os brasileiros estão mesmo descontentes. Na média dos 107 países que participaram da pesquisa organizada pela organização não governamental, algo em torno de 65% dizem que os partidos são "corruptos ou muito corruptos". A mesma pesquisa - feita em 2010 pela Transparência Internacional - mostra que, no Brasil, a situação se agravou: três anos atrás, o índice de descontentamento sobre o tema era de 74%.
Os dados nacionais sobre percepção de corrupção - obtidos após entrevistas com 2.002 pessoas - mostram também que, depois dos partidos, o Congresso é a segunda instituição mais desacreditada. Cerca de 72% da população o classificam como "corrupto ou muito corrupto". Na média mundial - foram 114 mil entrevistas -, o índice é de 57%.
A pesquisa ainda perguntou se os entrevistados consideravam eficientes as medidas dos governos contra a corrupção: 56% dos brasileiros disseram que não; 54% da média mundial também. "O desprestígio dos partidos e dos políticos é muito grande, disse Alejandro Salas, um dos autores do informe da Transparência Internacional. "O resultado é triste. Os partidos políticos são pilares da democracia", disse.
Na avaliação de Salas, o que tem sido positivo no Brasil é que as pessoas que saíram às ruas para se manifestar fizeram uma ligação direta da corrupção na classe política ao fato de não haver serviços públicos adequados. "As pessoas fizeram a relação direta entre a corrupção e a qualidade de vida que têm", disse. "Para muitos, o mais dramático é que o Brasil cresceu nos últimos anos. Mas as pessoas perceberam que os benefícios não foram compartilhados e que parte disso ocorreu por conta da corrupção."
Caixa-preta
Segundo o autor do informe, os indicadores mostram que os brasileiros estão cansados de não saber como o poder é administrado, quem paga por ele, quem recebe e quem se beneficia. "Os partidos são como caixas pretas e, para mudar essa percepção, uma reforma importante será dar mais transparência ao financiamento dos partidos."
Ainda segundo a avaliação de Salas, que é diretor regional da ONG para as Américas, as manifestações nas ruas no Brasil colocaram "uma pressão enorme" sobre os políticos. "Depois das manifestações no Brasil, se os partidos não mudarem, vão acabar de se afundar", afirmou. O representante da TI alerta também para a possível aparição e fortalecimento de líderes carismáticos por causa do descrédito dos partidos políticos. Conclui, porém, que o resultado das manifestações de junho é positivo. "O que ocorreu dá esperança."
Os dados mostram que, no Brasil, 81% dos entrevistados disseram que
podem fazer a diferença no combate à corrupção. Na médias dos países
envolvidos na pesquisa, o índice é de 65%. Numa escala de 1 a 5, onde
cinco é o grau máximo de corrupção, o setor público brasileiro atingiu
nota 4,6. "A taxa é mais elevada que no resto da América Latina",
afirmou Salas.
Cerca de 70% dos entrevistados no Brasil acreditam que a corrupção
no setor público é "muito séria", contra uma média mundial de apenas
50%.
Em torno de 77% dos brasileiros admitem que ter "contatos" na
máquina publica é "importante" para garantir um atendimento. A percepção
em relação ao setor privado se inverte. No Brasil, apenas 35% das
pessoas acham que as empresas são "corruptas ou muito corruptas". Fora
do País, a média é superior: 45%.
Disposição
Outra constatação da Transparência Internacional é que, no Brasil, a
proporção de pessoas disposta a denunciar a corrupção é mais baixa que a
média mundial: 68% diante de 80%. 44% dos entrevistados disseram que
não denunciam por medo, enquanto outros 42% alertam que suas ações não
teriam qualquer resultado. "Se o governo estiver sendo sincero de que
quer combater a corrupção, precisa criar mecanismos que permitam a
denúncia e que protejam as pessoas", disse Salas.
Entre os que aceitam fazer a denúncia, a maioria revela que para tal usaria os jornais, e não os órgãos oficiais do governo.
Um a cada quatro entrevistados no Brasil admitiu que pagou propinas
nos últimos dez meses para ter acesso a um serviço público. "O
pagamento de propinas continua muito alto. Mas as pessoas acreditam que
têm o poder para parar isso", disse Huguette Labelle, presidente da
Transparência Internacional. Para ela, os políticos devem dar o exemplo,
tornando públicos a sua renda e os ativos de família.
Outras instituições
Depois dos partidos e do Congresso, a polícia aparece na pesquisa
como a instituição mais desacreditada. Cerca de 70% dos brasileiros a
classificam como "corrupta ou muito corrupta". No resto do mundo, o
índice é de 60%.
O Judiciário, entre os brasileiros, tem mais crédito do que entre a
população dos outros países. Aqui 50% apontam a instituição como
"corrupta ou muito corrupta". Fora, o índice é de 56%. As Forças Armadas
aparecem com índice baixo de percepção de corrupção. No Brasil é de 30%
e na média dos outros países da pesquisa da Transparência
Internacional, 34%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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