quinta-feira, 25 de março de 2010

Cuidado voce esta preparado

Não pode ser coincidência
Ver um gato preto desperta uma sensação desagradável em muita gente; estudos mostram por que a crença no sobrenatural é tão enraizada: supor associações, inclusive onde elas não existem, pode ter suas vantagens
por Thomas Grüter
© steve dininno/stock illustration source/getty images
Para muitas crianças costuma parecer estranho que pessoas não "caiam" da Terra, já que o planeta é redondo
[continuação]

Resultado: os sujeitos supersticiosos tendiam a atribuir características ou pensamentos espirituais a fenômenos puramente psíquicos. Além disso, presumiam com mais frequência uma intenção em acontecimentos totalmente casuais. Nesses casos, confiavam mais na sua sensação e menos na lógica analítica do que os céticos. Segundo Lindeman e Aarnio, a essência da superstição poderia então consistir em que as pessoas confundam características fundamentais de objetos mentais, físicos e biológicos. Mas como crenças também se alimentam da experiência, a superstição poderia também estar associada às vivências que acumulamos desde nossos primeiros anos de vida.

Os psicólogos Paul Bloom e Deena Weisberg da Universidade de Yale em New Haven, Connecticut, resumiram, em um trabalho de 2007, como a intuição da primeira infância poderia bloquear a compreensão de explicações científicas até a idade adulta. Logo nos primeiros anos de vida, desenvolvemos uma série de ideias sobre o funcionamento do mundo e sobre o comportamento de nossos semelhantes. Crianças muito pequenas já sabem, por exemplo, que as coisas continuam existindo mesmo quando desaparecem de seu campo de visão. Às vezes esses saberes, porém, colidem com os conhecimentos científicos. Por exemplo: as crianças têm consciência de que os objetos caem no chão quando os soltamos, e portanto lhes parece estranho que a Terra possa ser uma esfera. Afinal, as pessoas do outro lado do globo deveriam perder o equilíbrio.

Crianças de 4 anos, por sua vez, procuram em todas as coisas um objetivo – elas perguntam sempre “por que” e “para quê”. Por isso, têm dificuldade de compreender um desenvolvimento evolucionário com base em tentativa e erro. Como concluíram Bloom e Weisberg, as ideias não científicas se mantêm mais provavelmente até a idade adulta quando duas condições são preenchidas: as ideias precisam ser intuitivamente compreensíveis e ter origem em fontes confiáveis. Os autores concluem, com isso, que ideias pseudocientíficas, como o criacionismo, se manterão enquanto autoridades políticas e religiosas as apoiarem

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