Europa
Barroso: 'Crise da dívida é maior desafio da história da UE'
Presidente da Comissão Europeia adverte para a necessidade urgente de solucionar o atual vendaval financeiro, sob pena de fragmentação do bloco
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, em discurso ao Parlamento Europeu
(Patrick Hertzog / AFP)
"Estamos em um momento crucial na história. Se não avançarmos rumo a
uma maior unificação, integração, então estaremos mais fragmentados"
José Manuel Durão Barroso
José Manuel Durão Barroso
Falando ao Parlamento Europeu, Barroso afirmou que a UE pode e deve solucionar essa grave crise. "Estamos enfrentando hoje o maior desafio da história de nossa união", discursou. "A situação é séria, mas temos os instrumentos para resolvê-la", assegurou Barroso, para quem os países devem trabalhar em prol de uma "renovação europeia" baseada na estabilidade, disciplina fiscal, responsabilidade, crescimento e solidariedade.
"Estamos em um momento crucial na história. Se não avançarmos rumo a uma maior unificação, integração, então estaremos mais fragmentados", advertiu. Ele ainda fez questão de garantir que a Grécia seguirá como país-membro da Eurozona. Ainda segundo ele, os demais 16 membros do bloco seguirão proporcionando ajuda aos países em dificuldade sempre que estes cumprirem seus compromissos sob os programas de ajustes e reformas estipulados.
A Grécia está à espera de poder receber o próximo lance de ajuda externa de 8 bilhões de euros, mas ainda aguarda a chegada dos supervisores de Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu para completar a quinta revisão do cumprimento do plano grego.
O Eurogrupo, que se reunirá em 3 de outubro em Luxemburgo, não decidirá sobre o desembolso do próximo lance de ajuda. Neste contexto, Barroso assegurou que solucionar o problema grego "não é uma corrida, mas um maratona".
"Durante os três últimos anos, os estados membros concederam ajudas e garantias ao setor financeiro de 4,6 trilhões de euros. É hora de o setor financeiro dar sua contribuição à sociedade", disse Barroso, durante discurso sobre o Estado da União no Parlamento Europeu, em Estrasburgo.
Nova taxa - Também nesta quarta, a Comissão Europeia aprovou uma proposta de taxação sobre as transações financeiras, que deve render 55 bilhões de euros por ano aos países do bloco. "Vivemos acima de nossas possibilidades, permitimos que os mercados sejam insustentáveis, seu comportamento inaceitável e desequilíbrios macroeconômicos entre os estados-membros", indicou Barroso.
A taxa, que entrará em vigor a partir de 2014, vai cobrar entre 0,01% e 0,1% por operação e pode representar um total de 30 bilhões de euros a 50 bilhões de euros por ano para os países-membros - o que seria uma forma de fazer os bancos pagarem pela crise.
Divergências - A proposta tem origem em um pedido feito por carta aberta à Comissão Europeia, assinada pelos ministros de Finanças da França, François Baroin, e da Alemanha, Wolfgang Schäuble. Os detalhes da proposta só devem ser conhecidos amanhã, mas o mais provável é que as alíquotas se situem entre 0,1% para ações e 0,01% para produtos derivados. "Será uma taxa sobre as transações financeiras economicamente suportável e politicamente justa", afirmou o comissário europeu de mercados, Michel Barnier.
Há pelo menos três anos Alemanha e França debatem nos fóruns internacionais, como o G-20, a adoção de um imposto sobre transações financeiras. Cansados de esperar, o presidente Nicolas Sarkozy e a chanceler Angela Merkel fecharam acordo sobre o tema. A Grã-Bretanha, contrário à medida, deve ficar de fora.
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