N° Edição: 2222
| 07.Jun.12 - 19:00
| Atualizado em 11.Jun.12 - 10:14
NO CLIMA DA RIO+20
Enquanto manifestantes protestam para marcar o Dia do Meio Ambiente,
no Riocentro tendas são erguidas para a conferência internacional
Há 20 anos, representantes de 170 países se reuniram no Rio de Janeiro para discutir o futuro do planeta. Na próxima semana, embora sem a presença de líderes como Barack Obama e Angela Merkel, o Brasil voltará a receber cerca de 100 chefes de Estado para tratar do tema. A pauta continua a mesma: promover o chamado desenvolvimento sustentável, unindo crescimento econômico, justiça social e conservação ambiental. O desafio do evento é encontrar propostas conjuntas que possam evitar que daqui a outros 20 anos se continue com a mesma agenda. Desta vez, ao invés de apresentar ambiciosas metas de redução na emissão de poluentes ou de proteção de florestas por decreto, segundo documento obtido por ISTOÉ, o Brasil irá priorizar a exposição de propostas que assegurem a preservação ambiental a partir da inclusão social. O objetivo, de acordo com técnicos do governo que trabalham na finalização dos estudos, é mostrar ao mundo que é possível enfrentar os problemas do meio ambiente com o mesmo conceito colocado em prática nos últimos nove anos para superar os problemas econômicos. O texto ainda em fase de conclusão no Ministério do Desenvolvimento Social destaca o Programa Bolsa Verde como uma das propostas a serem apresentadas pelo Brasil. Assessores do Ministério asseguram que a reprodução do programa pelos países em desenvolvimento trará resultados excepcionais em poucos anos. Durante a conferência no Riocentro, o Bolsa Verde será apresentado sob o discurso da criação de um piso de proteção ambiental, que o Brasil espera ver assumido por outros países. Trata-se de uma quantia em dinheiro paga pelo governo às famílias carentes que vivem em reservas extrativistas. Com esses recursos, essas pessoas podem garantir a sobrevivência sem a necessidade de degradar o meio ambiente. “O Brasil pode como ninguém divulgar os efeitos dos incentivos financeiros para políticas ambientais”, avalia a pesquisadora Carina Costa de Oliveira, da Fundação Getulio Vargas (FGV).
No Bolsa Família, que ajudou o Brasil a enfrentar a crise econômica criando novos consumidores, os beneficiários devem manter as crianças nas escolas para ter acesso aos recursos. No Bolsa Verde, as famílias precisam preservar a área em que vivem para fazer jus ao benefício. “Temos a convicção de que a discussão social separada da ambiental não se sustenta”, disse a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, na tarde da terça-feira 5. “Não se pode discutir isoladamente questões de meio ambiente em um mundo com milhões de pessoas vivendo em extrema pobreza.” Criado pela gestão da presidenta Dilma Rousseff, o Bolsa Verde está em funcionamento há nove meses e atende 17.267 famílias. Elas recebem R$ 300 a cada três meses e se comprometem a preservar o meio ambiente nas áreas em que vivem. Antes, precisavam recorrer ao extrativismo predatório para garantir a sobrevivência.
EXEMPLO VERDE
Gisele Bündchen planta árvore para promover a Rio+20
Na mesma linha de defesa da preservação ambiental a partir da
inclusão, a representação brasileira vai procurar fazer com que
governos, principalmente da África e da Ásia, se comprometam a apoiar
projetos de cooperativismo em áreas de produção agrícola familiar. O
projeto prevê a criação de uma rede que vai da produção ao consumo
local, visando assegurar mercado para quem produz e produtos de
qualidade para quem consome. Para tanto, o Ministério do Desenvolvimento
Social selecionou algumas experiências realizadas pela iniciativa
privada, mas que contam com o apoio governamental. Um dos casos é o
Ecocitrus, iniciativa que reúne 150 famílias no Vale do Caí, no Rio
Grande do Sul. De acordo com os responsáveis pela gestão do projeto,
trata-se de uma ação que, se multiplicada em escala global, poderá
preservar nascentes de rios nos diversos continentes, contribuindo para
fazer frente à carência da água, uma das principais ameaças às novas
gerações. A Ecocitrus trabalha com frutas utilizando adubo orgânico.
Assim, não polui os rios da região e ajuda a preservar as nascentes,
normalmente afetadas pelo uso irresponsável de agrotóxicos. A produção é
limitada para atender à demanda local, que a absorve principalmente com
a merenda escolar dos colégios da região. Além de não poluir, a ação da
entidade evita a migração dos pequenos produtores, o que contribui para
a redução dos problemas de transportes nos centros urbanos regionais.
“Entender o conceito de cooperativismo é decisivo no sucesso dos
projetos de inclusão”, afirma Ernesto Kasper, diretor da Ecocitrus, que
produz anualmente mais de três mil toneladas de frutas.
O que o Brasil vai levar para a Rio+20
País irá apresentar ao mundo propostas que assegurem a preservação ambiental a partir da inclusão social. Carro-chefe será o Bolsa Verde
Izabelle TorresNO CLIMA DA RIO+20
Enquanto manifestantes protestam para marcar o Dia do Meio Ambiente,
no Riocentro tendas são erguidas para a conferência internacional
Há 20 anos, representantes de 170 países se reuniram no Rio de Janeiro para discutir o futuro do planeta. Na próxima semana, embora sem a presença de líderes como Barack Obama e Angela Merkel, o Brasil voltará a receber cerca de 100 chefes de Estado para tratar do tema. A pauta continua a mesma: promover o chamado desenvolvimento sustentável, unindo crescimento econômico, justiça social e conservação ambiental. O desafio do evento é encontrar propostas conjuntas que possam evitar que daqui a outros 20 anos se continue com a mesma agenda. Desta vez, ao invés de apresentar ambiciosas metas de redução na emissão de poluentes ou de proteção de florestas por decreto, segundo documento obtido por ISTOÉ, o Brasil irá priorizar a exposição de propostas que assegurem a preservação ambiental a partir da inclusão social. O objetivo, de acordo com técnicos do governo que trabalham na finalização dos estudos, é mostrar ao mundo que é possível enfrentar os problemas do meio ambiente com o mesmo conceito colocado em prática nos últimos nove anos para superar os problemas econômicos. O texto ainda em fase de conclusão no Ministério do Desenvolvimento Social destaca o Programa Bolsa Verde como uma das propostas a serem apresentadas pelo Brasil. Assessores do Ministério asseguram que a reprodução do programa pelos países em desenvolvimento trará resultados excepcionais em poucos anos. Durante a conferência no Riocentro, o Bolsa Verde será apresentado sob o discurso da criação de um piso de proteção ambiental, que o Brasil espera ver assumido por outros países. Trata-se de uma quantia em dinheiro paga pelo governo às famílias carentes que vivem em reservas extrativistas. Com esses recursos, essas pessoas podem garantir a sobrevivência sem a necessidade de degradar o meio ambiente. “O Brasil pode como ninguém divulgar os efeitos dos incentivos financeiros para políticas ambientais”, avalia a pesquisadora Carina Costa de Oliveira, da Fundação Getulio Vargas (FGV).
No Bolsa Família, que ajudou o Brasil a enfrentar a crise econômica criando novos consumidores, os beneficiários devem manter as crianças nas escolas para ter acesso aos recursos. No Bolsa Verde, as famílias precisam preservar a área em que vivem para fazer jus ao benefício. “Temos a convicção de que a discussão social separada da ambiental não se sustenta”, disse a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, na tarde da terça-feira 5. “Não se pode discutir isoladamente questões de meio ambiente em um mundo com milhões de pessoas vivendo em extrema pobreza.” Criado pela gestão da presidenta Dilma Rousseff, o Bolsa Verde está em funcionamento há nove meses e atende 17.267 famílias. Elas recebem R$ 300 a cada três meses e se comprometem a preservar o meio ambiente nas áreas em que vivem. Antes, precisavam recorrer ao extrativismo predatório para garantir a sobrevivência.
EXEMPLO VERDE
Gisele Bündchen planta árvore para promover a Rio+20
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