Manaus é o município brasileiro campeão de morte por raio, segundo Inpe
Segundo satélite do Inpe, são registrados 11 milhões de raios por ano no Amazonas.
Manaus, 22 de Junho de 2011Elaíze Farias
A ocorrência de raios em Manaus é mais comum no período seco. A capital amazonense é campeã em mortes causadas por raios
No período entre 2000 e 2009, o Inpe registrou 16 óbitos em Manaus, à frente de São Paulo (SP), com 14 casos e Campo Grande (MS), com oito mortes.
Outros dois municípios do Amazonas estão no ranking brasileiro com mais mortes: São Gabriel da Cachoeira (6) e Iranduba (5).
Satélites monitorados pelo Inpe atestam que a incidência de raios no Amazonas é a maior do Brasil. São registrados 11 milhões de raios por ano.
No topo do ranking do Amazonas, foram registradas mortes em Careiro da Várzea, Careiro, Manacapuru, Barreirinha e São Sebastião do Uatumã.
As circunstâncias dos óbitos no Norte do país (o que vale também para o Amazonas) apontam características peculiares da região.
Em geral as vítimas estão próximo a transportes (carros, motos, bicicletas, canoas, etc) e são trabalhadores rurais recolhendo animais, fazendo plantações ou corte com equipamentos como enxadas e facões e perto de árvores.
A maior incidência de óbitos na região Norte (20%), contudo, ocorre dentro de casa, com a vítima usando aparelho telefônico, e também em campo de futebol.
Entre 2000 e 2009, foram registradas 1.321 mortes no Brasil. As maiores ocorrências aconteceram no Sudeste, com 377 óbitos, seguido de Centro-Oeste, com 252, Nordeste, com 237, Norte, com 234, e Sul, com 221.
Levantamento
No início desta semana, o ELAT divulgou o levantamento sobre número de vítimas fatais atingidas por raios no Brasil referente a 2010.
Segundo informações da assessoria de comunicação do Inpe, ano passado foram registradas 89 mortes, número inferior à média registrada entre os anos de 2000 e 2009, que foi de 132 vítimas por ano.
O estado de São Paulo lidera o ranking com 12 mortes, seguido pelo Pará com 8, e Minas Gerais e Tocantins com 7. Em alguns estados houve o registro de apenas uma morte, como é o caso de Rio de Janeiro e Paraná.
Em 2011, dados preliminares apontam que até o momento foram registrados 28 casos de vítimas fatais em todo o país.
Quanto a 2010, o número de homens que morreram é muito superior ao de mulheres, atingindo 82% do total. Quase metade das vítimas é da faixa etária entre 20 e 39 anos.
“É possível perceber que características de determinadas regiões influenciam os percentuais de mortes por raios. Por exemplo, a atividade agropecuária atinge o maior percentual no Sul, que é a região mais tradicional do país nesta área. Já as regiões Norte e Nordeste apresentam os percentuais mais altos para a circunstância dentro de casa, o que provavelmente indica que muitas casas nesta região são de chão batido, o que as torna muito menos seguras”, diz Osmar Pinto Junior, coordenador do ELAT/INPE, em declaração dada por meio da assessoria.
Conforme a assessoria, o Brasil é um dos poucos países que dispõe de um mapeamento detalhado das circunstâncias das mortes por descargas elétricas atmosféricas, o que pode contribuir significativamente para aperfeiçoar as regras nacionais de proteção contra o fenômeno.
Seca
Em entrevista concedida anteriormente ao jornal A Crítica, a chefe do 1º Distrito do Instituto de Meteorologia do Amazonas (Inmet), Lúcia Gularte, afirmou que o número de acidentes causados por raios é maior durante o período da seca no Amazonas.
O relevo altiplano de Manaus com muitos picos, os altos níveis de umidade relativa do ar e a formação de nuvens cumulus ninbus (nuvens verticais causadoras das tempestades potencializam as incidências, segundo Lúcia.
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