24/02/2013
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06h15
Levantamento feito pela Folha encontrou dez ex-aspirantes a prefeito e seis a vice-prefeito que agora assumiram secretarias, fundações e assessorias especiais (veja no quadro ao lado).
Em pelo menos três casos, os candidatos derrotados foram chamados pelos antigos oponentes para integrar a administração municipal, mesmo após duros ataques durante a campanha eleitoral.
PAQUERA
Wambert di Lorenzo (PSDB), convocado para chefiar o recém-criado gabinete de assuntos especiais na Prefeitura de Porto Alegre, afirma que a "paquera" com o grupo de José Fortunati (PDT), reeleito no primeiro turno, começou em meio a provocações nos últimos debates.
"Fui sarcástico, que é meu jeitinho de ser de vez em quando. No debate posterior, ele agradeceu, acolheu a crítica e trouxe a resposta."
Segundo Lorenzo, a semelhança dos planos de governo colaborou para a reaproximação das duas legendas --embora o PDT apoie o governo de Tarso Genro (PT), maior adversário do PSDB.
"Voltar para casa sem mandato e com todas as informações que tenho sobre a cidade seria um desperdício", diz o agora chefe de gabinete.
SEM ELOGIOS
Alvo de críticas na campanha, o ex-aspirante a vice Rodolfo da Luz (PMDB) foi chamado pelo prefeito de Florianópolis, César Souza Jr. (PSD), para continuar à frente da Secretaria de Educação.
"Na campanha, você não pode elogiar o adversário", diz Luz, que afirma ter aceitado o convite pela oportunidade de continuar o trabalho. "Foi uma decisão técnica."
O apoio a Roberto Claudio (PSB) no segundo turno rendeu a André Ramos (PPL) o convite para assumir a chefia do Instituto de Pesquisa, Administração e Recursos Humanos, em Fortaleza.
Outras nomeações foram feitas levando em conta arranjos políticos para 2014.
RATINHO JR.
Em Curitiba, Ratinho Jr. (PSC) passou de adversário do grupo do governador Beto Richa (PSDB) --que apoiava o então prefeito Luciano Ducci (PSB), seu vice-prefeito até 2010-- no primeiro turno a secretário de Desenvolvimento Urbano do Paraná.
Nos bastidores, a decisão é interpretada como uma manobra de Richa para ter Ratinho Jr. como aliado na sucessão estadual de 2014.
PRÁTICA COMUM
Para Lúcio Flávio de Almeida, professor do departamento de política da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, a prática de nomeação de rivais derrotados tende a se generalizar. "Existe uma certa ideologia que legitima o chamado mandato livre, segundo o qual o papel do eleitor é votar, e o eleito faz o que ele quiser, inclusive nomear adversários", diz o professor.
"Alguns políticos se candidatam sabendo que dificilmente ganharão, mas serão valiosos à medida que possam agregar votos, apoio econômico e financeiro e, principalmente, minutos no horário eleitoral. Tudo isso é parte do sistema eleitoral brasileiro", completa Almeida.
Novos prefeitos dão empregos para seus adversários na eleição
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NATÁLIA CANCIAN
CAROLINA DE ANDRADE
DANIEL CARVALHO
DE SÃO PAULO
Derrotados nas urnas, ao menos 16 candidatos que disputaram as
prefeituras das capitais nas últimas eleições foram nomeados, neste ano,
para cargos nos governos estaduais ou mesmo na gestão daqueles que, há
alguns meses, eram os seus rivais.
CAROLINA DE ANDRADE
DANIEL CARVALHO
DE SÃO PAULO
Levantamento feito pela Folha encontrou dez ex-aspirantes a prefeito e seis a vice-prefeito que agora assumiram secretarias, fundações e assessorias especiais (veja no quadro ao lado).
Em pelo menos três casos, os candidatos derrotados foram chamados pelos antigos oponentes para integrar a administração municipal, mesmo após duros ataques durante a campanha eleitoral.
PAQUERA
Wambert di Lorenzo (PSDB), convocado para chefiar o recém-criado gabinete de assuntos especiais na Prefeitura de Porto Alegre, afirma que a "paquera" com o grupo de José Fortunati (PDT), reeleito no primeiro turno, começou em meio a provocações nos últimos debates.
"Fui sarcástico, que é meu jeitinho de ser de vez em quando. No debate posterior, ele agradeceu, acolheu a crítica e trouxe a resposta."
Segundo Lorenzo, a semelhança dos planos de governo colaborou para a reaproximação das duas legendas --embora o PDT apoie o governo de Tarso Genro (PT), maior adversário do PSDB.
"Voltar para casa sem mandato e com todas as informações que tenho sobre a cidade seria um desperdício", diz o agora chefe de gabinete.
SEM ELOGIOS
Alvo de críticas na campanha, o ex-aspirante a vice Rodolfo da Luz (PMDB) foi chamado pelo prefeito de Florianópolis, César Souza Jr. (PSD), para continuar à frente da Secretaria de Educação.
"Na campanha, você não pode elogiar o adversário", diz Luz, que afirma ter aceitado o convite pela oportunidade de continuar o trabalho. "Foi uma decisão técnica."
O apoio a Roberto Claudio (PSB) no segundo turno rendeu a André Ramos (PPL) o convite para assumir a chefia do Instituto de Pesquisa, Administração e Recursos Humanos, em Fortaleza.
Outras nomeações foram feitas levando em conta arranjos políticos para 2014.
RATINHO JR.
Em Curitiba, Ratinho Jr. (PSC) passou de adversário do grupo do governador Beto Richa (PSDB) --que apoiava o então prefeito Luciano Ducci (PSB), seu vice-prefeito até 2010-- no primeiro turno a secretário de Desenvolvimento Urbano do Paraná.
Nos bastidores, a decisão é interpretada como uma manobra de Richa para ter Ratinho Jr. como aliado na sucessão estadual de 2014.
PRÁTICA COMUM
Para Lúcio Flávio de Almeida, professor do departamento de política da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, a prática de nomeação de rivais derrotados tende a se generalizar. "Existe uma certa ideologia que legitima o chamado mandato livre, segundo o qual o papel do eleitor é votar, e o eleito faz o que ele quiser, inclusive nomear adversários", diz o professor.
"Alguns políticos se candidatam sabendo que dificilmente ganharão, mas serão valiosos à medida que possam agregar votos, apoio econômico e financeiro e, principalmente, minutos no horário eleitoral. Tudo isso é parte do sistema eleitoral brasileiro", completa Almeida.
Editoria de Arte/Folhapress |
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