Ciência
Evolução
Primeiro mamífero placentário surgiu após a extinção dos dinossauros
Pesquisa descreve como e quando evoluiu o grupo que reúne a maior parte dos mamíferos, incluindo os homens
Esse pequeno animal é o ancestral de todos os mamíferos placentários, das baleias aos seres humanos
(Carl Buell)
CONHEÇA A PESQUISANormalmente, as tentativas de traçar as origens em comum e as relações evolutivas entre diversas espécies se baseiam em dois tipos de dados: os genéticos, encontrados no DNA, e os morfológicos e comportamentais, que podem ser obtidos pela observação do animal ou de seus fósseis. A história dos mamíferos placentários já foi analisada dos dois modos, com resultados muito diferentes. Uma das teorias mais famosas, baseada apenas em dados genéticos, previu que um pequeno número de espécies placentárias viveu no final da Era Mesozoica e foi capaz de sobreviver à extinção que acabou com todos os dinossauros não avianos.
Título original: The Placental Mammal Ancestor and the Post–K-Pg Radiation of Placentals
Onde foi divulgada: revista Science
Quem fez: Maureen A. O’Leary,Timothy J. Gaudin, Michael J. Novacek, Fernando A. Perini, Marcelo Weksler
Instituição: Museu Americano de História Natural
Dados de amostragem: Informações morfológicas e genéticas de 86 espécies de mamíferos placentários catalogados no MorphoBank.
Resultado: Os pesquisadores conseguiram traçar uma árvore da vida dos mamíferos placentários. Segundo os dados, o ancestral em comum de todos eles seria um animal pequeno que se alimentava de insetos e viveu centenas de milhares de anos após a extinção dos dinossauros.
Outras análises, baseadas na anatomia, mostraram que eles haviam surgido milhões de anos depois disso. Até a pesquisa desta semana, nenhuma havia juntado os dois tipos de informações. “Apesar das contribuições consideráveis das sequências de DNA ao estudo das relações entre as espécies, os dados morfológicos têm um papel maior na reconstrução direta de árvores da vida. Entre esses dados, estão características preservadas em fósseis dos quais é impossível recuperar o DNA”, disse Michael Novacek, pesquisador do Museu Americano de História Natural e um dos autores do estudo.
Saiba mais
ERA MESOZOICACompreende o período Triássico, Jurássico e Cretáceo, entre 251 milhões de anos até 65,5 milhões de anos atrás. Foi marcada pelo aparecimento e extinção dos dinossauros.
A análise dos dados mostra que os mamíferos placentários surgiram rapidamente após a extinção dos dinossauros, com o ancestral em comum aparecendo de 200.000 a 400.000 anos depois do evento. "Isso é cerca de 36 milhões de anos depois da previsão baseada nos dados puramente genéticos", disse Marcelo Weksler, pesquisador brasileiro do Museu Nacional da UFRJ, que participou do estudo quando trabalhava no Museu Americano de História Natural .
Para reconstruir a anatomia do ancestral, os pesquisadores desenvolveram uma árvore da vida: uma estrutura semelhante às árvores genealógicas, mas que mostra a relação entre as espécies de animais em vez de membros da família. Ao traçar as características comuns entre as espécies mais próximas, os pesquisadores conseguiram descobrir quais as características que o ancestral possuía. Segundo os cientistas, ele pesava entre 6 e 245 gramas, comia insetos, era capaz de escalar e seus filhotes nasciam sem pelos e cegos. O animal possuía um cérebro com córtex complexo e uma placenta na qual o sangue materno circulava em contato com as membranas em volta do feto, como nos seres humanos.
Segundo os pesquisadores, além do resultado obtido, a pesquisa é importante por causa do método desenvolvido, que poderá ser usado para estudar a evolução de uma série de outras espécies.
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