segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A coisa vai pegar fogo nesta região.

21/02/2011 - 17h44

Pilotos líbios desertam e levam caças para Malta, dizem fontes


DA REUTERS, EM VALLETTA
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Onda de Revoltas Dois pilotos da Força Aérea da Líbia desertaram na segunda-feira e levaram seus caças para Malta, onde disseram às autoridades que haviam recebido ordens para bombardear manifestantes, segundo fontes do governo maltês.
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As fontes disseram que os aviadores --ambos com a patente de coronel-- decolaram de uma base perto de Trípoli. Eles estão sendo interrogados pela polícia local, e um dos dois pediu asilo político.

Darrin Zammit Lupi/Reuters
Piloto da força aérea líbia caminha perto de jato Mirage que pousou no aeroporto internacional de Malta
Piloto da força aérea líbia caminha perto de jato Mirage que pousou no aeroporto internacional de Malta
Os dois disseram que decidiram voar para Malta após receberem ordens para atacar manifestantes em Benghazi, segunda maior cidade da Líbia, epicentro dos protestos contra o regime de Muammar Gaddafi.
A polícia maltesa também está interrogando sete passageiros que chegaram da Líbia a bordo de dois helicópteros com matrícula francesa.
Fontes do governo disseram que os helicópteros deixaram a Líbia sem autorização das autoridades locais, e que só um dos sete passageiros -- que afirmam ser cidadãos franceses-- tinha passaporte.
A chancelaria francesa disse que estava analisando o caso.
VIOLÊNCIA
O episódio ocorreu em meio a intensos protestos na Líbia contra Gaddafi e seus 42 anos de governo autoritário. Intensa repressão já deixou ao menos 233 mortos, segundo informou nesta segunda-feira a ONG sediada em Nova York Human Rights Watch. Já a Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) calcula entre 300 e 400 pessoas foram mortas desde o início da rebelião.

Reuters
Manifestantes se reúnem supostamente em Benghazi nessa imagem sem data colocada na rede social Facebook
Manifestantes se reúnem supostamente em Benghazi nessa imagem sem data colocada na rede social Facebook
A FIDH relatou ainda que manifestantes antirregime assumiram o controle de cidades líbias e que militares estão desertando.
"Muitas cidades foram tomadas, principalmente no leste. Os militares estão debandando", declarou a presidente da FIDH, Souhayr Belhassen, citando principalmente Benghazi, reduto da oposição, e Syrta, cidade natal do coronel de Gaddafi.
A emissora de TV NTV, citando um trabalhador turco, informou que a cidade de Jalu, localizada cerca de 400 quilômetros ao sul de Benghazi, também foi controlada pelos opositores do regime.
"O controle está totalmente nas mãos da população. Não há forças de segurança, não há polícia. Estamos sujeitos à vontade e ao controle do povo", relatou Mustafa Karaoglu, que trabalha na cidade --de cerca de 3.500 habitantes--, onde um grupo de trabalhadores estrangeiros se mantém reclusos em seus locais de trabalho.
Benghazi, onde os protestos começaram na semana passada após a prisão de um advogado de direitos humanos e onde dezenas de pessoas foram mortas por forças de segurança, está efetivamente sob controle dos manifestantes, de acordo com alguns moradores da localidade.
BOMBARDEIOS
O governo de Gaddafi voltou a reprimir duramente os manifestantes que pedem sua renúncia e atacou, com aviões militares que dispararam munição real, multidões que se reuniram na capital da Líbia, Trípoli, para protestar, informou nesta segunda-feira a emissora de TV árabe Al Jazeera. Segundo especialistas, a ação poderia significar que o regime do ditador está perto do fim.
A informação foi passada por um cidadão líbio, Soula al Balaazi --que se diz um ativista da oposição--, que afirmou à TV por telefone que aviões de guerra da força aérea do país bombardeou "alguns locais de Trípoli".
No entanto, não foi possível confirmar a informação de forma independente.
Um analista da consultoria Control Risks, com sede em Londres, disse que o uso de aviões militares contra seu próprio povo indica que o fim pode estar próximo para Gaddafi.
"Isso realmente parecem ser atos derradeiros, desesperados. Se você está bombeando sua própria capital, é realmente difícil ver como você pode sobreviver", afirmou Julien Barnes-Dacey, analista da consultoria para o Oriente Médio.
"Na Líbia, mais do que em qualquer outro país da região, há um prospecto de violência grave e conflito aberto."

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