domingo, 10 de julho de 2011
11:42 \ Riscos e Oportunidades
O depoimento de Pagot e o estilo Dilma
Será que na terça-feira Luiz Antonio Pagot em seu depoimento no Senado vai cumprir a ameaça e botar o PT na roda? Vai detalhar o que lançou no ar sobre o ministro Paulo Bernardo, que durante a campanha seria o inspirador ou teria “trabalhado em conjunto” com o Dnit nos aditivos para várias obras?
Pela quantidade de emissários que tem circulado em Brasília com o objetivo de baixar a bola de Pagot, o mais provável é que seja um depoimento chocho. Ou seja, não deve avançar mais do que já avançou nas entrevistas dos últimos dias. Não é todo dia que aparece um Roberto Jefferson para explodir-se e explodir esquemas bem armados.
Para além do depoimento de Pagot e da escolha do novo dono da cadeira de ministro dos Transportes, há uma outra questão que excita Brasília: o estilo Dilma. Ele voltou à cena nos episódios da semana passada. Mais do que a demissão de Antonio Palocci, a queda de Alfredo Nascimento e da quadrilha da pesada do ministério dos Transportes deixou inquieta a base do governo no Congresso.
A rapidez do desfecho da crise rompeu, como diz em tom crítico e reservadamente um senador governista, “com as regras básicas da convivência política”. Ele fala da particular etiqueta política a que o mundo de Brasília se acostumou.
Dilma, fique claro, não está chutando o pau da barraca. Mantém suas alianças com partidos 100% fisiológicos. Dá a eles cargos e algum poder. Pragmaticamente, os aceita em troca da governabilidade. Mas, também é verdade, atuou na semana passada num diapasão diferente sobretudo do que foi o padrão da era Lula.
Um político nordestino, dono de um (bom) cargo tanto no governo Lula como no atual, resume à perfeição o sentimento da turma:
- O Lula passava a mão na cabeça do encrencado e o segurava até onde dava. Só quando não dava mais para segurar o demitia. Dessa forma, ficávamos de algum modo grato a ele. Com a Dilma instituiu-se o “publicou na revista, foi para rua”. Não pode ser assim. Está todo mundo tenso.
E qual é o problema? O mesmo político nem espera a pergunta. Não em tom de ameaça (embora seja), mas de aviso, saca rápido um conselho :
- Tem que ter cuidado com a base parlamentar.
É esse o jogo delicado em que Dilma está se metendo. Em suas reuniões fechadas e nas conversas reservadas com jornalistas, a tal base parlamentar do governo tem desenhado um fantasma: o troco, um cascudo no governo numa votação importante na volta do recesso parlamentar de julho.
Ressalte-se que ninguém aqui imagina que Dilma Rousseff esteja querendo botar os maus costumes políticos dos partidos da base porta afora. Até porque eles pululam dentro de sua própria casa, ou seja no PT, como qualquer mensaleiro e aloprado está cansado de saber.
Dilma não está, portanto, como disse outro dia um afoito e exagerado senador, querendo lançar as bases para uma “nova maneira de fazer política”. Talvez ela queira apenas dar um freio de arrumação para diminuir um pouco o grau de fisiologismo e corrupção geral. Ou, numa palavra, livrar-se de parte da herança maldita que Lula deixou como herança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário