Dilma controlava obras do Dnit na Casa Civil, diz Pagot
Afastado do Dnit sob suspeita de corrupção, Luiz Antonio Pagot afirma que, sob Lula, prestava contas das obras diretamente à então ministra Dilma Rousseff.
O vídeo acima exibe trechos de entrevista concedida por Pagot em 19 de dezembro de 2010, 13 dias antes da posse de Dilma na Presidência.
Pagot falou a uma emissora de Mato Grosso, a TV Rondon, retransmissora do SBT. Discorreu sobre o funcionamento do Dnit, que dirigia desde a gestão passada.
Ele se jacta de ter convertido o departamento de rodovias da pasta dos Transportes “na autarquia federal que mais executou obras do PAC”: 82%.
O Dnit, disse ele, “presta contas ao Gepac, que é o grupo [de gerenciamento] do PAC controlado na Casa Civil da Presidência”.
Antecipou uma providência que seria anunciada no início de 2011: no novo governo, o controle das obras passaria a ser feito pelo Ministério do Planejamento.
De fato, depois de sentar-se na poltrona que era de Lula, Dilma incumbiu a ministra Miriam Belchior (Planejamento) de acompanhar a execução do PAC.
Segundo Pagot, o Dnit geria no ano eleitoral de 2010 um orçamento gordo: R$ 47 bilhões. Tocava 1.080 contratos de obras e serviços, dos quais 579 do PAC.
Mercê das prioridades traçadas pelo governo, Pagot encurtou os prazos das licitações:
“Uma licitação do Dnit demorava nove meses, 12 meses. Hoje, uma licitação não passa de 120 dias”, declarou Pagot.
Festejou: “Para se ter idéia, nós licitamos, em 12 meses, R$ 14 bilhões em obras”. Enfatizou: ”Licitadas nos últimos 12 meses!”
Pagot voltou a mencionar o nome de Dilma ao falar da recuperação de rodovias federais. Chamou de “marco” o dia 15 de julho de 2008.
Nessa data, disse ele, “Lula aprovou, junto com a ministra Dilma Roussef, hoje nossa presidente eleita, o novo programa nacional de manutenção rodoviária”.
Evoluiu-se “do tapa buraco para programas mais consistentes”, afirmou Pagot. [...] Nós passamos a fazer um programa de R$ 21 bilhões”.
No dia da entrevista, o então celebrado mandachuva do Dnit contabilizava a contratação de 30 mil km de obras de recuperação rodoviária.
“Agora, estamos licitando 32 mil km. Coisa para cinco anos. Como que convencido de que teria uma gestão longeva, projetou resultados para o fim da gestão Dilma:
“O objetovo desse programa é nós chegarmos a 2014 com 85% das rodovias [federais] em bom estado e satisfatório apenas 15%”.
Hoje, a poucos dias de prestar depoimentos no Senado e na Câmara, Pagot declara-se injustiçado.
Não se conforma com a ligeireza com que seu escalpo à bandeja. Alega: se houvesse cobrança de propinas no Dnit, a ex-chefona da Casa Civil de Lula teria notado antes.
Em privado, Pagot recorda que, até bem pouco, afora a supervisão direta da ex-ministra Dilma, lidava com a pressão de expoentes do petismo.
Menciona explicitamente o casal Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo, hoje acomodados respectivamente na Casa Civil e no Ministério das Comunicações.
Afirma que a dupla o pressionava pela execução de obras do Dnit no Paraná, Estado que mandou Gleisi ao Senado na eleição do ano passado.
Em dezembro de 2008, Paulo Bernardo lançou uma obra rodoviária no Paraná em cerimônia que teve a presença de Pagot.
Em 15 de fevereiro de 2011, o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), filho do ex-ministro José Dirceu, mencionou Pagot em texto levado à web.
Festejou na peça, ilustrada com foto em que posa ao lado de Pagot (veja ao lado) a licitação da pavimentação da BR-487, que liga as cidades paranaenses de Cruzeiro do Oeste e Tuneiras do Oeste.
A certa altura, Zeca Dirceu realçou o “papel fundamental” exercido por outras autoridades para que a obra saísse.
“Não podemos esquecer o importante trabalho feito pelo Paulo Bernardo, que até o ano passado era ministro do Planejamento, e pela senadora Gleisi Hoffmann…”
As boas relações que Pagot mantinha com o petismo e com Dilma o levaram a graver, no ano passado, mensagem de apoio à então presidenciável do PT.
A peça foi exibida no Mato Grosso, Estado de Pagot e do padrinho político dele, o senador Bairo Maggi (assista no vídeo lá do radapé).
Convertido em servidor tóxico depois que se noticiou a cobrança de propinas de até 5% na pasta dos Transportes, Pagot saiu em férias.
Formalmente, o ex-Todo-Poderoso do Dnit ainda se encontra pendurado à folha. Alegou que suas férias foram combinadas com Gleisi Hoffmann.
Abespinhada, Dilma mandou dizer que, terminado o descanso, Pagot vai ao olho da rua. Nos últimos dias, o Planalto exala preocupação.
Teme-se que Pagot carregue nas tintas nos depoimentos que prestará ao Congresso. Ele falará aos senadores na terça e aos deputados na quarta.
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