publicado em 29/07/2011 às 05h55
Relatório divulgado hoje deve mostrar as "circunstâncias exatas" do acidente com o voo 447
Avião da Air France caiu no oceano Atlântico, matando 228 pessoas
Do R7, com agências internacionais
Marinha do Brasil/ 08.06.2009/ Agência Estado
Queda do avião durou em torno de 3 minutos e 30 segundos
O BEA (Escritório de Investigações e Análise), órgão oficial francês encarregado das investigações do acidente do voo Rio-Paris que, em junho de 2009 caiu no oceno Atlântico matando as 228 pessoas a bordo, promete revelar nesta sexta-feira (29) as "circunstâncias exatas" do acidente.
Esse terceiro relatório apresentado pela BEA trará ainda "os primeiros pontos analisados e novos fatos esclarecidos" após a investigação dos dados contidos nas duas caixas-pretas e gravadores do Airbus A300 da Air France.
No fim de maio, os investigadores revelaram detalhes sobre os últimos minutos da queda dramática do voo Rio-Paris sem destrinchar as causas da catástrofe, levando a interpretações contrárias.
O relatório mostrou que a tripulação lutou durante 3 minutos e 30 segundos com os comandos do aparelho antes de ele cair no oceano Atlântico, perto do Brasil, deixando 228 mortos.
O BEA, que liberou as gravações das conversas dos pilotos do voo Rio-Paris extraídas das caixas-pretas resgatadas no fundo do oceano no começo de maio, não divulgou nenhuma análise.
Mas o papel das sondas de medição de velocidade Pitot e as reações da tripulação permanecem no centro do debate entre a Air France, a Airbus e os pilotos.
Até agora a BEA considera que um defeito nos sensores de velocidade, os chamados tubos Pitot, foi uma das causas do acidente. Mas o órgão sempre ressaltou que a explicação definitiva só seria conhecida quando fossem recuperadas as caixas-pretas.
Acredita-se que o mau funcionamento dos sensores não explicaria por si só o acidente.
Em um documento da Airbus obtido pela Reuters sobre as instruções a seguir em caso de perda de contato, o piloto deve baixar o nariz do avião e ajustar a força dos motores, e não empiná-lo para cima, como fizeram os do AF447.
Para a Air France, porém, a nota do BEA confirma que uma pane nas sondas foi a origem do desligamento do piloto automático, antes do acidente.
As duas caixas-pretas - que registraram os parâmetros do voo e as conversas na cabine dos pilotos - foram resgatadas do fundo do mar no início de maio, após passarem 23 meses a 3.900 metros de profundidade no oceano Atlântico.
Pilotos culpados?
A associação Entraide et Solidarité AF447 (Ajuda Mútua e Solidariedade AF447, em tradução livre), considera "inaceitável" a acusação aos pilotos do voo e espera que o documento permita compreender suas reações antes do acidente.
Robert Soulas, presidente da entidade, afirma que os membros da associação “querem a verdade”. – Queremos detalhes técnicos sobre os últimos três minutos do voo para termos uma ideia das reações dos pilotos.
Para Soulas, as informações divulgadas em maio foram "muito pequenas".
– Com base nas informações fornecidas, acreditamos que as acusações contra os pilotos são inaceitáveis. Eles já não mais estão aqui para poderem se defender, é fácil acusá-los. Precisamos de provas concretas.
50 corpos foram resgatados logo após o acidente. Outros 104 corpos chegaram à França em meados de junho este ano. Entre as vítimas, que contemplavam 32 nacionalidades, estão 59 brasileiros e 72 franceses.
Após o acidente, a Justiça francesa abriu um inquérito. O fabricante europeu de aviões Airbus e a Air France foram acusados de homicídio culposo.
Vazamentos
Sem aguardar o relatório, vários órgãos de imprensa deram força à suspeita de que os pilotos do Airbus A330 não teriam conseguido controlar a perda de velocidade do avião.
De acordo com o portal do jornal francês Le Figaro, o relatório a ser publicado na sexta-feira questiona principalmente o papel da tripulação.
– A investigação concluiu que a tripulação da Air France estava em conformidade com as normas em vigor, que a tripulação conseguiu evitar uma zona de turbulência, fazendo um desvio de 12 graus da rota, e que as turbulências que o avião enfrentou no momento do acidente não tinham nada de excepcional.
O jornal disse que “todas as ações do avião correspondem às ordens do piloto, o que significa que são as ordens do piloto que levaram o avião a cair no oceano.
– Em momento algum a tripulação compreendeu que o avião tinha perdido a velocidade necessária para se sustentar no ar.
Guillaume Pollard, secretário-geral do sindicato Alter, diz que “todos os vazamentos tendem a embasar a tese de um erro de pilotagem, e não se fala mais no papel das sondas Pitot, que calculam a velocidade”.
– Isso representaria um alívio para a Airbus, a Air France e a DGAC [Direção Geral da Aviação Civil]. É um acidente que levou muita gente a ser questionada.
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