sábado, 4 de junho de 2011

Tai uma ideia muito boa para se morar sem agredir o meio ambiente, e edá para se morar bem.

Casa autossuficiente de 482 m² é construída em meio à mata tropical, com vista para o mar

Divulgação
 

Casa Iseami

Península de Osa, Costa Rica

Arquitetura

- RoblesArq
O projeto da casa Iseami, na Península de Osa, Costa Rica, foi todo um desafio: a meta era uma construção 100% auto-suficiente, de baixíssima manutenção e grande potencial de reciclagem ao final do ciclo de vida do imóvel. O resultado da primeira fase do que será o Instituto de Sustentabilidade, Ecologia, Arte, Mente e Investigação engloba dois quartos, "lounge", cozinha, escritório e uma grande área externa com piscina e deck.
Os espaços são multidisciplinares e abrigarão atividades de investigação científica, yoga e meditação, treinamento e a residência do dono da propriedade. Tudo com uma fabulosa vista ao Oceano Pacífico em uma das áreas mais inóspitas do país.
Pode parecer muito ambicioso alcançar todos esses objetivos, mas o arquiteto Juan Robles, titular do Roblesarq, responsável pelo projeto arquitetônico, explica que a chave foi "maximizar cada uma das facetas da casa dentro da menor área possível, usando grande quantidade de materiais com múltiplas funções e de baixo impacto ecológico".
Localizada a 30 km do centro urbano mais próximo, a casa não contará em anos –ou, talvez, nunca- com serviços básicos de fornecimento de água e energia. Além disso, está em meio a uma selva quente e bastante úmida onde se concentra 5% da biodiversidade mundial. Interferir com esse tesouro nunca foi uma opção. "Por isso, o estudo inicial considerou pontos imprescindíveis como o clima, geração de energia, condições atmosféricas e custos, entre outros", diz Robles. A casa se destaca do entorno sem, contudo, deixar de ser amigável.
O resultado arquitetônico é um uma estrutura do tipo exoesqueleto, composta por painéis autoportantes fabricados com fibras de madeira e plástico reciclado. Os painéis deixam a estrutura principal, de aço, e todas as instalações expostas. Isso evita umidade e espaços vazios onde animais silvestres possam fazer ninhos. Permite, ainda, trabalhos de manutenção e uma grande gama de reformas ao longo da vida útil da casa, sem necessidade de mudanças estruturais.

Sistemas alternativos

A distribuição interna privilegia as vistas e a abundante iluminação natural. A alta umidade local demandou montar a casa sobre pilotis, elevando-a a um metro do solo. Um layout livre de paredes e com pé-direito duplo proporciona uma excelente ventilação dos espaços e evita a proliferação de fungos e mofo, muito comuns na região.
Formando uma espécie de envelope, brises ao redor da maior parte da casa controlam a insolação e a temperatura interna durante todo o dia. Todas as soluções passivas propostas pelo arquiteto foram determinantes para que a casa não precisasse de ar-acondicionado ou de muita luz artificial.
A piscina também funciona como um refrescante natural. Foi posicionada de modo a esfriar os ventos que entram na casa; o revestimento de vitrocerâmica branca, evita o efeito de ilha de calor causado pelos reflexos do sol forte na água.
Grandes aberturas tanto no teto, como em forma de portas e janelas transparentes, convidam à realização de atividades ao ar livre, fazendo com que a área externa tenha um papel de protagonista. Da mesma forma, o entorno participa da vida dos usuários quando na parte interna da casa.
Nesse projeto a natureza brinda muita personalidade, mas também aporta a maior dificuldade desde o princípio: não ter água e eletricidade a disposição. Como a propriedade tinha uma concessão de uso de água de uma nascente natural, foram instalados dois geradores hidroelétricos de baixo impacto. A mesma água que gera energia é armazenada em um tanque para uso potável. Painéis solares e um sistema de captação de águas pluviais completam o programa de sustentabilidade. As águas servidas são enviadas a uma fossa séptica conectada a um tanque com biofiltro e saem prontas para uso no jardim. (Tania Bértolo, colaboração para o UOL)

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