15/04/2012 - 10:17
Comportamento
Fotografia, o motor das redes sociais
O vídeo é visto como grande atração da web, mas são as fotos que animam a participação de usuários em serviços como o Facebook e o Pinterest
Em 2006, o Google, já um gigante da internet, desembolsou 1,65 bilhão de dólares para adquirir um serviço nascente e promissor, o YouTube, site de compartilhamento de vídeos. O negócio parecia prenunciar a era do vídeo, animada pelas câmeras caseiras digitais. A impressão geral era que o formato esmagaria outros registros, como a fotografia. Eis que, passados seis anos, outro gigante, o Facebook, voltou a provocar frisson ao anunciar a aquisição do Instagram, aplicativo para smartphones e tablets cuja matéria-prima são as fotos, não o vídeo. É fácil entender por que Mark Zuckerberg, criador e CEO do Facebook, está disposto a desembolsar a montanha de dinheiro. Hoje, 70% de todas as interações feitas pelos mais de 800 milhões de usuários da rede são relativas a fotos. Ou seja, a fotografia ainda fisga nosso olhar. Simultaneamente, dentro da web – e também fora dela –, a fotografia não para de se multiplicar. Estima-se que, a cada dois minutos, tiram-se pelo mundo mais fotos do que todo o século XIX produziu.Leia mais:
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Cinco concorrentes do Instagram. Alguns são até melhores
A história da ascensão da fotografia no mundo digital começou a ser escrita em 1997, quando foi lançado o primeiro modelo comercial de câmera digital: a Sony Mavica. O resultado foi percebido quase instantaneamente. Na década de 1990, o número de fotos produzidas cresceu 50%, chegando, em 2000, a 86 bilhões de cliques ao ano, segundo cálculos de Jonathan Good, consultor de redes sociais, a partir de dados da Kodak e da Enciclopédia Digital de Negócios. Passada uma década, esse número chegaria a 360 bilhões de fotografias anuais, alta de 340%. Além da câmera digital, há mais três elementos a alimentar essa evolução: os celulares, que incorporaram as câmeras, as redes 3G, que permitem a transmissão de dados (e de fotos) em alta velocidade, e, por fim, as redes sociais, que facilitam sua distribuição. Segundo pesquisa da empresa da análise de mercado NPD Group, em 2011, 27% de todas as fotos produzidas pelos americanos foram feitas a partir de smartphones – um avanço de 60% em relação ao ano anterior. A tendência é que o processo se acentue com o avanço da rede 3G, usada por 1,2 bilhão de pessoas e que, em 2016, deve se estender a 10 bilhões de aparelhos, segundo a União Internacional de Telecomunicações. Isso vai municiar um exército de fotógrafos.
"Uso o Instagram há muito tempo. Por ele, compartilho fotos de trabalhos, viagens, comidas e amigos. Também tiro fotos com roupas que experimento: é uma forma de agradecer aos meus estilistas."
Sabrina Sato, apresentadora de TV
Nas redes, é mesmo o Facebook quem encabeça o movimento. A cada dia, em média, usuários confiam 250 milhões de fotos ao serviço. A torrente faz com que o repositório de imagens da rede tenha crescido 14 vezes em um período de apenas três anos (2008 a 2011), atingindo incríveis 140 bilhões de fotos no fim do ano passado. O sucesso é tamanho que, atualmente, o acervo é 23 vezes maior do que o do Flickr, site criado especificamente para abrigar fotos de usuários. A diferença é que o Facebook criou mecanismos para que seus afiliados não apenas armazenem, mas também compartilhem suas criações e, assim, passem mais tempo ali. Continue a ler a reportagem
"Comecei a tirar fotos do Benjamin, meu primeiro filho, quanto ele
tinha apenas cinco dias de vida. Agora, uso o Instagram para acompanhar a
gravidez do Matias: é como se fosse um álbum familiar."
Paula Felitto, bailarina
O Pinterest avança pela mesma seara. Aliás, é a rede social que mais avança no mercado americano. Criado em 2010, o serviço registrou em março a marca de 104 milhões de visitas, ficando atrás apenas do Facebook (7 bilhões) e Twitter (182 milhões), segundo a empresa de métricas Experian. A rede se apóia nas imagens, mas não só. Sua maior força talvez esteja em oferecer aos usuários uma espécie de ferramenta para organizar o mundo à moda dos antigos quadros de cortiça, em que eram pregadas fotos e anotações. No mural virtual, pode-se reunir listas de receitas, roupas, acessórios, paisagens, comidas, penteados e o que mais permitir a imaginação. É o despertar do tão antigo quanto permanente desejo humano de colecionar e, portanto, organizar coisas. Continue a ler a reportagem
O desejo que anima usuários a produzir e compartilhar fotos e mais fotos pode variar. Do registro histórico à pura exibição, passando pelo envio de uma recordação aos amigos distantes. O efeito desse gesto simples sobre os autores é quase sempre positivo, concluiu uma pesquisadora americana que dedicou um ensaio ao assunto. "Pessoas que armazenam muitas fotos em seus perfis em redes sociais costumam apresentar maior autoconfiança, se comparadas a outras que não valorizam imagens em suas páginas pessoais", diz Amy Gonzales, pesquisadora de mídia e psicologia da Universidade Cornell. "A rede pode ser, sim, favorável à autoestima, pois ali seus usuários descobrem o que têm de melhor, e expõe isso."
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