29 de março de 2012 |
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Segredos de Mercúrio |
Mapas mostram crateras geladas no planeta mais próximo do Sol |
por John Matson |
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Nasa/Laboratório de Física Aplicada da Johns Hopkins University/Carnegie Institution de Washington |
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Nesta composição, as imagens dos radiotelescópios terrestres aparecem em amarelo. |
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[continuação]
Tudo
isso mudou com a chegada da Messenger a Mercúrio, em 2011. A Messenger
(uma espécie de acrônimo forçado para Mercury Surface, Space
Environment, Geochemistry and Ranging), que orbita o planeta há pouco
mais de um ano, já mapeou a superfície de Mercúrio com detalhes sem
precedentes. Como Nancy Chabot, do Laboratório de Física Aplicada da
Johns Hopkins University demonstrou em uma conferência, os mapas feitos
pela Messenger combinam bem com as imagens de radar dos polos.
“Há
uma excelente correlação entre as imagens e os locais sombreados das
crateras”, declarou Chabot. “Todas as regiões brilhantes que aparecem
nos radares estão a poucos pixels das regiões sombreadas da superfície
de Mercúrio”. Em outras palavras, os supostos depósitos de gelo aparecem
nos poucos locais eternamente frios de Mercúrio, onde o gelo poderia
permanecer estável por longos períodos de tempo. A evidência disponível,
apontou a pesquisadora, permanece consistente com a hipótese da
presença de gelo em Mercúrio.
Esse suposto gelo é essencialmente
onipresente nas crateras nórdicas mais frias, buracos gerados por
grandes impactos a 10º C do polo norte. “Nesta região, quase todas as
crateras com mais de 10 km hospedam um depósito que aparece brilhante
nas imagens de radar, o que eu acho incrível”, observou Chabot.
Mas
as crateras aparentemente geladas cobrem mais do hemisfério norte do
que se poderia esperar. “As crateras que aparecem com brilhos no radar
se estendem a latitudes tão baixas quanto 67º Norte”, explicou Chabot.
“Essas latitudes mais baixas são um ambiente termicamente desafiador”.
As imagens de radar também mostram crateras com mais de 10 km de
diâmetro, onde o calor irradiado a partir da borda iluminada pelo Sol
criaria temperaturas nada amigáveis para o gelo localizado no fundo da
cratera. Em latitudes mais baixas ou em crateras menores, qualquer
depósito de gelo provavelmente precisaria de uma fina cobertura
isolante: talvez uma camada de material da superfície em grãos finos,
também conhecido como regolito, para evitar que sublimasse. |
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Segredos de Mercúrio |
Mapas mostram crateras geladas no planeta mais próximo do Sol |
por John Matson |
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De
fato, o altímetro da Messenger, que já disparou mais de 10 milhões de
pulsos laser contra Mercúrio para produzir mapas detalhados da
topografia do planeta, parece confirmar que algum tipo de material
isolante cobre qualquer gelo que possa existir nas crateras. Ainda que
os radares consigam penetrar uma fina camada de regolito e ricochetear
no gelo que existe abaixo dela, os pulsos laser são sensíveis à
refletividade da superfície. O gelo é bastante refletivo no comprimento
de onda de 1,06 mícrons do Altímetro Laser de Mercúrio (MLA, na sigla em
inglês), explicou Gregory Neumann do Goddard Space Flight Center, da
Nasa. Assim, o gelo exposto retornaria os pulsos mais rapidamente que
seus arredores. “Surpreendentemente, já estamos relatando há algum tempo
que não, não é isso que vemos”, declarou Neumann. “Na verdade, o que
vemos é o oposto”.
Nas crateras permanentemente sombreadas, onde
observações de radar apontaram para a presença de gelo, o altímetro
registrou trechos sombrios com uma refletividade laser diminuta. “Nunca
vemos nessas regiões o grande aumento de energia de retorno que veríamos
se elas fossem tão frias que o gelo ficasse exposto em sua superfície”,
avaliou Neumann. Uma possibilidade é que os depósitos que aparecem
brilhantes no radar, e que muitos acreditam ser gelo, possam estar
cobertos por um material escuro, como o hidrocarboneto, que consegue
tolerar temperaturas relativamente mais altas.
Essa hipótese foi
sustentada por David Paige, da University of California, em Los
Angeles. Ele e seus colegas calcularam as temperaturas de superfície e
subsuperfície dos locais onde as imagens brilhantes de radar tendem a se
formar e supuseram uma provável composição de bolsões de gelo cobertos
por regolito escurecido por compostos orgânicos. As temperaturas mais
altas nas crateras sombreadas, que muitas vezes podem ser quentes demais
para o gelo exposto, se dão bem em condições nas quais moléculas
orgânicas escuras seriam estáveis. No entanto, logo abaixo da superfície
as temperaturas nas crateras que aparecem brilhantes nas imagens de
radar tendem a ser mais frias, flutuando próximas de -170° C. Essa é
exatamente a temperatura à qual se esperaria que o gelo permanecesse
estável, observou Paige. O novo olhar da Messenger sobre características
há muito vistas por radares terrestres, adicionou ele, demonstram “de
maneira bastante conclusiva que elas são predominantemente compostas de
gelo termicamente estável”. |
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