domingo, 1 de abril de 2012

Será que vão conseguir reverter a situação.?????

 
28/03/2012 - 09:58

Mudanças climáticas

"Limitar aquecimento a 2 graus está fora de alcance", diz ex-chefe climático da ONU

Yvo de Boer fez a afirmação durante conferência sobre a saúde do planeta

Pedaço de geleira flutua na baía de Ammassalik, na Groenlândia Pedaço de geleira flutua na baía de Ammassalik, na Groenlândia: consequências de aumento na temperatura média do planeta são imprevisíveis
O ex-chefe climático da ONU, Yvo de Boer, disse nesta terça-feira que o compromisso de restringir o aquecimento da temperatura média da Terra a 2 graus Celsius, que ele ajudou a costurar na Conferência de Copenhague, em 2009, é inatingível até 2020. "Penso que a meta de dois graus está fora de alcance". O ex-secretário-executivo da Convenção-quadro sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês) falou durante uma conferência sobre a saúde do planeta, realizada em Londres, a poucos meses da cúpula Rio +20, em junho, no Rio de Janeiro.

Os 195 países-membro da convenção se comprometeram a limitar a elevação das temperaturas globais a 2 graus Celsius. A meta foi estabelecida por um grupo central de países nas horas finais da Conferência de Copenhague (também conhecida como COP 15), em dezembro de 2009, e formalizada na cúpula de Cancun, um ano depois.

Saiba mais

TEMPERATURA MÉDIA DA TERRA
A temperatura média do planeta Terra é 15 graus Celsius. Essa conta leva em consideração a temperatura dos oceanos e a da superfície. O valor é apenas 5 graus acima da temperatura média da última Era do Gelo, há 11.000 anos. É por isso que os cientistas se importam com cada grau a mais na temperatura da Terra. A meta de 2 graus não é nada modesta. Quanto mais quente, mais prejudicados são os ecossistemas. O calor dilataria a água dos oceanos aumentando o volume dos mares, por exemplo. Além disso, se o aquecimento continuar de forma desenfreada, a humanidade pode entrar em um território perigoso e não explorado. Não existe experiência histórica que diga como a vida no planeta se comportaria caso a temperatura média subisse além dos 20 graus, ou seja, 5 graus acima do valor atual.
Ilusão — Porém, um número cada vez maior de cientistas alerta que o objetivo está se esvaindo sem a realização de cortes radicais nas emissões de gases que aceleram o efeito estufa. Alguns consideram que a meta é uma ilusão política perigosa, uma vez que a Terra caminha para uma elevação da temperatura média de 3 graus ou mais.

"A meta de dois graus está perdida, mas não significa para mim que devamos esquecê-la", disse de Boer. "É uma meta muito significativa, não se trata de um simples alvo que foi tirado do nada, tem a ver com tentar limitar a quantidade de impactos", acrescentou.

Boer criticou a postura de alguns países. "O processo deveria se tratar de como conseguir aproximar o máximo possível dos 2 graus e não dizer 'comecem tudo de novo e formulem uma nova meta', esquecendo que passamos por isso muito recentemente."

Crise — Copenhague representou um limite nas discussões globais sobre o clima. As frustrações da conferência, juntamente com as crises financeira e fiscal que atingiram em cheio os países ocidentais, fizeram muitos governos desacelerar e até restringir seus planos de ação contra as emissões de carbono.

Enquanto isso, o alto preço do petróleo e do gás levaram os países emergentes a queimar cada vez mais carvão, a mais suja das fontes de energia fósseis, aumentando as concentrações atmosféricas de dióxido de carbono, um dos gases que acelera o efeito estufa e provoca mudanças climáticas.

Em 2011, durante a reunião anual da UNFCCC em Durban, na África do Sul, os países concordaram em estabelecer um novo acordo climático em 2015 com entrada em vigor em 2020, colocando tanto os países ricos quanto os pobres pela primeira vez sob restrições legais comuns.

Boer disse esperar que o quinto relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) sirva de incentivo para uma retomada do prazo de 2015. "Felizmente, teremos outro grande relatório do IPCC em 2014 e então, quando os governos se reunirem em 2015 para negociar algo significativo, a ciência disponibilizará as informações para este processo político", afirmou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário