quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

É se a coisa perder o controle isto será mesmo últil pena que não sobrará ninguem para contar ??????

A nova arma de destruição em massa de Bashar Al-Assad

Desde dezembro, o governo da Síria tem usado bombas improvisadas em ataques aéreos para matar civis em áreas controladas por rebeldes

BRUNO CALIXTO
19/02/2014 07h00 - Atualizado em 19/02/2014 07h51
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Imagem disponibilizada pelo Aleppo Media Center, grupo de oposição ao governo sírio, mostra helicóptero do Exército da Síria lançando uma bomba-barril em Alepo em fevereiro de 2014 (Foto: AP Photo/Aleppo Media Center, AMC)
Em agosto do ano passado, o regime de Bashar Al-Assad colocou a comunidade internacional em alerta após utilizar uma arma de destruição em massa em Ghouta. O ataque químico matou centenas de pessoas e desencadeou um processo que por pouco não levou a uma intervenção dos Estados Unidos na guerra. No começo deste ano, enquanto as armas químicas da Síria estão sendo entregues à ONU, um novo tipo de armamento está sendo tão letal quanto. Ironicamente, a arma que está matando civis de forma indiscriminada não é nem de longe tão tecnológica quanto um arsenal químico. É uma bomba improvisada.
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Ela está sendo chamada de bomba-barril. Na verdade, nada mais são do que recipientes metálicos, geralmente barris de petróleo, contendo uma mistura de dinamite, pregos, sucata e estilhaços. Essas bombas-barril estão sendo lançadas manualmente por soldados do governo sírio de helicópteros nas principais cidades com presença rebelde no país, como Homs, Daara e Alepo.
O regime começou a utilizar esse tipo de armamento improvisado em 2012. Os barris eram lançados de helicópteros sobrevoando em baixa altitude, permitindo danificar alvos rebeldes com boa precisão e baixo custo. A estratégia parou de funcionar quando os rebeldes capturaram armamentos portáteis que permitem derrubar helicópteros. Até então, a bomba era apenas uma arma convencional improvisada. A situação mudou a partir de dezembro de 2013, quando o regime começou uma forte ofensiva na cidade de Alepo.
Alepo é uma das maiores cidades do país, e parte dela está sob controle dos rebeldes. Segundo um relatório do Institute for the Study of War, um think tank americano, Assad não tem forças terrestres suficientes para controlar a cidade. Os rebeldes contam com apoio de parte da população e utilizam os prédios e construções como defesa e abrigo, lutando uma guerra de guerrilha. Para recuperar essas áreas, o regime passou a lançar as bombas-barril sobrevoando em altitudes mais altas, longe do alcance das armas rebeldes.
O resultado é devastador. Sem nenhuma precisão, as bombas improvisadas atingem largas áreas habitadas por civis, causando grande destruição, matando indiscriminadamente idosos, mulheres e crianças, derrubando prédios e forçando a população a deixar bairros inteiros de Alepo. "A campanha de bombas-barril de dezembro de 2013 ilustra como o regime passou a infligir mortes em massa em civis a fim de aliviar a pressão e ganhar terreno", diz o relatório do Institute for the Study of War.
A ofensiva se intensificou nas últimas três semanas. Segundo o jornal The New York Times, os bombardeios resultaram na mais recente onda de refugiados no norte da Síria. Estima-se que, desde o começo do ano, mais de 20 mil pessoas cruzaram a fronteira com a Turquia fugindo de Alepo. Nos últimos dias, a ONU contou 2 mil refugiados por dia tentando deixar o país.
O uso de barris como armamento foi criticado e denunciado por várias autoridades do mundo. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu o fim de ataques a civis. O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, descreveu a ofensiva como "o mais recente ato de barbárie do regime sírio". Especialistas em armamentos questionam essas críticas. Segundo eles, as bombas-barril são pouco efetivas e tiram o foco do uso do mísseis e armamentos russos, que estão à disposição de Assad. Ainda assim, segundo o Washington Post, a comunidade internacional deve se preocupar, já que o uso indiscriminado desse tipo de armamento comprova que Assad está disposto a matar uma grande quantidade de civis para vencer a guerra.

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