N° Edição: 2254
| 25.Jan.13 - 21:00
| Atualizado em 26.Jan.13 - 10:13
DESBRAVADOR
O Polar Pod está em fase de produção e
deve ser lançado ao mar em outubro de 2013
A Antártida sempre atraiu aventureiros ávidos por desvendar seu
ambiente inóspito, paisagens deslumbrantes e rica fauna. Muitos
exploradores já passaram pelo continente gelado. Um deles foi o
brasileiro Amyr Klink, primeiro homem a dar a volta ao mundo pelo Polo
Sul, em 1998, sozinho a bordo de seu veleiro Paratii. Agora, um
aventureiro francês de 67 anos pretende deixar também a sua marca por
lá. O explorador Jean-Louis Etienne está construindo uma torre flutuante
equipada com cabine. A embarcação recebeu o nome de Polar Pod, e foi
projetada para navegar ao redor do Polo Sul.
Além do giro, o objetivo é estudar a fauna, a absorção de CO² pelo oceano e a corrente marítima na região. “É a primeira vez que uma embarcação vai passar um ano inteiro fazendo esse trajeto, poderemos observar o ambiente durante todas as estações”, afirma Etienne. Normalmente, os barcos fazem a viagem no verão, para evitar os temíveis ventos do inverno. “É um projeto ‘meio maluco’, mas muito interessante do ponto de vista científico”, diz o glaciólogo Jefferson Simões, professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ele coordena projetos do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) e já participou de 19 expedições polares.
Uma das tarefas mais importantes de Etienne será observar a corrente circumpolar antártica, a maior do planeta. Ela isola a Antártida, deixando o continente mais frio e preservando o manto de gelo. Além disso, transporta águas geladas para outras partes do mundo, o que é essencial para o equilíbrio térmico. “Se ela não existisse, a diferença de temperatura entre os trópicos e os polos seria muito maior”, diz Simões. Essa é a única corrente que dá a volta no globo terrestre. Suas águas geladas absorvem bilhões de toneladas de CO² da atmosfera, por isso a expedição também vai estudar o processo de acidificação dos oceanos.
O projeto, que deve custar cerca de 10 milhões de euros, está em fase
de desenvolvimento. A construção e testes com a embarcação serão
realizados ainda neste ano. Em 2014, as partes da torre e da cabine
serão enviadas para Durban, na África do Sul, onde serão remontadas. A
previsão é de que o Polar Pod seja lançado nas águas da Corrente das
Agulhas, na costa sudoeste da África, em outubro de 2013.
Se as condições oceânicas não estiverem favoráveis para a embarcação sair flutuando desde a Corrente das Agulhas, o Polar Pod será rebocado por um navio até a corrente circumpolar antártica. Nesse caso, os tanques da torre serão preenchidos por ar-comprimido, para que ela flutue horizontalmente. Para colocá-la na posição vertical, os tanques são esvaziados e preenchidos novamente com água do mar, afundando a torre. A embarcação viajará com a força da corrente, empurrada por hélices e equipada com velas que ajudam a direcionar a trajetória. O Polar Pod também conta com um gerador de energia por ondas e turbinas eólicas. Em último caso, um motor movido a diesel, ou à gasolina, poderá ser acionado. Tirando essa exceção, o flutuador não emitirá gases poluentes.
Além do explorador, irão compor a equipe três marinheiros e quatro engenheiros. Todos, inclusive Etienne, serão resgatados por navios ou veleiros algumas vezes ao longo do projeto para descansos em terra firme. Os aventureiros enfrentarão isolamento, ventos de 37 a 46 km/h e ondas que podem chegar a até 20 metros. Isso não assusta Etienne. “Nós temos o exemplo do Flip, embarcação vertical da marinha americana para pesquisas oceanográficas. Ele foi construído há 60 anos e ainda está em operação”, diz. Além disso, afirma o explorador, viajar no Polar Pod é mais confortável do que em navios convencionais, já que ele balança menos.
Etienne é médico especializado em nutrição, biologia do esporte e na
fisiologia da adaptação humana a condições extremas. Em 1986, ele
tornou-se a primeira pessoa a alcançar o Polo Norte sozinho, depois de
viajar por 63 dias a bordo de um trenó. Já explorou o vulcão Erebus, na
Antártida, e em 2010 realizou a primeira travessia do Oceano Ártico a
bordo de um balão. E, se tudo der certo, daqui a dois anos terá a chance
de escrever seu nome na história dos maiores exploradores que já
passaram ao redor do Polo Sul.
Aventura na Antártida
Explorador francês vai passar um ano enfrentando frio glacial, isolamento e ondas de até 20 metros para estudar região responsável pelo equilíbrio climático do planeta
Juliana TiraboschiDESBRAVADOR
O Polar Pod está em fase de produção e
deve ser lançado ao mar em outubro de 2013
Além do giro, o objetivo é estudar a fauna, a absorção de CO² pelo oceano e a corrente marítima na região. “É a primeira vez que uma embarcação vai passar um ano inteiro fazendo esse trajeto, poderemos observar o ambiente durante todas as estações”, afirma Etienne. Normalmente, os barcos fazem a viagem no verão, para evitar os temíveis ventos do inverno. “É um projeto ‘meio maluco’, mas muito interessante do ponto de vista científico”, diz o glaciólogo Jefferson Simões, professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ele coordena projetos do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) e já participou de 19 expedições polares.
Uma das tarefas mais importantes de Etienne será observar a corrente circumpolar antártica, a maior do planeta. Ela isola a Antártida, deixando o continente mais frio e preservando o manto de gelo. Além disso, transporta águas geladas para outras partes do mundo, o que é essencial para o equilíbrio térmico. “Se ela não existisse, a diferença de temperatura entre os trópicos e os polos seria muito maior”, diz Simões. Essa é a única corrente que dá a volta no globo terrestre. Suas águas geladas absorvem bilhões de toneladas de CO² da atmosfera, por isso a expedição também vai estudar o processo de acidificação dos oceanos.
Se as condições oceânicas não estiverem favoráveis para a embarcação sair flutuando desde a Corrente das Agulhas, o Polar Pod será rebocado por um navio até a corrente circumpolar antártica. Nesse caso, os tanques da torre serão preenchidos por ar-comprimido, para que ela flutue horizontalmente. Para colocá-la na posição vertical, os tanques são esvaziados e preenchidos novamente com água do mar, afundando a torre. A embarcação viajará com a força da corrente, empurrada por hélices e equipada com velas que ajudam a direcionar a trajetória. O Polar Pod também conta com um gerador de energia por ondas e turbinas eólicas. Em último caso, um motor movido a diesel, ou à gasolina, poderá ser acionado. Tirando essa exceção, o flutuador não emitirá gases poluentes.
Além do explorador, irão compor a equipe três marinheiros e quatro engenheiros. Todos, inclusive Etienne, serão resgatados por navios ou veleiros algumas vezes ao longo do projeto para descansos em terra firme. Os aventureiros enfrentarão isolamento, ventos de 37 a 46 km/h e ondas que podem chegar a até 20 metros. Isso não assusta Etienne. “Nós temos o exemplo do Flip, embarcação vertical da marinha americana para pesquisas oceanográficas. Ele foi construído há 60 anos e ainda está em operação”, diz. Além disso, afirma o explorador, viajar no Polar Pod é mais confortável do que em navios convencionais, já que ele balança menos.
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