domingo, 8 de setembro de 2013
O Brasil bolivariano do PT mostra a sua cara. Novo presidente da Unasul é um traficante, assassino e caçado pela Interpol. Sua escolha teve apoio de Dilma.
O fugitivo da Justiça, Dési Bouterse, recebeu todo o apoio de
Dilma para presidir a Unasul bolivariana. Não é este o primeiro bandido
apoiado pelo Brasil do PT. E Dilma não quer ser espionada pelos Estados
Unidos.
O comunicado final da mais recente reunião de cúpula da União de Nações
Sul-Americanas (Unisul) enfatizou o compromisso com "valores comuns como a
democracia, o Estado de Direito, respeito absoluto pelos direitos humanos e a
consolidação da América do Sul como uma zona de paz". Se é assim, nada justifica
a entrega da presidência da Unasul ao Suriname, governado pelo notório Dési
Bouterse.
A ficha corrida do presidente surinamês é extensa. Ele foi ditador entre 1980
e 1987, após um sangrento golpe militar, e de 1990 a 1991, também depois de uma
quartelada. É acusado de diversas violações de direitos humanos, em especial o
assassinato de opositores - no caso mais rumoroso, que gerou protestos no mundo
todo, 15 jovens que haviam criticado a ditadura foram torturados e mortos pelos
soldados de Bouterse na calada da noite. Em sua defesa, Bouterse diz que não foi
ele quem "puxou o gatilho".
Em 2000, o ex-ditador foi condenado in absentia pela Justiça da Holanda a 11
anos de prisão sob acusação de tráfico de cocaína. Telegramas vazados pelo
WikiLeaks mostram que Bouterse permaneceu no negócio das drogas pelo menos até
2006, organizando remessas de cocaína colombiana para a Europa, via Brasil, e há
relatos de ex-colaboradores segundo os quais ele forneceu armas às Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em troca de cocaína.
Há uma ordem de prisão contra Bouterse emitida pela Interpol, razão pela qual
ele só consegue viajar por lugares que ignoram essa ordem e o reconhecem não
como criminoso condenado, mas como chefe de Estado. Bouterse, por exemplo,
esteve recentemente no Brasil, como convidado da presidente Dilma Rousseff, para
prestigiar a visita do papa Francisco.
O ex-ditador, que nunca deixou de ser a figura mais influente do Suriname,
tornou-se presidente em julho de 2010, em eleição indireta - ele foi escolhido
pelo Parlamento graças a uma aliança com o partido de Ronnie Brunswijk, que um
dia foi o principal inimigo de Bouterse e hoje é o homem mais rico do Suriname.
Brunswijk também foi condenado na Holanda por tráfico de drogas.
Uma vez de volta ao poder, Bouterse nomeou o filho, Dino - outro
narcotraficante condenado, inclusive no Suriname -, para chefiar a unidade de
combate ao terrorismo no país. Dino esteve diversas vezes na Venezuela para
apoiar Nicolás Maduro na sucessão do caudilho Hugo Chávez e também para negociar
com as Farc a troca de armas por cocaína, segundo o jornal venezuelano El
Nacional.
Foi justamente Dino o pivô do maior constrangimento da Unasul até a presente
data. Poucas horas antes de seu pai tomar posse na presidência da entidade, na
presença dos principais chefes de Estado do continente, ele estava sendo preso
no Panamá portando cerca de 10 quilos de cocaína e um lança-granadas.
Extraditado para os Estados Unidos, ele poderá pegar prisão perpétua.
Nada disso foi o bastante para constranger os dignitários sul-americanos
reunidos em Paramaribo, a capital surinamesa. Nenhum presidente considerou a
hipótese de rever a nomeação de Bouterse. Como se nada tivesse acontecido, a
Unasul desejou "sucesso" ao ex-ditador condenado por narcotráfico.
Na mesma ocasião, como a comprovar a total desmoralização da Unasul, os
presidentes renderam homenagem a Hugo Chávez, ressaltando "a dor do vazio que
sua ausência nos deixou", qualificando-o como "símbolo de uma geração de
estadistas" e exaltando seu "impulso visionário" para a criação da entidade.
Entre as importantes decisões tomadas pela Unasul nessa vergonhosa cúpula está o
compromisso em "participar e auxiliar nas atividades do Ano Internacional da
Quinoa".
Seria apenas cômico, não fosse a Unasul, ao menos no papel, a principal
iniciativa de integração continental. O Brasil poderia ter evitado o vexame
estrelado por Bouterse, se seu governo não estivesse ideologicamente atado a
compromissos que fazem da Unasul um palanque bolivariano. (Estadão)
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