domingo, 29 de setembro de 2013

Uma lapdação da Natureza e ela o faz muito bem....

Grand Canyon do alto: de avioneta ou de helicóptero?

HAROLDO CASTRO (TEXTO E FOTOS), DE LAS VEGAS
26/09/2013 09h33 - Atualizado em 26/09/2013 12h23
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Um dos inúmeros pontos de observação do Grand Canyon, às margens do rio Colorado (Foto: © Haroldo Castro/Época)
Visitar o Grand Canyon – um merecido Ponto de Viajologia – é uma prioridade para qualquer viajante que aprecie paisagens imponentes. Las Vegas é o melhor ponto de partida para realizar qualquer passeio ao mais famoso cânion do mundo, com seus 446 km de extensão.
Existem diversas maneiras de conhecer os meandros formados pelo rio Colorado. Para os leigos, vale notar que não existe apenas um lugar especial para observar o Grand Canyon, como seria o caso, nas Cataratas do Iguassu, do mirante em frente ao Hotel das Cataratas. O visitante pode seguir as margens do rio a dorso de mula, navegar pelas águas do Colorado de bote ou de rafting e ainda descer e subir a pé os mais de 1.000 metros de desnível do cânion.
Uma das perspectivas mais interessantes é a do alto, como se estivéssemos usando a visão de um condor californiano, uma das espécies nobres do Parque Nacional do Grand Canyon. Assim, algumas empresas especializadas em sobrevoos oferecem seus serviços em Las Vegas e no aeroporto próximo à sede do Parque Nacional.
Mas que meio de transporte aéreo escolher? Um passeio de avioneta, com um alcance maior, ou um tour de helicóptero, mais eletrizante?
Graças à generosidade de duas empresas aéreas, não precisei passar pela difícil tarefa de optar por um e abrir a mão de outro.
De um hangar da Grand Canyon Airlines em Boulder City, a 30 minutos de Las Vegas, embarcamos em um avião canadense DeHavilland DHC-6-300 para 17 passageiros e dois pilotos. O avião tem pelo menos 25 anos de idade, mas continua fazendo duas idas-e-voltas diárias ao Grand Canyon.

O bimotor DeHavilland trafega a uma velocidade de 160 nós (300 km/h) pelas paisagens vermelhas e áridas dos estados de Nevada e de Arizona até o Grand Canyon (Foto: © Haroldo Castro/Época)
O passeio custa 200 dólares (R$ 450) e dá direito a escutar a narração (gravada) que explica os principais pontos sobrevoados, como a represa Hoover (construída em 1935 para produzir energia elétrica), o lago Mead (o maior reservatório de água nos Estados Unidos) e o rio Colorado. Entre uma descrição e outra, a trilha sonora escolhida – certamente para dar o clima de grandiosidade – parece ser a de um filme épico, daqueles que anunciam grandes conquistas, como se fossemos os primeiros desbravadores do lugar.
A represa Hoover mostra bem como o ser humano cobiça e logra domar a natureza. A barragem de concreto de mais de 220 metros de altura conseguiu conter o Colorado e criou um lago artificial de 640 km2, equivalente a duas vezes a área urbana de Curitiba. Suas turbinas geram 2.080 megawatts de energia que é consumida nos neons estridentes de Las Vegas e nas residências da Califórnia.

Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, o trânsito de veículos, que passava pelo cume da represa Hoover, foi desviado para um novo viaduto (em primeiro plano) (Foto:  © Haroldo Castro/Época)
A água azul do lago Mead e as areias do deserto de Mojave criam formas e desenhos inusitados quando vistos do alto (Foto: © Haroldo Castro/Época)
O voo de 50 minutos passa rápido. Quando aterrissamos, fico aliviado: quase 20 pessoas em assentos apertados dentro de um bimotor acaba sendo um pouco sufocante. Mas a paisagem é extraordinária. Nota 8.
No dia seguinte, a experiência é ir ao Grand Canyon de helicóptero. Não precisamos perder tempo em uma rodovia, os voos saem de um hangar do aeroporto de Las Vegas. A empresa Maverick possui 36 aeronaves francesas Eurocopter EC-130 (descendentes do conhecido Ecureuil, Esquilo) e tem 55 pilotos de plantão para atender as dezenas de voos diários.
Entramos no helicóptero, que tem capacidade para sete passageiros, três na frente com o piloto, quatro no banco traseiro. Duas desistências de última hora liberam vagas preciosas. Com mais folga, a aeronave fica ainda mais espaçosa. Suas janelas circulares permitem uma excelente visibilidade.
Decolamos. Somos seis helicópteros realizando o mesmo tour, chamado Wind Dancer. Para um périplo de 90 minutos, o custo é de 480 dólares (1.080 reais). Sobrevoamos o norte de Las Vegas e, novamente, a represa Hoover e o lago Mead. Entramos no Grand Canyon e, depois de seguir alguns meandros do rio, o piloto avisa que iremos pousar em um campo privativo da empresa. Graças a um acordo comercial com a tribo indígena Hualapai, a Maverick pode usar algumas plataformas naturais para estacionar seus EC-130.

Quatro Eurocopters EC-130 chegam a um promontório à beira do Colorado, fora do Parque Nacional do Grande Canyon, mas dentro da reserva indígena Hualapai (Foto: © Haroldo Castro/Época)
A pausa é propícia. Aproximo-me da ribanceira para ver o Colorado, lá em baixo (foto de abertura). Estou a menos de 100 metros de altura do leito fluvial e rodeado pelas montanhas vermelhas que deram nome ao rio. Quando volto ao helicóptero, sou recepcionado com uma taça de champanhe. Mesmo se são 12 horas e o sol está a pino, a bebida cai bem – aliás, com um calor de 40º C, qualquer líquido bem geladinho seria bem-vindo.
É tempo de regressar à base. Mudo de assento e fico atrás do piloto, seguindo seus conselhos que esta posição renderá os melhores ângulos fotográficos na volta. O piloto Brian Monroe, de apenas 25 anos, conecta seu iPhone com o sistema de som do helicóptero e todos os passageiros, que precisam usar os fones por uma questão de segurança, acabam seguindo as batidas de Red Hot Chili Peppers enquanto o helicóptero sobrevoa o Colorado em direção a Las Vegas. O passeio de helicóptero foi excelente e ganhou nota 9,5.


Um Eurocopter EC-130 voa dentro do cânion. É um dos melhores momentos da viagem (Foto:  © Haroldo Castro/Época)

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