Quer saber do aquecimento global? Pergunte a ele
ALEXANDRE MANSUR
26/09/2013 19h58
- Atualizado em
26/09/2013 20h35
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Um dos desafios para os cientistas reunidos em Estocolmo no painel da ONU sobre mudanças climáticas,
o IPCC, é explicar o que está havendo com as temperaturas da atmosfera.
Elas não tem esquentado no ritmo previsto pelas projeções do
aquecimento global. Como justificar isso? Alguns críticos afirmam que
pode indicar uma desaceleração da mudança climática. Mas boa parte dos
cientistas afirma que a explicação é outra. Segundo eles, a resposta
está no mar.
Embora afete diretamente nossas vidas, com seus dias de chuva, calor,
frio ou ventos fortes, a atmosfera é uma parte pequena no clima da
Terra. A quantidade de calor armazenada pelos oceanos é um dos mais
importantes indicadores das tendências climáticas globais. Isso porque o
mar fica com 90% do calor que chega ao planeta. A atmosfera guarda
apenas 2%. O calor acumulado nos oceanos responde por quase toda a
energia adicional que a Terra vem guardando, diz o oceanógrafo americano
Stefan Rahmstorf, no blog Real Climate.
Se os gases que despejamos na atmosfera aumentaram a capacidade da
Terra de guardar calor do Sol. E se nosso planeta hoje armazena cada vez
mais calor do Sol do que envia de volta para o espaço, então esse
desequilíbrio deve se manifestar no mar. É exatamente o que ocorre. Medições
feitas pela agência americana de atmosfera e oceanos, a NOAA, mostram
como o oceano está guardando cada vez mais energia.
O gráfico abaixo mostra o calor acumulado no mar até 700 metros de
profundidade. A linha preta mostra a média de energia acumulada (em
joules). A vermelha mostra as médias de dez anos. E a vermelha as médias
de três anos.
Já o gráfico abaixo mostra a variação da energia acumulada pelo mar até 2.000 metros. Repare que o aumento é mais constante.
"Nos últimos 30 anos, a quantidade de energia adicional armazenada
pelos oceanos equivale à explosão de uma bomba atômica de Hiroshima a
cada segundo durante 30 anos", diz Rahmstorf.
O oceano tem dinâmicas próprias para transferir calor para a atmosfera e
influenciar no clima. Uma dessas dinâmicas é o ciclo de El Niño e La
Niña, a alternância de anos quentes e frios no meio do Pacífico. O fato
desse volume todo de água que domina nosso planeta estar aquecendo de
forma tão constante, de um jeito ou de outro, vai se refletir no
comportamento da atmosfera.
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