Ciência
Colonização espacial
Os brasileiros que sonham em colonizar Marte
Projeto Mars One promete enviar em 2023 — em uma viagem só de ida — a primeira equipe de astronautas a Marte. Mesmo não havendo garantias de que a empreitada vá para frente, mais de 10.000 brasileiros estão inscritos
Guilherme Rosa e Mariana Janjacomo
Mais de 200.000 pessoas de todo o mundo se inscreveram
para fazer parte da equipe que vai colonizar Marte. O medo das condições
que irão enfrentar, do isolamento e de tudo não passar de um golpe de
marketing não é suficiente para fazê-los mudar de ideia. A vontade de
entrar para a História é mais forte
(Divulgação)
No século XXI, o espírito desbravador das grandes navegações ganha nova forma. O foco não é mais cruzar o Atlântico, mas o espaço sideral. Em vez de uma missão comandada por nobres e com uma tripulação de marinheiros experientes, a colonização de Marte pode ficar a cargo de uma empresa privada, comandada por executivos com senso de marketing e tripulada por participantes de um reality show. Esse é o plano da Mars One, empresa fundada pelo engenheiro holandês Bas Landsdorp, que pretende enviar 24 pessoas até o planeta a partir de 2023, numa viagem só de ida. Apesar de todo o descrédito com que o projeto foi recebido pela comunidade científica, mais de 200.000 voluntários se inscreveram para participar da missão — desses, 10.289 são brasileiros —, movidos basicamente pelo mesmo desejo que moveu os colonizadores antigos: o de entrar para a História.
A Mars One garante que toda a tecnologia necessária para a missão já existe. Em busca de artimanhas para aumentar sua credibilidade, ela tem entre seus apoiadores cientistas do calibre de Gerard’t Hooft, vencedor do Prêmio Nobel de Física de 1999. Ainda assim, o ceticismo é imenso. Pesquisadores da Nasa — que já afirmou que não vai enviar astronautas para Marte até 2030 —, por exemplo, duvidam que esse tipo de viagem tenha sucesso.
As principais dúvidas estão relacionadas não só à existência de tecnologias capazes de transportar e manter os humanos em segurança no planeta, mas também à fonte de financiamento do projeto. Segundo, a empresa, os 6 bilhões de dólares necessários para bancar a missão virão de doações, cotas de patrocínio e da transmissão do reality show.
As dúvidas, é claro, também afligem os voluntários brasileiros. “Existe o medo geral de que o projeto não passe de uma maneira tosca de ganhar dinheiro, e no fim nunca vá para frente”, diz Edmark Ciminelli, médico de 32 anos que se inscreveu para a viagem. Mesmo assim, o receio não foi suficiente para fazê-lo desistir do plano. Na verdade, ele conta que não pensa em voltar atrás. “Eu quero ser uma desbravador do espaço, como os personagens da série Star Trek. Meus amigos e familiares me chamaram de louco — e em alguns casos querem até me proibir de ir. Mas não têm como me impedir, sei que como médico posso ajudar muito na missão.”
O fato de tudo poder não passar de uma esperta jogada de marketing não foi suficiente para demover nenhum dos 200.000 voluntários, fascinados com a possibilidade de colonizar outro planeta. “Sinceramente, não tenho medo de dar errado. Caso o projeto seja sério e eu seja chamado, ficarei feliz. Se for mentira, não tem problema, pois não vai me impedir de desfrutar a vida aqui na Terra mesmo”, diz José da Silva Neto, 25 anos, militar da Força Aérea Brasileira que também se inscreveu no site da empresa. “De minha parte, essa é uma decisão muito séria. Quero ajudar a mudar a vida de várias pessoas”.
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http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/brasileiros-querem-fazer-historia-em-marte
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