Glaciar Pia: as geleiras da Patagônia estão vivas e em movimento
Leia até o final da reportagem para saber quem ganhou o elefante-marinho de pelúcia!
Se existe uma boa razão para viajar à Patagônia – além das que já enumerei anteriormente neste blog – é ver uma geleira. É uma daquelas paisagens que comprova como nós, seres humanos, somos apenas formiguinhas no planeta quando estamos ao lado de um paredão imenso de gelo azulado. É uma experiência única!
A bordo do Via Australis, não perdi nenhuma oportunidade de ver as diversas geleiras, mesmo se apenas do convés. Uma das tardes mais ricas foi a passagem pela Avenida dos Glaciares no Canal de Beagle. Cada geleira foi batizada com um nome de um país europeu e a tripulação teve a excelente ideia de oferecer um brinde apropriado a cada massa de gelo. Ao passar pelo Glaciar Alemanha, tivemos cervejas e salsichas grátis para todos. Vinte minutos depois, queijo e taças de champanhe para celebrar o Glaciar França. Uma rodada de pizza e copos de vinho para a Itália. A Holanda e a Suíça (Romanche) também ganharam brindes.
Bom mesmo foi desembarcar e ver uma geleira de perto e sentir sua pulsação. Sim, ouvir seus ruídos e estalos. Qualquer glaciar está sempre em movimento. Um movimento mínimo; jamais uma geleira estará parada. Na realidade, é quase impossível passar uma meia hora em frente a um glaciar da Patagônia e não ouvir os sons do gelo se rompendo. Geralmente os estrondos acontecem dentro e não são tão visíveis. Mas, qualquer glaciar que se preze dará um pequeno espetáculo e fará que uma de suas torres ou paredes desmorone e caia na água.
O Glaciar Pia foi uma de nossas paradas. O paredão de gelo é parte do Parque Nacional Alberto de Agostini, localizado a 80 milhas náuticas de Punta Arenas, no Chile.
Grupo de visitantes em frente ao Glaciar Piar. Na água, uma profusão de pedaços de gelo que se desfizeram da geleira.
Com paciência e persistência é possível fotografar o momento exato que um paredão de gelo se solta do glaciar (no centro da foto).
Fotografar este instante da queda é mais fácil do que parece. Bem mais importante do que ter a câmera preparada é possuir um ouvido que reconheça onde o primeiro estalo aconteceu, uma vez que o barulho do rompimento antecede a queda. Identificado o local do som, basta apenas mirar o lugar certo. Durante a hora que passei ao lado do Glaciar Pia, fotografei três quedas diferentes.
Mas, para os leigos – afinal, não existem glaciares no Brasil – o que é uma geleira?
Os glaciares representam o maior reservatório de água doce do planeta. Tanto nas altas montanhas (Andes, Alpes, Himalaias etc) como nas latitudes mais altas (regiões perto dos polos, incluindo a Patagônia), a acumulação da neve forma uma imensa massa de gelo. A neve de um ano que não consegue derreter ficará, no ano seguinte, embaixo de uma nova camada mais fresca. Com o passar dos anos, a neve vai se compactando devido ao próprio peso das novas camadas. Essa compactação cria o “nevado”, uma espécie de neve recristalizada. Muitas décadas depois, o produto será o gelo glaciar. Quanto mais tempo soterrado debaixo deste “rio de neve”, mais compacto o gelo ficará.
Graças à força da gravidade, todos os glaciares estão em movimento, mesmo se de forma imperceptível. As vistas aéreas revelam as geleiras como largos rios brancos que avançam, serpenteando entre montanhas. A discussão sobre as mudanças climáticas tomou novo ênfase quando cientistas concluíram que a maioria das geleiras, tanto nas regiões polares como nas grandes cordilheiras, está em franco retrocesso, diminuindo sua área.
E sua coloração azulada? O gelo da geleira é diferente do que aquele que está no freezer de sua geladeira e não é apenas água congelada. Como a geleira força caminho entre rochas, seu gelo tem uma composição química que inclui partículas de minerais. O gelo glacial foi criado por uma pressão muito acima do normal e absorbe todas as cores do espectro luminoso, com exceção do azul. O que vemos na geleira é a única cor refletida, o azul. Quanto mais compacto o gelo, mais azul ele é.
O gelo “sujo”, com pedrinhas e cascalho, no alto da geleira Pia e no final de seu trajeto. Ao fundo, as camadas mais novas, ainda bem brancas.
Na trilha que leva ao topo do morro, mesmo se continuo fascinado pelo glaciar, consigo olhar para baixo e descobrir uma vegetação frágil e muito diversificada.
Às margens da baía do Glaciar Pia, pedaços de gelo chegam até a terra firme, levadas pelas ondas formadas pelas quedas. Em contato com o ar, os fragmentos tornam-se cada vez mais brancos.
Para retornar ao barco Via Australis é preciso navegar entre os destroços de gelo do Glaciar Pia.
Se existe uma boa razão para viajar à Patagônia – além das que já enumerei anteriormente neste blog – é ver uma geleira. É uma daquelas paisagens que comprova como nós, seres humanos, somos apenas formiguinhas no planeta quando estamos ao lado de um paredão imenso de gelo azulado. É uma experiência única!
A bordo do Via Australis, não perdi nenhuma oportunidade de ver as diversas geleiras, mesmo se apenas do convés. Uma das tardes mais ricas foi a passagem pela Avenida dos Glaciares no Canal de Beagle. Cada geleira foi batizada com um nome de um país europeu e a tripulação teve a excelente ideia de oferecer um brinde apropriado a cada massa de gelo. Ao passar pelo Glaciar Alemanha, tivemos cervejas e salsichas grátis para todos. Vinte minutos depois, queijo e taças de champanhe para celebrar o Glaciar França. Uma rodada de pizza e copos de vinho para a Itália. A Holanda e a Suíça (Romanche) também ganharam brindes.
Bom mesmo foi desembarcar e ver uma geleira de perto e sentir sua pulsação. Sim, ouvir seus ruídos e estalos. Qualquer glaciar está sempre em movimento. Um movimento mínimo; jamais uma geleira estará parada. Na realidade, é quase impossível passar uma meia hora em frente a um glaciar da Patagônia e não ouvir os sons do gelo se rompendo. Geralmente os estrondos acontecem dentro e não são tão visíveis. Mas, qualquer glaciar que se preze dará um pequeno espetáculo e fará que uma de suas torres ou paredes desmorone e caia na água.
O Glaciar Pia foi uma de nossas paradas. O paredão de gelo é parte do Parque Nacional Alberto de Agostini, localizado a 80 milhas náuticas de Punta Arenas, no Chile.
Grupo de visitantes em frente ao Glaciar Piar. Na água, uma profusão de pedaços de gelo que se desfizeram da geleira.
Com paciência e persistência é possível fotografar o momento exato que um paredão de gelo se solta do glaciar (no centro da foto).
Fotografar este instante da queda é mais fácil do que parece. Bem mais importante do que ter a câmera preparada é possuir um ouvido que reconheça onde o primeiro estalo aconteceu, uma vez que o barulho do rompimento antecede a queda. Identificado o local do som, basta apenas mirar o lugar certo. Durante a hora que passei ao lado do Glaciar Pia, fotografei três quedas diferentes.
Mas, para os leigos – afinal, não existem glaciares no Brasil – o que é uma geleira?
Os glaciares representam o maior reservatório de água doce do planeta. Tanto nas altas montanhas (Andes, Alpes, Himalaias etc) como nas latitudes mais altas (regiões perto dos polos, incluindo a Patagônia), a acumulação da neve forma uma imensa massa de gelo. A neve de um ano que não consegue derreter ficará, no ano seguinte, embaixo de uma nova camada mais fresca. Com o passar dos anos, a neve vai se compactando devido ao próprio peso das novas camadas. Essa compactação cria o “nevado”, uma espécie de neve recristalizada. Muitas décadas depois, o produto será o gelo glaciar. Quanto mais tempo soterrado debaixo deste “rio de neve”, mais compacto o gelo ficará.
Graças à força da gravidade, todos os glaciares estão em movimento, mesmo se de forma imperceptível. As vistas aéreas revelam as geleiras como largos rios brancos que avançam, serpenteando entre montanhas. A discussão sobre as mudanças climáticas tomou novo ênfase quando cientistas concluíram que a maioria das geleiras, tanto nas regiões polares como nas grandes cordilheiras, está em franco retrocesso, diminuindo sua área.
E sua coloração azulada? O gelo da geleira é diferente do que aquele que está no freezer de sua geladeira e não é apenas água congelada. Como a geleira força caminho entre rochas, seu gelo tem uma composição química que inclui partículas de minerais. O gelo glacial foi criado por uma pressão muito acima do normal e absorbe todas as cores do espectro luminoso, com exceção do azul. O que vemos na geleira é a única cor refletida, o azul. Quanto mais compacto o gelo, mais azul ele é.
O gelo “sujo”, com pedrinhas e cascalho, no alto da geleira Pia e no final de seu trajeto. Ao fundo, as camadas mais novas, ainda bem brancas.
Na trilha que leva ao topo do morro, mesmo se continuo fascinado pelo glaciar, consigo olhar para baixo e descobrir uma vegetação frágil e muito diversificada.
Às margens da baía do Glaciar Pia, pedaços de gelo chegam até a terra firme, levadas pelas ondas formadas pelas quedas. Em contato com o ar, os fragmentos tornam-se cada vez mais brancos.
Para retornar ao barco Via Australis é preciso navegar entre os destroços de gelo do Glaciar Pia.
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