Ciência
Meio Ambiente
Estiagem deixa efeitos persistentes na Amazônia
Pesquisa estudou força da recuperação da floresta após período de 'seca'
Rio Negro, em época de baixa devido à seca
(Antonio Milena)
CONHEÇA A PESQUISAAlém de observações in loco, a pesquisa se baseou em informações coletadas entre 2000 e 2009 por meio de dados de microondas, via satélite, que não são afetadas por nuvens, a partir de uma sonda da Nasa, e que mostraram os contornos do dossel da floresta, ou seja, da camada superior, que guarda a maior biodiversidade do planeta. Entre as imagens detectadas, ramos nus, folhas devastadas e árvores ausentes — tudo foi relacionado aos efeitos das mudanças climáticas nas florestas tropicais.
Título original: Persistent effects of a severe drought on Amazonian forest canopy
Onde foi divulgada: Proceedings of the National Academy of Sciences
Quem fez: Sassan Saatchi, Salvi Asefi-Najafabady, Yadvinder Malhi, Luiz E. O. C. Aragão, Liana O. Anderson, Ranga B. Myneni e Ramakrishna Nemani
Instituição: California Institute of Technology, University of Exeter, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)
Dados de amostragem: Imagens de satélite entre os anos 2000 e 2009
Resultado: Pesquisa mostra impacto de seca severa na Amazônia e a lenta recuperação da floresta
"Esta é a primeira evidência realmente forte de que a estiagem teve um impacto negativo sobre a floresta", disse Greg Asner, cientista ambiental do Instituto Carnegie para a Ciência, de Stanford, na Califórnia. Para Sassan Saatchi, um dos pesquisadores envolvidos, e especialista em sensoriamento remoto do Jet Propulsion Laboratory (JPL), ligado ao Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia), em Pasadena, se o nível dos rios ficar abaixo do regular ocorrer a cada cinco anos, as florestas podem começar a secar a partir das bordas em direção ao interior.
A partir da pesquisa, cientistas sugerem que a Floresta Amazônica pode não se recuperar prontamente após um período de 'seca'. Isto porque descobriram que mais de 70 milhões de hectares de floresta tropical na Amazônia Ocidental — com quase duas vezes o tamanho do estado da Califórnia — foram atingidas pela seca de 2005 e que a recuperação do dossel se arrastou por muito tempo depois que a seca acabou, com biomassa e plenitude ainda abaixo dos níveis da pré-seca.
A última análise desenha um quadro de estiagem severa provavelmente mais frequentes. A maioria das 'secas' amazônicas são movidas por aquecimento das águas no leste do Oceano Pacífico. Os rios menos caudalosos em 2005 e 2010 parecem ter sido influenciadas por temperaturas mais quentes da superfície do mar no Oceano Atlântico Norte.
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