sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Isto é realmente um problema não só de um mais de uma população em geral, e agora não dá mais para correr atraz está acontecendo e não vai ter mais paralização.

O IPCC subestimou as mudanças climáticas


Um novo estudo mostra que o clima está mudando tão rápido quanto se previa. Em alguns casos, até mais rápido. O ritmo de elevação do nível no mar nas últimas décadas é maior do que o estimado nos últimos relatórios do IPCC, o painel da ONU sobre mudanças climáticas. Já as previsões do IPCC para elevação de temperatura foram bem acuradas. É o que mostra um estudo coordenado por Stefan Rahmstorf do Instituto Potsdam de Pesquisa em Impacto Climático e publicado na revista científica Environmental Research Letters. A equipe de Rahmstorf comparou as projeções das duas últimas edições do IPCC, de 2001 e 2007, com observações reais entre 1990 e 2011. Rahmstorf já vinha antecipando alguns desses resultados.
O IPCC coordena o esforço de milhares de pesquisadores de dezenas de países, inclusive o Brasil, para reunir o conhecimento mais atual e acurado sobre as mudanças climáticas. São pesquisadores de grandes centros de estudos ou universidades.
As previsões sobre aumento de temperatura foram as mais precisas. A pesquisa conclui que o aquecimento causado por gases poluentes, previsto pelos primeiros cientistas a estudar a questão nos anos 1960 e 1970, continua no ritmo de 0,16 grau centígrado por década. E que segue de perto as previsões dos modelos de computador publicadas pelo IPCC.
No gráfico abaixo, a linha rosa mostra as variações nas médias anuais de temperatura globais. A linha vermelha mostra as temperaturas, ajustadas para descontar oslilações cíclicas como o El Niño e erupções vulcânicas passageiras. As temperaturas descritas pelos modelos de computador do IPCC de 2001 formam uma série que começa em 1990 e segue para o futuro. Estão em azul. As médias anuais observadas pelos meteorologistas de 2001 para cá estão dentro da faixa prevista pelo IPCC. Em verde, as temperaturas do IPCC de 2007. As médias observadas desde 2007 também estão dentro da faixa prevista pelo IPCC.

No caso da elevação do nível do mar, o IPCC foi conservador demais. Os oceanos estão subindo mais rápido do que as estimativas do último relatório. Os pesquisadores compararam as previsões do IPCC com medições feitas por satélite com radar. Enquanto o IPCC previa um aumentou de 2 milímetros por ano, os satélites mediram 3,2 milímetros por ano.
No gráfico abaixo, o nível do mar medido por satélite aparece em vermelho. A linha laranja são os registros oficiais de marés. Os cenários previstos pelo IPCC de 2001 estão dentro da faixa azul. Esses cenários começam descrevendo a margem de variação desde 1990 e nos anos seguintes. As linhas verdes são os cenários previstos pelo IPCC de 2007, que descrevem temperaturas desde 2000 e traçam uma faixa de elevação dessas temperaturas. A elevação observada na prática pelo satélite ficou acima da faixa prevista pelos modelos de computador de ambas edições do IPCC.

Para quem conhece a metodologia do IPCC, a pesquisa atual não surpreende. Primeiro porque o esforço para traçar cenários com décadas de antecedência, mesmo usando alguns dos melhores cientistas, matemáticos e computadores do mundo, é sempre arriscado. Além disso, para reduzir a chance de alarmismo, e atenuar as críticas, o painel opta por descartar qualquer dado que não seja confirmado por pelo menos três fontes independentes. E em caso de dúvida fica com a opção mais conservadora. Se ainda assim o que ele descreve são alterações climáticas graves, mais um motivo para levarmos a sério.
(Alexandre Mansur)

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