Casa nas Árvores
São Sebastião (SP)
Arquitetura
- George Mills Arquitetura
Uma espécie de chalé moderno, ecológico e integrado à natureza atendeu
ao sonho do arquiteto George Mills de construir sua casa de veraneio de
uma praia do litoral norte paulista. Simples e funcional, o caixote de
concreto destaca-se em meio à mata por sua estrutura e pela fluida
escada helicoidal (em formato caracol) que liga os pavimentos.
Dono de um terreno situado em uma ilha fluvial em São Sebastião - onde a
Mata Atlântica ainda é exuberante - o arquiteto tinha o desejo de que
“o sertão virasse mar” ao projetar a casa, distante do solo a uma altura
de seis metros: "Gostaria que fosse possível ver a praia de lá, mas,
mesmo sobre a laje da cobertura - nove metros acima do terreno - as
árvores continuam bem mais altas do que a construção, impedindo a
visão."
Foto 20 de 24 - A
mesma escada helicoidal usada como acesso ao pavimento interno da Casa
nas Árvores, alcança a laje de cobertura reservada ao lazer Fabiano Cerchiari/UOL
Se a vista para o mar não pôde ser garantida, ao menos, o arquiteto
assegurou que a vegetação, após a obra, pudesse se reconstituir
naturalmente no vão deixado entre o solo e a laje do primeiro piso. O
espaço entre os pilotis (colunas de sustentação) também liberou a
passagem para os animais silvestres. "Gaviões, tucanos, pica-paus,
macucos e jacu-guaçus são visitas frequentes passeando por cima, por
baixo e até pelo meio da casa quando as portas de correr estão
recolhidas", revela Mills.
O vão livre logo abaixo do primeiro pavimento permite, também, a
construção de mais um pavimento no futuro, que se manterá três metros
distante do terreno e comportará duas suítes.
Destaque na Bienal de Arquitetura
O projeto, que recebeu destaque na premiação da 9
a Bienal de
Arquitetura de São Paulo (nonaBia), realizada em 2011, não foi pensado
apenas para atender aos desejos do arquiteto, mas principalmente como
solução para integrar o homem à Mata Atlântica, preservando-a.
Segundo Mills, atualmente, em torno de 60% da população brasileira mora
em áreas urbanas localizadas dentro desse ecossistema. Além de abrigar a
maioria das cidades e regiões metropolitanas do país, a área original
da floresta sedia os grandes polos industriais, petroleiros e portuários
do Brasil, respondendo por quase 80% do PIB nacional. Por outro lado, o
bem-estar de milhares de brasileiros depende dos recursos ambientais da
floresta, como as nascentes de água.
"A construção em harmonia com a mata é um dever e um direito de todo
cidadão. Esta pequena obra funciona como um chamado para a possibilidade
de reaproximação com a imensa e exuberante biodiversidade, hoje ausente
nas grandes metrópoles", destaca o arquiteto.
Legislação Local
-
O segundo pavimento da Casa nas Árvores, de George Mills, fica nove metros acima do solo
Por estar situada em área de proteção ambiental e entre dois braços de
rio (um dos quais com largura em torno de dez metros), o projeto atendeu
uma série de determinações, como as distâncias mínimas de 30 metros de
um dos rios e de 50 metros do outro, conforme legislação federal. O
processo construtivo também procurou se adequar às condições do terreno.
Assim, por causa da legislação municipal, o projeto original - com
colunas de 12 metros partindo da beira do rio - foi abandonado,
mantendo-se a altura máxima de nove metros para o limite da laje da
cobertura.
Concreto x aço
Conhecido por suas obras em aço, George Mills optou pelo concreto pela
primeira vez na vida, devido à grande diferença de custo e à dificuldade
de acesso à obra. Todo o transporte de materiais e pessoal foi feito
por uma ponte com pequena capacidade estrutural, o que impediria o uso
de guindaste para a montagem da estrutura metálica.
De acordo com o arquiteto, uma das vantagens da estrutura de concreto é
demandar baixa manutenção, além absorver calor mais lentamente do que a
madeira ou o aço, o que representa maior qualidade ambiental visto que,
na mata, as flutuações térmicas e de umidade ultrapassam as
equivalentes urbanas.
A opção de construir com concreto também se deu após uma série de
tentativas em utilizar estruturas de madeira e pela dificuldade de
encontrar esse material devidamente certificado no mercado. Mesmo assim o
madeiramento foi aplicado na casa nos assoalhos, caixilhos e móveis,
todos em peroba rosa reaproveitada, proveniente de restos de demolição
da cidade de São Paulo. O eucalipto tratado em autoclave também foi
utilizado, sendo aplicado nas áreas mais expostas, ao ar livre, como nos
decks e guarda-corpos. Dessa forma, o madeiramento sujeito às
intempéries tem mais resistência a deterioração e à ação de cupins, por
exemplo.
Logística
Em função da dificuldade de acesso, praticamente toda a estrutura de
concreto foi moldada no local, sendo o material (pedra e areia) entregue
por partes, de metro cúbico em metro cúbico. Para a fundação, o projeto
previu uma sapata de concreto para cada pilar, apoiadas diretamente na
laje de pedra que passa por baixo do terreno a um metro de profundidade.
PROJETOS INTEGRADOS À NATUREZA
Moldados em formas de papelão, os pilares contêm no interior um tubo de
PVC por onde escoam as águas pluviais e o esgoto, como também as
instalações elétrica e hidráulicas.
As vigas invertidas, além de suportar a laje, auxiliam na distribuição
horizontal das tubulações, que passam por baixo do assoalho e deck.
Composta por peças de concreto pré-moldado, a escada helicoidal foi
fabricada em São Paulo, sendo transportada e montada no canteiro de obra
em dois dias.
Como fechamento das fachadas da casa, os painéis envidraçados de correr
do chão ao teto controlam o fluxo de ar. Já as pequenas aberturas
teladas protegidas por moldura também de concreto oferecem ventilação
permanente.
Para o acabamento de pisos e paredes, as massas de revestimento e o
concreto foram impermeabilizados sem modificar cor e textura, dando um
aspecto rústico ao todo. A obra demorou um ano e custou R$ 200 mil,
contabilizando mão de obra e material.
(Silvana Maria Rosso, do UOL, em São Paulo).
A
mesma escada helicoidal usada como acesso ao pavimento interno da Casa
nas Árvores, alcança a laje de cobertura reservada ao lazer
Na
laje de cobertura, apesar de não ser possível avistar o mar, há uma boa
área para churrasco. A Casa nas Árvores, de George Mills, está distante
6 m do chão e alinha-se às copas das árvores da Mata Atlântica, no
litoral paulista
Na
laje de cobertura, protegida por deck de eucalipto tratado em
autoclave, as espreguiçadeiras compõem o solário e convidam ao descanso.
A Casa nas Árvores, de George Mills, está distante 6 m do chão e
alinha-se às copas das árvores da Mata Atlântica, no litoral paulista
Planta mostra o pavimento interno da Casa nas Árvores, de George Mills, que está a seis metros de altura
Planta
mostra o pavimento externo da Casa nas Árvores, do arquiteto George
Mills, que se eleva a nove metros do solo e abriga um local de descanso
Inserida
na Mata Atlântica, a Casa nas Árvores foi moldada em concreto "in loco"
e detém um vão de 6m de altura, que deixa o terreno livre para o
desenvolvimento da vegetação e a passagem dos animais silvestres. O
acesso à construção, projetada por George Mills, é feito pela escada
helicoidal, pré-fabricada, que liga os dois pavimentos
De
linhas retas e estruturada em concreto, a casa projetada por George
Mills foi pensada para causar o mínimo impacto à área de Mata Atlântica
que a cerca, na região litorânea de São Paulo
A
vegetação e a casa projetada por George Mills convivem harmoniosamente.
Na construção, o terraço é protegido por um guarda-corpo feito com
cabos de aço e corrimão de madeira
O
terreno que ficou livre sob o vão de 6 m de altura teve a vegetação
replantada, compondo o paisagismo, após o fim da construção. O projeto
da Casa nas Árvores é assinado pelo arquiteto George Mills
Sobre
altos pilotis, a construção de linhas retas e estruturada em concreto é
alçada ao limite das árvores da Mata Atlântica. Com "pernas de pau",
George Mills minimizou o impacto da obra junto à floresta, no litoral
paulista
O
acesso ao primeiro pavimento da Casa nas Árvores, de George Mills, é
realizado pela escada helicoidal localizada na parte externa da
construção
Detalhe
mostra a vista do solo a partir da escada helicoidal que dá acesso à
construção. A casa projetada por George Mills teve o volume estruturado a
6m de altura para diminuir o impacto negativo junto à Mata Atlântica
circundante
Portas
de correr controlam a ventilação, integrando o interior ao exterior na
Casa nas Árvores, desenhada por George Mills. O assoalho, os caixilhos e
os móveis são feitos de peroba rosa reaproveitada conseguida nos restos
de demolição, em São Paulo. Já para o deck e guarda-corpos, que ficam
expostos ao ar livre, o arquiteto optou pelo eucalipto tratado em
autoclave
Quando
as janelas estão abertas, o espaço comunga com a natureza, incentivando
a visita de animais silvestres. A casa projetada por George Mills está
em uma área de Mata Atlântica e foi pensada para criar o mínimo impacto
possível no ambiente
A
laje integra os espaços, limitados pelos móveis na Casa nas Árvores, no
litoral paulista. O projeto de linhas retas é assinado por George Mills
Uma
das extremidades da casa, em sentido longitudinal, abriga o banheiro e a
área destinada ao quarto. O ambiente se integra à Mata Atlântica
através de panos de vidro que vão do chão ao teto. O projeto da Casa nas
Árvores é de George Mills
Uma
das extremidades da casa, em sentido longitudinal, abriga o banheiro e a
área destinada ao quarto. O ambiente se integra à Mata Atlântica
através de panos de vidro que vão do chão ao teto. O projeto da Casa nas
Árvores é de George Mills
Apesar
de simples, o banheiro recebeu assoalho de madeira, piso de cimento na
área molhada e box de vidro. O móvel que apoia a cuba também serve para
acomodar objetos de uso pessoal e toalhas na casa projetada por George
Mills
Apesar
de simples, o banheiro recebeu assoalho de madeira, piso de cimento na
área molhada e box de vidro. O móvel que apoia a cuba também serve para
acomodar objetos de uso pessoal e toalhas na casa projetada por George
Mills
Apesar
de simples, o banheiro recebeu assoalho de madeira, piso de cimento na
área molhada e box de vidro. O móvel que apoia a cuba também serve para
acomodar objetos de uso pessoal e toalhas na casa projetada por George
Mills no litoral paulista
No
centro da construção, delimitadas pelos móveis, estão as áreas de estar
e jantar. Decorada espartanamente, a Casa nas Árvores dispensa adornos e
se nutre da exuberância da Mata Atlântica que a cerca
No
extremo oposto ao quarto, está a cozinha delimitada pelo balcão em
madeira. Janelas do tipo máximo-ar controlam a ventilação natural na
Casa nas Árvores, projetada por George Mills
No
extremo oposto ao quarto, está a cozinha delimitada pelo balcão em
madeira. Janelas do tipo máximo-ar controlam a ventilação natural na
Casa nas Árvores, projetada por George Mills
Junto
à cozinha foi previsto o nicho para a despensa. A Casa nas Árvores,
projetada por George Mills, é equipada apenas com itens básicos. A
construção foi pensada a fim de conseguir uma íntima ligação com a
floresta circundante, no litoral paulista
A
mesma escada helicoidal usada como acesso ao pavimento interno da Casa
nas Árvores, alcança a laje de cobertura reservada ao lazer
Na
laje de cobertura, apesar de não ser possível avistar o mar, há uma boa
área para churrasco. A Casa nas Árvores, de George Mills, está distante
6 m do chão e alinha-se às copas das árvores da Mata Atlântica, no
litoral paulista
Na
laje de cobertura, protegida por deck de eucalipto tratado em
autoclave, as espreguiçadeiras compõem o solário e convidam ao descanso.
A Casa nas Árvores, de George Mills, está distante 6 m do chão e
alinha-se às copas das árvores da Mata Atlântica, no litoral paulista