sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Esta se tornando corriqueiro projetos integrando com a natureza, agora esta pelo Brasil também.

Casa levantada no nível das árvores interage com a vida na Mata Atlântica

Fabiano Cerchiari/UOL
 

Casa nas Árvores

São Sebastião (SP)

Arquitetura

- George Mills Arquitetura
Uma espécie de chalé moderno, ecológico e integrado à natureza atendeu ao sonho do arquiteto George Mills de construir sua casa de veraneio de uma praia do litoral norte paulista. Simples e funcional, o caixote de concreto destaca-se em meio à mata por sua estrutura e pela fluida escada helicoidal (em formato caracol) que liga os pavimentos.
Dono de um terreno situado em uma ilha fluvial em São Sebastião - onde a Mata Atlântica ainda é exuberante - o arquiteto tinha o desejo de que “o sertão virasse mar” ao projetar a casa, distante do solo a uma altura de seis metros: "Gostaria que fosse possível ver a praia de lá, mas, mesmo sobre a laje da cobertura - nove metros acima do terreno - as árvores continuam bem mais altas do que a construção, impedindo a visão."

CASA DE CONCRETO SE ALINHA ÀS COPAS DAS ÁRVORES

Foto 20 de 24 - A mesma escada helicoidal usada como acesso ao pavimento interno da Casa nas Árvores, alcança a laje de cobertura reservada ao lazer Fabiano Cerchiari/UOL
Se a vista para o mar não pôde ser garantida, ao menos, o arquiteto assegurou que a vegetação, após a obra, pudesse se reconstituir naturalmente no vão deixado entre o solo e a laje do primeiro piso. O espaço entre os pilotis (colunas de sustentação) também liberou a passagem para os animais silvestres. "Gaviões, tucanos, pica-paus, macucos e jacu-guaçus são visitas frequentes passeando por cima, por baixo e até pelo meio da casa quando as portas de correr estão recolhidas", revela Mills.
O vão livre logo abaixo do primeiro pavimento permite, também, a construção de mais um pavimento no futuro, que se manterá três metros distante do terreno e comportará duas suítes.
Destaque na Bienal de Arquitetura
O projeto, que recebeu destaque na premiação da 9a Bienal de Arquitetura de São Paulo (nonaBia), realizada em 2011, não foi pensado apenas para atender aos desejos do arquiteto, mas principalmente como solução para integrar o homem à Mata Atlântica, preservando-a.
Segundo Mills, atualmente, em torno de 60% da população brasileira mora em áreas urbanas localizadas dentro desse ecossistema. Além de abrigar a maioria das cidades e regiões metropolitanas do país, a área original da floresta sedia os grandes polos industriais, petroleiros e portuários do Brasil, respondendo por quase 80% do PIB nacional.  Por outro lado, o bem-estar de milhares de brasileiros depende dos recursos ambientais da floresta, como as nascentes de água.
"A construção em harmonia com a mata é um dever e um direito de todo cidadão. Esta pequena obra funciona como um chamado para a possibilidade de reaproximação com a imensa e exuberante biodiversidade, hoje ausente nas grandes metrópoles", destaca o arquiteto.
Legislação Local
  • Fabiano Cerchiari/UOL O segundo pavimento da Casa nas Árvores, de George Mills, fica nove metros acima do solo
Por estar situada em área de proteção ambiental e entre dois braços de rio (um dos quais com largura em torno de dez metros), o projeto atendeu uma série de determinações, como as distâncias mínimas de 30 metros de um dos rios e de 50 metros do outro, conforme legislação federal. O processo construtivo também procurou se adequar às condições do terreno.
Assim, por causa da legislação municipal, o projeto original - com colunas de 12 metros partindo da beira do rio - foi abandonado, mantendo-se a altura máxima de nove metros para o limite da laje da cobertura.
Concreto x aço
Conhecido por suas obras em aço, George Mills optou pelo concreto pela primeira vez na vida, devido à grande diferença de custo e à dificuldade de acesso à obra. Todo o transporte de materiais e pessoal foi feito por uma ponte com pequena capacidade estrutural, o que impediria o uso de guindaste para a montagem da estrutura metálica.
De acordo com o arquiteto, uma das vantagens da estrutura de concreto é demandar baixa manutenção, além absorver calor mais lentamente do que a madeira ou o aço, o que representa maior qualidade ambiental visto que, na mata, as flutuações térmicas e de umidade ultrapassam as equivalentes urbanas.
A opção de construir com concreto também se deu após uma série de tentativas em utilizar estruturas de madeira e pela dificuldade de encontrar esse material devidamente certificado no mercado. Mesmo assim o madeiramento foi aplicado na casa nos assoalhos, caixilhos e móveis, todos em peroba rosa reaproveitada, proveniente de restos de demolição da cidade de São Paulo. O eucalipto tratado em autoclave também foi utilizado, sendo aplicado nas áreas mais expostas, ao ar livre, como nos decks e guarda-corpos. Dessa forma, o madeiramento sujeito às intempéries tem mais resistência a deterioração e à ação de cupins, por exemplo.
Logística
Em função da dificuldade de acesso, praticamente toda a estrutura de concreto foi moldada no local, sendo o material (pedra e areia) entregue por partes, de metro cúbico em metro cúbico. Para a fundação, o projeto previu uma sapata de concreto para cada pilar, apoiadas diretamente na laje de pedra que passa por baixo do terreno a um metro de profundidade.
Moldados em formas de papelão, os pilares contêm no interior um tubo de PVC por onde escoam as águas pluviais e o esgoto, como também as instalações elétrica e hidráulicas.
As vigas invertidas, além de suportar a laje, auxiliam na distribuição horizontal das tubulações, que passam por baixo do assoalho e deck. Composta por peças de concreto pré-moldado, a escada helicoidal foi fabricada em São Paulo, sendo transportada e montada no canteiro de obra em dois dias.
Como fechamento das fachadas da casa, os painéis envidraçados de correr do chão ao teto controlam o fluxo de ar. Já as pequenas aberturas teladas protegidas por moldura também de concreto oferecem ventilação permanente.
Para o acabamento de pisos e paredes, as massas de revestimento e o concreto foram impermeabilizados sem modificar cor e textura, dando um aspecto rústico ao todo. A obra demorou um ano e custou R$ 200 mil, contabilizando mão de obra e material. (Silvana Maria Rosso, do UOL, em São Paulo).


A mesma escada helicoidal usada como acesso ao pavimento interno da Casa nas Árvores, alcança a laje de cobertura reservada ao lazer


Na laje de cobertura, apesar de não ser possível avistar o mar, há uma boa área para churrasco. A Casa nas Árvores, de George Mills, está distante 6 m do chão e alinha-se às copas das árvores da Mata Atlântica, no litoral paulista


 Na laje de cobertura, protegida por deck de eucalipto tratado em autoclave, as espreguiçadeiras compõem o solário e convidam ao descanso. A Casa nas Árvores, de George Mills, está distante 6 m do chão e alinha-se às copas das árvores da Mata Atlântica, no litoral paulista


Planta mostra o pavimento interno da Casa nas Árvores, de George Mills, que está a seis metros de altura


Planta mostra o pavimento externo da Casa nas Árvores, do arquiteto George Mills, que se eleva a nove metros do solo e abriga um local de descanso


Inserida na Mata Atlântica, a Casa nas Árvores foi moldada em concreto "in loco" e detém um vão de 6m de altura, que deixa o terreno livre para o desenvolvimento da vegetação e a passagem dos animais silvestres. O acesso à construção, projetada por George Mills, é feito pela escada helicoidal, pré-fabricada, que liga os dois pavimentos


De linhas retas e estruturada em concreto, a casa projetada por George Mills foi pensada para causar o mínimo impacto à área de Mata Atlântica que a cerca, na região litorânea de São Paulo


A vegetação e a casa projetada por George Mills convivem harmoniosamente. Na construção, o terraço é protegido por um guarda-corpo feito com cabos de aço e corrimão de madeira 


 O terreno que ficou livre sob o vão de 6 m de altura teve a vegetação replantada, compondo o paisagismo, após o fim da construção. O projeto da Casa nas Árvores é assinado pelo arquiteto George Mills


 Sobre altos pilotis, a construção de linhas retas e estruturada em concreto é alçada ao limite das árvores da Mata Atlântica. Com "pernas de pau", George Mills minimizou o impacto da obra junto à floresta, no litoral paulista


O acesso ao primeiro pavimento da Casa nas Árvores, de George Mills, é realizado pela escada helicoidal localizada na parte externa da construção 


 Detalhe mostra a vista do solo a partir da escada helicoidal que dá acesso à construção. A casa projetada por George Mills teve o volume estruturado a 6m de altura para diminuir o impacto negativo junto à Mata Atlântica circundante


 Portas de correr controlam a ventilação, integrando o interior ao exterior na Casa nas Árvores, desenhada por George Mills. O assoalho, os caixilhos e os móveis são feitos de peroba rosa reaproveitada conseguida nos restos de demolição, em São Paulo. Já para o deck e guarda-corpos, que ficam expostos ao ar livre, o arquiteto optou pelo eucalipto tratado em autoclave 

 
Quando as janelas estão abertas, o espaço comunga com a natureza, incentivando a visita de animais silvestres. A casa projetada por George Mills está em uma área de Mata Atlântica e foi pensada para criar o mínimo impacto possível no ambiente
 
A laje integra os espaços, limitados pelos móveis na Casa nas Árvores, no litoral paulista. O projeto de linhas retas é assinado por George Mills
 
Uma das extremidades da casa, em sentido longitudinal, abriga o banheiro e a área destinada ao quarto. O ambiente se integra à Mata Atlântica através de panos de vidro que vão do chão ao teto. O projeto da Casa nas Árvores é de George Mills
 
Uma das extremidades da casa, em sentido longitudinal, abriga o banheiro e a área destinada ao quarto. O ambiente se integra à Mata Atlântica através de panos de vidro que vão do chão ao teto. O projeto da Casa nas Árvores é de George Mills
 
Apesar de simples, o banheiro recebeu assoalho de madeira, piso de cimento na área molhada e box de vidro. O móvel que apoia a cuba também serve para acomodar objetos de uso pessoal e toalhas na casa projetada por George Mills
 
 Apesar de simples, o banheiro recebeu assoalho de madeira, piso de cimento na área molhada e box de vidro. O móvel que apoia a cuba também serve para acomodar objetos de uso pessoal e toalhas na casa projetada por George Mills 
 
Apesar de simples, o banheiro recebeu assoalho de madeira, piso de cimento na área molhada e box de vidro. O móvel que apoia a cuba também serve para acomodar objetos de uso pessoal e toalhas na casa projetada por George Mills no litoral paulista
 
No centro da construção, delimitadas pelos móveis, estão as áreas de estar e jantar. Decorada espartanamente, a Casa nas Árvores dispensa adornos e se nutre da exuberância da Mata Atlântica que a cerca
 
 No extremo oposto ao quarto, está a cozinha delimitada pelo balcão em madeira. Janelas do tipo máximo-ar controlam a ventilação natural na Casa nas Árvores, projetada por George Mills 
 
No extremo oposto ao quarto, está a cozinha delimitada pelo balcão em madeira. Janelas do tipo máximo-ar controlam a ventilação natural na Casa nas Árvores, projetada por George Mills
 
Junto à cozinha foi previsto o nicho para a despensa. A Casa nas Árvores, projetada por George Mills, é equipada apenas com itens básicos. A construção foi pensada a fim de conseguir uma íntima ligação com a floresta circundante, no litoral paulista
 
A mesma escada helicoidal usada como acesso ao pavimento interno da Casa nas Árvores, alcança a laje de cobertura reservada ao lazer
 
 Na laje de cobertura, apesar de não ser possível avistar o mar, há uma boa área para churrasco. A Casa nas Árvores, de George Mills, está distante 6 m do chão e alinha-se às copas das árvores da Mata Atlântica, no litoral paulista
 
 Na laje de cobertura, protegida por deck de eucalipto tratado em autoclave, as espreguiçadeiras compõem o solário e convidam ao descanso. A Casa nas Árvores, de George Mills, está distante 6 m do chão e alinha-se às copas das árvores da Mata Atlântica, no litoral paulista

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