Mais um golpe contra o câncer
Na esteira do sucesso de terapias individualizadas, duas novas drogas chegam ao País para mudar a forma de controlar tumores
Monique Oliveira
O Brasil entrou em 2012 com boas notícias
na luta contra o câncer. Este ano o País começa a usar dois novos
medicamentos que prometem melhorar muito a qualidade de vida dos
doentes. Um deles é o vemurafenibe, contra o melanoma (tipo mais
agressivo de câncer de pele). O outro é o crizotinibe, que combate o
câncer de pulmão, apontado como a principal causa da morte entre homens
no mundo. “São medicamentos que irão realmente mudar o paradigma do
tratamento do câncer”, diz o pesquisador Carlos Gil, coordenador de
pesquisa clínica do Instituto Nacional do Câncer (Inca). “Ao contrário
de outros remédios, essas substâncias foram feitas a partir de testes
que identificaram a mutação genética específica associada ao problema”,
diz. “Elas combatem essa alteração. Não é um tiro no escuro”, explica.
Os medicamentos já estão em uso nos Estados Unidos. E os resultados são impressionantes. Um estudo feito em 30 países com a participação de 160 centros de pesquisa comparou o impacto do tratamento quimioterápico do melanoma ao desempenho obtido com o uso do vemurafenibe em pacientes que nunca tinham experimentado nenhum outro tipo de terapia. O vemurafenibe reduziu o tamanho do tumor, em média, em 48,4%. Bem mais do que a diminuição de 5,5% obtida com a quimioterapia. Outro fato relevante e que tem chamado a atenção da comunidade médica é o tumor ter desaparecido por completo em pelo menos seis dos 675 voluntários do estudo. É essencial, porém, fazer duas ponderações. A primeira é que o novo remédio produz efeitos apenas nos pacientes que possuem uma determinada mutação, a V600E, localizada no gene BRAF. Estima-se que metade das pessoas com melanoma tenha essa mutação. “O remédio é uma esperança dentre outras que estão para se tornar realidade”, diz Antonio Carlos Buzaid, chefe-geral do centro de oncologia do Hospital São José, do grupo Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Além disso, ainda que o tumor tenha desaparecido, os oncologistas só falam em cura cinco anos após o final do tratamento, quando têm certeza de que a doença não voltou. A nova droga contra o melanoma foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na última semana de dezembro.
Os medicamentos já estão em uso nos Estados Unidos. E os resultados são impressionantes. Um estudo feito em 30 países com a participação de 160 centros de pesquisa comparou o impacto do tratamento quimioterápico do melanoma ao desempenho obtido com o uso do vemurafenibe em pacientes que nunca tinham experimentado nenhum outro tipo de terapia. O vemurafenibe reduziu o tamanho do tumor, em média, em 48,4%. Bem mais do que a diminuição de 5,5% obtida com a quimioterapia. Outro fato relevante e que tem chamado a atenção da comunidade médica é o tumor ter desaparecido por completo em pelo menos seis dos 675 voluntários do estudo. É essencial, porém, fazer duas ponderações. A primeira é que o novo remédio produz efeitos apenas nos pacientes que possuem uma determinada mutação, a V600E, localizada no gene BRAF. Estima-se que metade das pessoas com melanoma tenha essa mutação. “O remédio é uma esperança dentre outras que estão para se tornar realidade”, diz Antonio Carlos Buzaid, chefe-geral do centro de oncologia do Hospital São José, do grupo Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Além disso, ainda que o tumor tenha desaparecido, os oncologistas só falam em cura cinco anos após o final do tratamento, quando têm certeza de que a doença não voltou. A nova droga contra o melanoma foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na última semana de dezembro.
LUTA
Em maio de 2010, o vendedor paulistano Rodrigo Pasquinelli, 29 anos,
descobriu que tinha um melanoma. Após fazer um
exame específico para saber se possuía a mutação do gene BRAF,
ele começou a usar um dos medicamentos em teste.
“A droga eliminou minha dor no braço e diminuiu o tumor.”
A nova opção terapêutica não representa a cura do câncer de pulmão. “Ainda teremos de mapear muitas mutações que podem ocorrer de forma simultânea nos tumores”, disse à ISTOÉ Ross Camidge, diretor do programa de câncer de pulmão do Hospital Universitário da Universidade de Colorado, nos Estados Unidos. “Não chegamos à cura, mas encontramos uma maneira de melhorar a qualidade de vida desses pacientes, sem tantos efeitos colaterais.”
ARMAS
O médico Buzaid comemora a chegada de mais uma opção
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