NEGÓCIOS
Nº edição: 746 |
Negócios |
20.JAN.12 - 21:00
| Atualizado em 22.01 - 05:00
A tropa do choque
As vendas de carros elétricos são ainda ínfimas. Mas as montadoras investem pesado. Qual a razão?
Por Marcio ORSOLINI, enviado especial a Detroit
Os carros ecologicamente corretos são atualmente os
queridinhos das montadoras. Isso ficou evidente no Salão de Detroit, que
terminou na semana passado nos EUA. Dos 32 novos modelos, pelo menos um
terço era elétrico ou híbrido. Uma verdadeira tropa do choque. Tanto
alarde, contudo, ainda é inversamente proporcional ao tamanho do mercado
nos Estados Unidos. Estima-se que apenas 3% dos carros vendidos no país
sejam ecologicamente corretos. Com o mercado automotivo americano em
recuperação após a crise de 2008, fica a dúvida sobre o porquê de tanto
investimento em carros verdes. Afinal, eles dão pouco retorno. O
presidente mundial da Ford, Allan Mulally, explica: “É uma maneira de
mostrar inovação e oferecer alternativas ao consumidor.” Ligados na tomada: as elétricos Toyota FCV-R (1), Nissan e-NV200 (2) e Smart For-Us (3)
são conceitos, ao contrário do Jetta Híbrido, da VW (4), e do Ford Fusion Híbrido (5).
A companhia apresentou as versões híbrida e plug-in do Fusion 2013,
que deve chegar ao Brasil em breve, o modelo elétrico do Focus e o
híbrido e plug-in C-MAX. Investir em carros ecológicos vai ao encontro
da crescente preocupação do consumidor com o meio ambiente. Para as
montadoras é também uma questão de melhorar sua imagem. “A companhia que
não apresentar pelo menos um carro conceito ecológico perde espaço com
os consumidores”, diz David Wuong, vice-presidente da consultoria
americana Kaiser Associates. A corrida pelo verde começou a ganhar mais
competitividade em 1997, com o lançamento do híbrido Prius, da Toyota no
Japão, o maior caso de sucesso da categoria, que até hoje vendeu 2,3
milhões de unidades no mundo e chega ao Brasil neste ano.
Ainda assim o mercado permanece pequeno. Em 2011, foram vendidos
nos Estados Unidos apenas 274.862 carros verdes. Para se ter uma ideia,
só a GM, líder no país, vendeu 2,5 milhões de unidades de todos os seus
modelos. Especialistas acreditam que as vendas podem crescer, mas as
montadoras ainda precisam aperfeiçoar as tecnologias e fazer com que os
preços caiam para dar mais escala e gerar mercado. Atualmente 40% dos
potenciais compradores desistem de adquirir um modelo desses por conta
do elevado preço. “Enquanto isso não acontece, essa enxurrada de
lançamentos é uma maneira de as montadoras despertarem mais o interesse
do consumidor e assim forçar uma demanda”, diz João Carlos Rodrigues,
diretor-presidente da JATO Dynamics do Brasil.
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