14/01/2012 - 18h55
Do UOL, em Detroit (EUA)*
Após dois dias exclusivos para a imprensa especializada, dois dedicados
aos profissionais de imprensa e uma pré-abertura de gala, que reuniu 12
mil convidados dispostos a pagar US$ 250 pela entrada com renda
revertida a instituições locais de caridade, o Salão de Detroit 2012
abriu suas portas ao público em geral neste sábado (14). O evento deste
ano, que teve cobertura total de UOL Carros,
traz cerca de 450 veículos, diversos lançamentos e -- o principal --
mostra que a indústria automotiva soube contornar (algumas marcas com
mais sucesso que outras) o grave período de crise dos últimos três anos e
ainda deu passos importantes em direção ao futuro.
A organização do evento espera receber cerca de 750 mil visitantes até o encerramento, no dia 22. Em 2011, pouco mais de 730 mil pessoas passaram pelo pavilhão do Cobo Center. Este ano, os ingressos para o público custam de US$ 6 a 12 (algo entre R$ 11 e 22, portanto mais em conta que aqueles pagos pelo brasileiro no último Salão do Automóvel de São Paulo) e dão ao visitante a chance de acompanhar as novidades desta indústria temperada pelos tempos difíceis e atenta à inovação.
MOTOR DO PAÍS
Enquanto o resto da economia americana ainda se vê envolta em incertezas e aposta na cautela, a indústria automotiva consegue firmar planos de investimento, entrega novos produtos e oferece alternativas ao americano.
Com cerca de 13 milhões de carros entregues no último ano, a indústria americana voltou a ter a líder de vendas global (a GM, que deixou Volkswagen e a antiga líder Toyota para trás) e promete manter o crescimento para 2012.
O presidente Barack Obama não compareceu ao salão, mas fez questão de elogiar ações como a da Ford, única das três gigantes locais a passar pela crise sem pedir dinheiro público, e que anunciou um plano de US$ 16 bilhões (quase R$ 30 bilhões) para o desenvolvimento de novas tecnologias e a criação de 2 mil empregos até 2015. A GM teve ação semelhante, embora ainda acenda o sinal amarelo para a situação da europeia Opel, prevendo um 2012 ainda difícil; a Chrysler adiantou o pagamento de sua dívida e juros, é 58% controlada pela Fiat e se mostra cada vez mais aberta à tecnologia europeia. Todas agradam ao presidente dos Estados Unidos.
"Estas empresas (automotivas) estão investindo e serão recompensadas", declarou Obama ao jornal local "Detroit News".
NOVO MOMENTO
O que todas as marcas querem mostrar no Salão de Detroit 2012 é que o automóvel não deve figurar como vilão de cidades congestionadas e responsáveis pelo aquecimento global ou pela escassez de recursos naturais. Mostram o carro como ferramenta de mobilidade a serviço do homem e prometem, uma máquina feita parar zelar pelo dono.
Esportivos, utilitários e carros de luxo ainda fazem parte do sonho automotivo -- da primeira categoria são os protótipos Acura NSX e Lexus LF-LC e os reais Hyundai Veloster Turbo e Genesis Coupé, da segunda o novo Nissan Pathfinder, e da última o conversível Mercedes-Benz SL 2013.
Mas empurradas pela obrigação de entregar carros mais eficientes e econômicos, as marcas mostraram menos conceitos espalhafatosos e mais veículos reais ou quase prontos, todos cumpridores dos limites de autonomia, não importando o tipo de motorização.
A Ford fez, talvez, o lançamento mais comentado do salão: o novo Fusion é um carro global (mais vendas, menores custos) e feito para agradar ao atual momento do mercado americano, que busca carros compactos (aqui no Brasil, carros de porte médio). Pronto para ser alçado ao estrelato, se mostrou em diferentes versões, seja com motor a combustão mais racional, forte e econômico (o Ecoboost tem injeção direta e turbo para andar mais e mais rápido bebendo menos gasolina), propulsão híbrida (que seguirá vindo ao Brasil) ou motor totalmente elétrico.
A Volkswagen visa crescer mais nos EUA e ampliou a linha do Jetta com a versão híbrida -- para o futuro, a marca prometeu a volta de modelos que o público quer, como o Bulli, que também poderá ser chamado de nova Kombi. A já estabelecida Toyota faz de tudo para recuperar sua imagem arranhada por problemas próprios e catástrofes: desta vez, apresentou o Prius C, versão compacta do Prius, que promete fazer até 22 km/l e colocar o comprador para pensar se vale a pena investir no tradicional Corolla, que custa US$ 2 mil a menos, ou apostar na novidade, poupar algum combustível e ter mais espaço de carga.
A GM também se mostrou globalizada: sua principal atração foi o SUV compacto Buick Encore, desenvolvido por americanos e chineses (e, em paralelo, por europeus) e que fica aberto como alternativa para o mercado sul-americano, caso o ataque da Ford com seu EcoSport se mostre certeiro. Há ainda o sedã Cadillac ATS, que mira a Europa novamente. E ainda dois conceitos compactos, mostrando que o mercado americano realmente está mudando.
OUTRA VISÃO
A Chrysler, gerida pela Fiat, usou o nome de um muscle-car lendário em um carro de origem italiana e filosofia contemporânea: o novo Dart esquece o passado de garanhão e aposta mais na tecnologia do que na simples relação peso/potência. Muito confortável, promete integração total com dispositivos móveis e total liberdade de configuração pelo dono.
Integração e liberdade, aliás, são previstos por diversos fabricantes de carros e de peças. O carro do futuro, previsto para ir às ruas maciçamente em 2020, começa a ser mostrado este ano: tanto o Dart, quando o Ford Fusion e o Prius prometem se valer de informações de redes sociais (do cliente) e de dados (públicas) para se mostrarem mais úteis ao motorista e seguros de uma forma geral. No futuro nada distante, a interface promete ser ainda mais completa, a ponto de quase dispensar a ação do motorista como a conhecemos atualmente. Será, de fato, uma outra maneira de enxergar o automóvel, mas a mudança de ponto-de-vista começa agora.
Algumas das máquinas ali expostas:
Foto 1 de 31 - Sob forma de conceito e com o emblema da divisão de luxo
Foto 2 de 31 - Traseira arrojada no esportivo conceitual
Foto 6 de 31 - Ainda um conceito, o elétrico BMW i8 vai a Detroit também
Foto 11 de 31 - Cupê conceitual Chevrolet Tru 140S
Foto 12 de 31 - Traseira do Chevrolet Tru 140S lembra mistura de Infiniti com Hyundai e insinua motor empolgante
Foto 19 de 31 - Só um pouquinho arrojado, né? Lexus LF-LC, estudo de cupê esportivo
Foto 20 de 31 - Outro ângulo do Lexus LF-LC
Foto 21 de 31 - Divisão de luxo da Ford mostra o Lincoln MKZ Concept, variação do Fusion
Foto 24 de 31 - Detroit tem a estreia do Mini Roadster
Foto 27 de 31 - Esboço de um sedã: Toyota NS4
Foto 28 de 31 - Mais um ângulo do Toyota NS4, que é híbrido plug-in
Salão de Detroit 2012 mostra marcas amadurecidas e de olho no futuro
Eugênio Augusto BritoDo UOL, em Detroit (EUA)*
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Visitante observa um Ford Mustang Boss exposto de lado,
durante o Salão de Detroit 2012; maior e mais interessante que o
anterior, evento abriu suas portas ao público neste sábado (14)
A organização do evento espera receber cerca de 750 mil visitantes até o encerramento, no dia 22. Em 2011, pouco mais de 730 mil pessoas passaram pelo pavilhão do Cobo Center. Este ano, os ingressos para o público custam de US$ 6 a 12 (algo entre R$ 11 e 22, portanto mais em conta que aqueles pagos pelo brasileiro no último Salão do Automóvel de São Paulo) e dão ao visitante a chance de acompanhar as novidades desta indústria temperada pelos tempos difíceis e atenta à inovação.
MOTOR DO PAÍS
Enquanto o resto da economia americana ainda se vê envolta em incertezas e aposta na cautela, a indústria automotiva consegue firmar planos de investimento, entrega novos produtos e oferece alternativas ao americano.
Com cerca de 13 milhões de carros entregues no último ano, a indústria americana voltou a ter a líder de vendas global (a GM, que deixou Volkswagen e a antiga líder Toyota para trás) e promete manter o crescimento para 2012.
O presidente Barack Obama não compareceu ao salão, mas fez questão de elogiar ações como a da Ford, única das três gigantes locais a passar pela crise sem pedir dinheiro público, e que anunciou um plano de US$ 16 bilhões (quase R$ 30 bilhões) para o desenvolvimento de novas tecnologias e a criação de 2 mil empregos até 2015. A GM teve ação semelhante, embora ainda acenda o sinal amarelo para a situação da europeia Opel, prevendo um 2012 ainda difícil; a Chrysler adiantou o pagamento de sua dívida e juros, é 58% controlada pela Fiat e se mostra cada vez mais aberta à tecnologia europeia. Todas agradam ao presidente dos Estados Unidos.
"Estas empresas (automotivas) estão investindo e serão recompensadas", declarou Obama ao jornal local "Detroit News".
NOVO MOMENTO
O que todas as marcas querem mostrar no Salão de Detroit 2012 é que o automóvel não deve figurar como vilão de cidades congestionadas e responsáveis pelo aquecimento global ou pela escassez de recursos naturais. Mostram o carro como ferramenta de mobilidade a serviço do homem e prometem, uma máquina feita parar zelar pelo dono.
Esportivos, utilitários e carros de luxo ainda fazem parte do sonho automotivo -- da primeira categoria são os protótipos Acura NSX e Lexus LF-LC e os reais Hyundai Veloster Turbo e Genesis Coupé, da segunda o novo Nissan Pathfinder, e da última o conversível Mercedes-Benz SL 2013.
Mas empurradas pela obrigação de entregar carros mais eficientes e econômicos, as marcas mostraram menos conceitos espalhafatosos e mais veículos reais ou quase prontos, todos cumpridores dos limites de autonomia, não importando o tipo de motorização.
A Ford fez, talvez, o lançamento mais comentado do salão: o novo Fusion é um carro global (mais vendas, menores custos) e feito para agradar ao atual momento do mercado americano, que busca carros compactos (aqui no Brasil, carros de porte médio). Pronto para ser alçado ao estrelato, se mostrou em diferentes versões, seja com motor a combustão mais racional, forte e econômico (o Ecoboost tem injeção direta e turbo para andar mais e mais rápido bebendo menos gasolina), propulsão híbrida (que seguirá vindo ao Brasil) ou motor totalmente elétrico.
A Volkswagen visa crescer mais nos EUA e ampliou a linha do Jetta com a versão híbrida -- para o futuro, a marca prometeu a volta de modelos que o público quer, como o Bulli, que também poderá ser chamado de nova Kombi. A já estabelecida Toyota faz de tudo para recuperar sua imagem arranhada por problemas próprios e catástrofes: desta vez, apresentou o Prius C, versão compacta do Prius, que promete fazer até 22 km/l e colocar o comprador para pensar se vale a pena investir no tradicional Corolla, que custa US$ 2 mil a menos, ou apostar na novidade, poupar algum combustível e ter mais espaço de carga.
A GM também se mostrou globalizada: sua principal atração foi o SUV compacto Buick Encore, desenvolvido por americanos e chineses (e, em paralelo, por europeus) e que fica aberto como alternativa para o mercado sul-americano, caso o ataque da Ford com seu EcoSport se mostre certeiro. Há ainda o sedã Cadillac ATS, que mira a Europa novamente. E ainda dois conceitos compactos, mostrando que o mercado americano realmente está mudando.
OUTRA VISÃO
A Chrysler, gerida pela Fiat, usou o nome de um muscle-car lendário em um carro de origem italiana e filosofia contemporânea: o novo Dart esquece o passado de garanhão e aposta mais na tecnologia do que na simples relação peso/potência. Muito confortável, promete integração total com dispositivos móveis e total liberdade de configuração pelo dono.
Integração e liberdade, aliás, são previstos por diversos fabricantes de carros e de peças. O carro do futuro, previsto para ir às ruas maciçamente em 2020, começa a ser mostrado este ano: tanto o Dart, quando o Ford Fusion e o Prius prometem se valer de informações de redes sociais (do cliente) e de dados (públicas) para se mostrarem mais úteis ao motorista e seguros de uma forma geral. No futuro nada distante, a interface promete ser ainda mais completa, a ponto de quase dispensar a ação do motorista como a conhecemos atualmente. Será, de fato, uma outra maneira de enxergar o automóvel, mas a mudança de ponto-de-vista começa agora.
Algumas das máquinas ali expostas:
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