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Paulo Coelho boicota Feira de Frankfurt e critica governo brasileiro
Em entrevista a jornal alemão, escritor reclama da seleção de convidados para evento e chama governo brasileiro de "desastre". Autor diz que não vai a Frankfurt por discordar do modo como o país mostra sua literatura.
Em entrevista publicada neste domingo (06/10) pelo jornal alemão Welt am Sonntag,
o escritor Paulo Coelho fez graves acusações ao governo brasileiro e
disse que não vai à Feira do Livro de Frankfurt. O evento literário,
onde o Brasil é país convidado, se realiza da próxima quarta-feira até
domingo.
Coelho citou, como motivo do boicote, sua discordância em relação à lista dos convidados para integrar a delegação oficial brasileira de autores, de responsabilidade do Ministério da Cultura, e da qual ele faz parte. "Duvido que todos sejam escritores profissionais", afirmou.
Coelho citou, como motivo do boicote, sua discordância em relação à lista dos convidados para integrar a delegação oficial brasileira de autores, de responsabilidade do Ministério da Cultura, e da qual ele faz parte. "Duvido que todos sejam escritores profissionais", afirmou.
"Dos 70 convidados, só conheço 20, nunca ouvi falar dos
outros 50. São, presumivelmente, amigos dos amigos dos amigos. Um
nepotismo. O que mais me aborrece: existe uma nova e excitante cena
literária no Brasil. Muitos desses jovens autores não estão na lista”,
acusou.
Coelho disse à publicação alemã que já tinha criticado
abertamente a seleção e que "fez o melhor que pôde" para que alguns não
convidados fossem incluídos na lista – sem sucesso. "Então decidi, como
protesto, não ir a Frankfurt", concluiu. Coelho citou na entrevista a
ausência de Eduardo Sphor, Carolina Munhoz, Thalita Rebouças, André
Vianco, Felipe Neto e Raphael Draccon.
Laços fortes com Frankfurt
O escritor comentou que não foi uma decisão fácil, não
só devido aos laços fortes e à estima que nutre pela feira. "Há muitos
anos desejava ser convidado pelo meu governo para um evento como esse",
ressaltou, reiterando que não irá a Frankfurt por não concordar com "a
maneira como o Brasil apresenta sua literatura".
"Não quero posar agora de Robin Hood. Não sou Zorro nem
Cavaleiro Solitário. Mas não me sentiria bem em pertencer a uma
delegação oficial de escritores brasileiros que na maioria eu não
conheço, enquanto muitos escritores profissionais de meu país não foram
convidados", justificou.
Na entrevista, também não faltaram acusações contra o governo brasileiro, com o qual Coelho se diz "muito decepcionado". "Para mim, o atual governo é um desastre. Não importa onde estou, sou sempre perguntado sobre o que está acontecendo de errado no meu país. O governo prometeu mundos e fundos e não cumpriu nada. Isso é o que está errado", ressaltou.
Na entrevista, também não faltaram acusações contra o governo brasileiro, com o qual Coelho se diz "muito decepcionado". "Para mim, o atual governo é um desastre. Não importa onde estou, sou sempre perguntado sobre o que está acontecendo de errado no meu país. O governo prometeu mundos e fundos e não cumpriu nada. Isso é o que está errado", ressaltou.
Críticas de racismo
Esta não é a primeira polêmica que envolve os autores
brasileiros escolhidos para participar na Feira de Frankfurt. Tanto a
organização do evento como o Ministério da Cultura brasileiro foram
criticados em reportagem publicada em agosto pelo jornal alemão
Süddeutsche Zeitung devido à pequena quantidade de escritores negros
entre os convidados: de 70, apenas um, além de um descendente de
indígenas.
Na ocasião, o presidente da feira, Jürgen Boos, e a
ministra brasileira da Cultura, Marta Suplicy, afirmaram que os
critérios de seleção não foram étnicos, mas sim estéticos e de produção
literária. Em comentário publicado no serviço de mensagens curtas
Twitter, Paulo Coelho rebateu com sarcasmo a justificativa da ministra.
"Frankfurt2013, mais palhaçada. Na minha opinião, critério foi 'meus
amigos vão'."
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