Na Câmara, Lula defende reforma política e diz que povo foi à rua para "comer filé"
Do UOL, em Brasília
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Zeca Ribeiro/Câmara dos DeputadosO ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhou nesta terça-feira (29) a medalha "Suprema Distinção" da Câmara
Em seu discurso após receber a homenagem, Lula disse que os protestos que tomaram conta do país em junho se devem à melhora no nível de vida dos brasileiros, mas estimulou os jovens a não perderem o interesse na política. "Nós tivemos em junho uma lição de civilidade democrática. (...) O povo foi para a rua exigir um pouco mais de Estado. (...) O povo foi para a rua pra dizer que precisa de mais coisas porque ele aprendeu a comer contra-filé e ele não quer voltar a comer acém. Ele quer comer filé de verdade. Ele quer ser tratado como cidadão de primeira classe."
Ao defender o exercício da política como meio de reivindicar melhoras, Lula disse que "vimos uma parte daquela movimentação [dos protestos de junho] negar a política, como se nada prestasse". Mas, para o ex-presidente, esse é o momento do Congresso "dizer para a juventude que não adianta ser contra a política. A coisa mais extraordinária e exuberante que eu vivi é a convivência democrática de construir diálogo na diversidade".
O petista defendeu a reforma política para ampliar a participação da sociedade no processos legislativos. "Não vejo outra maneira de continuar a exercer a política como atividade transformadora."
O ex-presidente defendeu o Congresso das críticas que recebeu durante as manifestações pelo país. Ele disse que o Legislativo é o poder "que mais se expõe a críticas da mídia" e declarou que "não tem nada mais nobre que o exercício do mandato parlamentar", porque é renovado a cada quatro anos.
O petista chegou até mesmo a elogiar a oposição durante sua fala. "Quero compartilhar essa distinção [medalha] com os deputados que contribuíram para mudar o brasil, incluindo os que fizeram oposição ao governo."
O ex-presidente fez elogios ao seu governo (2003-2010), exaltando o Bolsa Família, a geração de empregos e o acesso de estudantes à universidade. "Foi um presidente sem diploma universitário e um vice sem diploma universitário que vão passar para a história como a dupla que mais fez universidades no país", disse, em referência a si mesmo e ao ex-vice-presidente José Alencar.
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