Falta remédio e sobra cupim em hospital do Rio
Josias de Souza
O procurador Suiama visitou o hospital na semana passada. Mas só nesta segunda (14), seus achados foram noticiados na página eletrônica da Procuradoria da República no Rio. Ele verificou que faltam no hospital federal do Andaraí até medicamentos de uso corriqueiro –Dipirona e Tramal, por exemplo— e insumos dos mais básicos –gaze, dispositivos de dieta enteral, próteses ortopédicas e extensores para administração de medicamentos via parenteral.
Hoje, segundo admitiu a própria administração do hospital, faltam no almoxarifado 38 produtos e na farmácia 14 tipos de remédios. Como se fosse pouco, o hospital não consegue armazenar adequadamente os insumos que recebe. O material encontra-se estocado no subsolo do prédio. O lugar é sujo, úmido e insalubre. Há tubulações e fios soltos.
Mais: durante a inspeção encontaram-se produtos com data de validade vencida. Pior: havia no local mais de uma dezena de caixas de sondas que, atacadas por cupins, tiveram de ser inutilizadas. Outros produtos comprometidos pela má conservação encontravam-se dentro de caixas em torno das quais os funcionários colaram uma fita vermelha com o aviso de que precisariam ser esterilizados (veja fotos em documento disponível aqui).
O procurador Suiama foi ao Andaraí para verificar pessoalmente a existência de flagelos que o fizeram abrir um procedimento contra o hospital federal. Os próprios gestores do hospital reconheceram que, entre novembro e dezembro de 2012, 14 cirurgias foram adiadas por falta de material anestésico e cirúrgico. Noutra inspeção, feita em agosto passado, ortopedistas haviam informado que há três meses não realizavam cirurgias na emergência do hospital por falta de pinos e outros materiais.
A inepcia do hospital do Andaraí não é, como se sabe, um fenômeno localizado. Espraia-se por unidades do SUS em todo país. Que o diga a diarista Rozevelde da Silva, 55. Paciente do Hospital Municipal de São José, na cidade catarinense de Joinville, ela espera há dois anos por uma cirurgia ortopédica no quadril. Em desespero, decidiu deflagrar um protesto solitário nesta segunda-feira (14). Acorrentou-se às grades do hospital.
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