Ciência
Astronomia
Astrônomos conseguem medir a desaceleração da expansão do Universo
Pesquisa foi capaz de medir, pela primeira vez, de modo preciso o quanto o Universo diminuiu a velocidade de sua expansão há 11 bilhões de anos
O levantamento feito com o telescópio do Sloan, no Novo
México, é um dos mais relevantes projetos em astronomia já realizados.
Os dados do Sloan podem ajudar a compreender a composição da chamada
energia escura, a responsável pela aceleração da expansão do Universo.
(Fermilab Visual Media Services)
Tentar compreender qual a composição dessa tal energia escura — sobre a qual não conhecemos rigorosamente nada — é a nova fronteira do conhecimento que os astrofísicos tentam superar. "Vai ser uma revolução. Ela pode simplesmente ser uma nova força da natureza, o que mostra que a nossa física não explica tudo", afirma Luiz Nicolaci, astrofísico do Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LineA), no Rio de Janeiro. Não à toa, o prêmio Nobel de Física do ano passado foi concedido a Saul Perlmutter, Brian Schimidt e Adam Reiss, responsáveis pelo mais importante estudo sobre a expansão do Universo até o momento.
Saiba mais
ENERGIA ESCURAA energia escura é uma componente descoberta recentemente que representa 70% do conteúdo do Universo. Ela é a suposta responsável pela aceleração da expansão do Universo.
SLOAN DIGITAL SKY SURVEY (SDSS)
O Sloan Digital Sky Survey, atualmente na sua terceira edição, é um levantamento que conseguiu produzir, no ano passado, a maior imagem já feita do Universo, engloando milhares de objetos celestes. O projeto, que já dura mais de 10 anos, é considerado um dos de maior impacto na astronomia, tendo rendido até o momento mais de 4.000 publicações e 150.000 citações.
Ao analisar com precisão uma fotografia do comportamento do Universo numa época tão longínqua, os astrônomos esperam combinar os dados com os obtidos em outros estudos para, no futuro, elaborar uma teoria que contemple essa nova força.
"O valor dessa pesquisa é a possibilidade de vermos como o Universo evoluiu em diferentes épocas da sua existência", afirma Nicolaci, para quem a pesquisa contribui na tentativa de compreender a composição da energia escura. Marcio Maia, outro astrofísico do LineA, afirma que os cientistas precisam reunir informações sobre o comportamento da energia escura (mesmo antes de ela ser uma força dominante) nos mais diferentes tempos do Universo para tentar elaborar uma teoria sobre a sua composição. O LineA, vinculado ao Observatório Nacional, participa do projeto Sloan Digital Sky Survey.
A coluna indica a taxa de expansão do Universo e a linha mostra o
tempo decorrido desde o Big Bang. O ponto vermelho indica a medição da
desaceleração do Universo há 11 bilhões de anos. Quando a energia escura
tornou-se a força dominante do cosmos, há 5 bilhões de anos, o Universo
voltou a acelerar
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