Aeronave que voa a mais de 11.000 km/h
coloca o Brasil na elite da engenharia aeroespacial e na iminência de
superar tecnologicamente os EUA
Lucas Bessel
Em um laboratório em São José dos Campos,
interior de São Paulo, a aeronave mais avançada do Brasil ganha forma.
Batizado de 14-X, o aparelho tem nome inspirado na mais famosa máquina
voadora brasileira, o 14-bis. Em comum com o avião de Santos Dumont, o
14-X tem o poder de garantir para o País um lugar no pódio da tecnologia
aeroespacial. Não tripulado, o modelo é hipersônico, capaz de atingir
dez vezes a velocidade do som (mais de 11.000 km/h). As propriedades do
14-X colocam o Brasil no seleto grupo de nações – ao lado de Estados
Unidos, França, Rússia e Austrália – que pesquisam os motores scramjet,
que não têm partes móveis e utilizam ar em altíssimas velocidades para
queimar combustível (no caso, hidrogênio). Outra característica do
veículo desenvolvido pelo Instituto de Estudos Avançados da Força Aérea
Brasileira (IEAv) é que ele é um “waverider”, aeronave que usa ondas de
choque criadas pelo voo hipersônico para ampliar a sustentação. É como
se, ao nadar, um surfista gerasse a onda na qual irá deslizar.
O projeto nasceu em 2007, quando o capitão-engenheiro Tiago
Cavalcanti Rolim iniciou mestrado no ITA e foi aprovado com uma tese
sobre a configuração “waverider”. Cinco anos depois, a teoria está
prestes a virar prática. O primeiro teste do 14-X em voo, ainda sem a
separação do foguete utilizado para a aceleração inicial, ocorrerá neste
ano. Em seguida, a Força Aérea planeja outros dois experimentos: um com
acionamento dos motores scramjet, mas com a aeronave ainda acoplada, e
outro com funcionamento total, quando a velocidade máxima deve ser
atingida. “Se formos bem-sucedidos nesses ensaios, estaremos no topo da
tecnologia, embora com um programa muito mais modesto do que o dos
americanos”, diz o coronel-engenheiro Marco Antonio Sala Minucci, que
foi diretor do IEAv durante quatro anos e é um dos pais do 14-X.
O grande desafio no desenvolvimento da tecnologia de altíssimas
velocidades é a construção dos motores scramjet. Um engenheiro ligado ao
projeto compara a dificuldade de ligar tais propulsores a “acender uma
vela no meio de um furacão”. Por isso, o IEAv realiza os testes do
primeiro protótipo no maior túnel de choque hipersônico da América
Latina, no próprio laboratório do instituto. Diferentemente do que
ocorre em turbinas de aviões, esse motor não usa rotores para comprimir o
ar: é o movimento inicial, gerado pelo foguete, que fornece o fôlego
necessário. No 14-X, os propulsores scramjet são acionados a mais de
7.000 km/h.
“Esse será o caminho eficiente de acesso ao espaço em um futuro
próximo”, diz Paulo Toro, coordenador de pesquisa e desenvolvimento do
14-X. As aplicações práticas vão além do lançamento de satélites ou dos
voos suborbitais. Os EUA, que testam sua aeronave batizada de X-51,
pretendem usar a tecnologia em mísseis intercontinentais. Entre os
civis, a esperança é de que o voo hipersônico possa se tornar uma
realidade em viagens turísticas. Ir de São Paulo a Londres em apenas uma
hora não seria nada mau.
Contêiner marítimo esconde seis cômodos. Cama e sofá ficam nas paredes. Entenda
Por Casa e Jardim Online
Contêiner se transforma em uma casa
À
primeira vista, é apenas um contêiner marítimo. Mas, ao apertar de um
botão, as paredes se abrem e revelam uma casa de seis cômodos. Sala,
quarto, banheiro, cozinha, sala de jantar e até uma pequena biblioteca
se escondem na Push Button House, do arquiteto americano Adam Kalkin.
Cama, sofá e abajures ficam colados nas paredes do contêiner. No
centro, está a bancada da cozinha, a mesa de jantar e estantes para os
livros. O banheiro, com pia, banheira e vaso sanitário, fica logo atrás
da cama. Ao sair de casa, basta recolher tudo. A transformação acontece
em apenas 90 segundos, graças a um moderno sistema hidráulico. A
estrutura fechada ocupa cerca de 5 m². Com certeza é muito prático, mas
você teria coragem de morar em um espaço tão apertado?
Kalkin é especialista em casas contêiner – veja outro projeto inovador aqui. Confira a transformação nas imagens do fotógrafo especializado em arquitetura Peter Aaron.
27/03/2013 | POR REDAÇÃO; FOTOS TONY CENICOLA / THE NEW YORK TIMES
Quem acredita em destino diz que não somos nós quem escolhemos as
coisas mais importantes de nossas vidas. Isso pode explicar a relação
entre a Casa Nicol, em Kansas City, no Estado americano de Missouri, e
seu atual dono: o varejista de móveis Rod Parks. Conta Parks que ele se
encantou pela casa em 1997, quando os donos originais puseram-na à
venda. Na ocasião, no entanto, ela foi comprada por outra família. Em
2009, ano em que a morada foi novamente posta no mercado, a história foi
outra. “A casa me prendeu como nunca antes”, contou Parks em entrevista
ao The New York Times. “Ela me entendeu – e eu a entendi.”
Ao conhecer a Casa Nicol, entende-se logo o motivo da paixão de Parks.
Idealizada em 1964 pelo arquiteto Bruce Goff, ela tem um estilo único.
Com o exterior em forma octogonal, uma pirâmide no telhado e uma piscina
hexagonal, a geometria excêntrica permeia também o interior. Dentro da
residência, as salas têm oito lados, telhas hexagonais ornam paredes, e
há uma série de triângulos que fazem as vezes de janelas, armários e
pias. Além disso, cada sala tem uma claraboia que, além de contribuir
para a boa iluminação dos ambientes, acrescenta mais figuras ao festival
geométrico.
Para competir com a particularidade das formas que caracterizam a casa,
cada cômodo é de uma cor extremamente marcante e diferente. O conceito
por trás da divisão cromática dos espaços veio da intenção do arquiteto
de desenhar um lar para “uma família de indivíduos”, ou seja, o casal
Nicol e seus três filhos. Cada quarto refletiria o gosto de quem o
habitava. Mesmo vivendo apenas com seu poodle, Ettore, Parks não tinha
dúvidas de que poderia preencher facilmente todos os espaços da casa.
Afinal, ele é dono do Retro Inferno,
um empório de móveis, também em Kansas City. A preocupação real de
Parks era o contrário – a quantidade de móveis embutidos já existentes
na casa. Porém, ele logo percebeu a situação vantajosa na qual se
encontrava: “Não precisaria mais roubar as melhores peças da loja para
mobiliar minha casa. Eu poderia ter coisas boas, mas simplesmente não
tantas assim”.
Como escolher, então, o que preencheria os quartos adicionais? O de
paredes rosas se tornou reduto de CDs e discos de vinil, enquanto a sala
vermelha foi recheada de livros, encarnando uma área de leitura. Para
fomentar um hobby, o dono colocou sua bateria no quarto laranja. Os
quartos roxo, verde e azul foram os únicos que receberam camas. Seguindo
o estilo incomum da arquitetura da Casa Nicol, a decoração também é
singular. Além de poltronas e cadeiras de design autoral, assinadas por
nomes como George Nelson, Verner Panton, Erwine e Estelle Laverne, há
outros elementos originais, em todos os sentidos da palavra, que pontuam
a casa de forma distinta.
Um deles é uma fonte de fogo e água, desenhada pelo próprio Bruce Goff e
construída com um boiler serrado, um chuveiro ao contrário e um anel de
cobre perfurado. Para completar, o arquiteto pendurou um véu de
pequenos espelhos sobre a instalação. Acima disso, a família que ocupou a
casa antes de Parks alojou um satélite soviético. Os dois se encontram
na principal sala de estar, no centro da casa. Seguindo as referências
diversificadas do décor, há alguns elementos da cultura pop espalhados
pela casa, principalmente na forma de arte.
Ao mesmo tempo que preservou a essência da obra de Bruce Goff, Parks
fez poucas – porém, boas – escolhas de mobiliário que perpetuaram o
estilo ímpar desta casa.
Conheça praias paradisíacas que são a cara de Flor do Caribe
Viaje por praias do Norte e Nordeste de areias brancas e águas cristalinas
A nova novelas das 7, Flor do Caribe, nos dá a sensação que praias paradisíacas, dunas gigantes e águas transparentes somente existem na TV ou em nossos sonhos.
Mas saiba que no Norte e no Nordeste do Brasil existem inúmeros
cenários como este e que podem e devem ser descobertos. Praias
escondidas e pequenas vilas abrigam experiências inesquecíveis!
Para você que não quer destinos tão badalados e adora descobrir lugares diferentes essa é uma boa pedida . Descubra os caribes brasileiros! Confira:
PRAIA DE CARNEIROS (Tamandaré) - PE
Por que ir: Considerada uma das mais lindas e rústicas praias de Pernambuco, a Praia de Carneiros apresenta exuberantes piscinas naturais e praias desertas perfeitas para esquecer do mundo. Aproveite o famoso tour marítimo até a Ilha de Aleixo, local de naufrágios e ponto obrigatório para a prática de mergulhos.
CABO DE SANTO AGOSTINHO - PE
Por que ir: Comportando
vastas reservas ecológicas e belas praias como Calhetas e Paraíso, Cabo
de Santo Agostinho é conhecida pelo mar perfeito para a prática de esportes marítimos. Aproveite o artesanato especializado em cerâmicas do local e a herança histórica das ruínas do Convento Carmelita.
MARAGOGI - AL Por que ir:
Maragogi é o ponto paradisíaco para piscinas naturais. As chamadas
Galés se estendem por seis quilômetros da costa e são propícias para ver
os peixinhos e passear nos barcos catamarãs. Ao longo de suas praias,
como a de Burgalhau, depare-se com simples, rústicas e lindas vilas de pescadores protegidas pelas águas esverdeadas do mar.
CORURIPE - AL
Por que ir: Coruripe,
em comparação a outras praias do Nordeste, pode ser considerada
intocada. Se você procura tranqüilidade, com certeza vai encontrá-la em imensos recifes,
areias bancas e mar azul para todo lado. Passeie por Pituba e percorra 4
quilômetros de areia e completo deserto. Vá a Praia de Barreiras e
complete a sessão do “spa natural” com um bom banho de água doce.
PORTO DE GALINHAS - PE Por que ir:
Porto de Galinhas é o maior e mais badalado balneário de Pernambuco,
com praias para todos os gostos e bolsos. Vá para Ipojuca, 70 km de
Recife e relaxe na superfície azul durante a maré baixa. Em Muro Alto as atrações são os passeios por esportes aquáticos como wakeboard e jet-ski.
SÃO MIGUEL DOS MILAGRES - AL Por que ir:
A mescla de tons azuis e verdes forma uma paisagem única em São Miguel
dos Milagres. Os coqueiros que circundam a extensa Costa dos Corais
protegem o mar de águas verdes e seus peixinhos coloridos. Aproveite
para caminhar pelas praias do Toque e Tatuamunha, essa última, palco de uma atração especial: peixes-boi passeiam ao luar.
ARRAIAL DO CABO - RJ Por que ir:
Irmã mais tranquila dos arredores, Arraial do Cabo não é tão luxuosa
quanto Búzios e Cabo Frio e, talvez por isso mesmo, seja uma ótima opção
de tranquilidade no litoral do Rio de Janeiro. Não perca a oportunidade
de mergulhar em suas águas transparentes (um dos melhores pontos do
país) e ir de barco à Ilha do Farol com seus costões estonteantes.
ALTER DO CHÃO - PA
Por que ir: O chamado Caribe Amazônico
situa-se no interior do Pará, a 35 Km da cidade de Santarém e suas
belezas aparentemente marítimas dependem do rio Tapajós. A praia de
Alter do Chão só aparece depois da vazante do Tapajós
entre agosto e janeiro. Suas areias são branquinhas e as águas
azul-turquesa são doces. Não perca também o tradicional bolinho de
Piracuí.
O impasse sobre Feliciano é o 1º embate relevante em que os evangélicos se põem como um bloco orgânico
O impasse decorrente da presença do deputado-pastor Marco Feliciano na
presidência da Comissão de Direitos Humanos e de Minorias não é um caso
político qualquer. Tanto expõe uma situação atual até aqui mal
observada, como indica uma situação futura bastante problemática no
Congresso, em particular na Câmara.
O caso em torno do pastor Marco Feliciano agrava-se mais, com sua
decisão de afrontar os opositores e entregar a relatoria de projetos, na
Comissão, a evangélicos notoriamente contrários a tais propostas,
referentes a assuntos como aborto e sexo profissional.
Mas o comando da Câmara e a maioria dos líderes partidários estão
acovardados, diante da dupla ameaça de reação do grupo de
deputados-pastores à saída forçada de Marco Feliciano. Agora,
tumultuariam a Câmara com ações deles próprios e com grandes
mobilizações externas; depois, seriam campanhas acusatórias, nas
eleições, aos autores de "perseguição religiosa" no Congresso.
Marco Feliciano está convidado para uma reunião, na terça-feira, com
líderes das bancadas partidárias que tentariam demovê-lo da permanência
como presidente daquela Comissão. Os sinais, até o final de semana,
foram de provável ausência do convidado. E, a comparecer, seria para
reafirmar a recusa à renúncia. É a posição transmitida por seus
principais aliados entre os evangelistas da Câmara.
A reunião cordial foi adotada pelos líderes, ao fim de mais de duas
horas de discussão, como alternativa à alegada falta de recurso do
Regimento para a substituição compulsória de Marco Feliciano. A alegação
é discutível, a começar de que a necessária atividade da Comissão está
inviabilizada e, também para casos assim, a Câmara dispõe de Comissão de
Ética e de Corregedoria. A alegação da falta de instrumentos resulta
mais do temor de enfrentar o problema.
O impasse em torno do pastor-deputado Marco Feliciano, com suas
manifestações racistas e anti-homossexuais, é o primeiro embate
relevante em que os evangélicos se põem como um novo bloco orgânico,
ideologicamente bem definido e poderoso. Este novo evangelista e o bloco
ruralista não precisam estar de acordo em tudo para comprovar o
adiantamento da direita, como bancada no Congresso, sobre os que se
dizem "a esquerda".
A perspectiva dessa situação delineia-se neste fato incontestável:
nenhum segmento político está em mais condições de crescer, nas eleições
do ano próximo para o Congresso, do que os evangélicos. A contribuição
que podem levar só é promissora para eles e seu projeto de poder
político.
Documentos da estatal revelam os bastidores da
venda de patrimônio no exterior – como a sociedade secreta na Argentina
com um amigo da presidente Cristina Kirchner
DIEGO ESCOSTEGUY, COM MURILO RAMOS, LEANDRO LOYOLA, MARCELO ROCHA
Na quarta-feira, dia 27 de março, o executivo Carlos Fabián, do grupo
argentino Indalo, esteve no 22o andar da sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, para fechar o negócio de sua vida. É lá que funciona a Gerência de Novos Negócios da Petrobras,
a unidade que promove o maior feirão da história da estatal – e talvez
do país. Sem dinheiro em caixa, a Petrobras resolveu vender grande parte
de seu patrimônio no exterior, que inclui de tudo: refinarias, poços de
petróleo, equipamentos, participações em empresas, postos de
combustível. Com o feirão, chamado no jargão da empresa de “plano de
desinvestimentos”, a Petrobras espera arrecadar cerca de US$ 10 bilhões.
De tão estratégica, a Gerência de Novos Negócios reporta-se diretamente
à presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster. Ela acompanha
detidamente cada oferta do feirão. Nenhuma causou tanta polêmica dentro
da Petrobras quanto a que o executivo Fabián viria a fechar em sua
visita sigilosa ao Rio: a venda de metade do que a estatal tem na
Petrobras Argentina,
a Pesa. ÉPOCA teve acesso, com exclusividade, ao acordo confidencial
fechado entre as duas partes, há um mês. Nele, prevê-se que a Indalo
pagará US$ 900 milhões por 50% das ações que a Petrobras detém na Pesa.
Apesar do nome, a Petrobras não é a única dona da Pesa: 33% das ações
dela são públicas, negociadas nas Bolsas de Buenos Aires e de Nova York.
A Indalo se tornará dona de 33% da Pesa, será sócia da Petrobras no
negócio e, segundo o acordo, ainda comprará, por US$ 238 milhões, todas
as refinarias, distribuidoras e unidades de petroquímica operadas pela
estatal brasileira – em resumo, tudo o que a Petrobras tem de mais
valioso na Argentina.
O negócio provocou rebuliço dentro da Petrobras por três motivos: o
valor e o momento da venda, a identidade do novo sócio e, sobretudo, o
tortuoso modo como ele entrou na jogada. Não se trata de uma preocupação
irrelevante – a Petrobras investiu muito na Argentina nos últimos dez
anos. Metade do petróleo produzido pela Petrobras no exterior vem de lá.
Em 2002, a estatal brasileira gastou US$ 1,1 bilhão e assumiu uma
dívida estimada em US$ 2 bilhões, para comprar 58% da Perez Companc,
então a maior empresa privada de petróleo da Argentina, que já tinha
ações negociadas na Bolsa. Após sucessivos investimentos, a Perez
Companc passou a se chamar Pesa, e a Petrobras tornou-se dona de 67% da
empresa. Nos anos seguintes, a Petrobras continuou investindo
maciçamente na Pesa: ao menos US$ 2,1 bilhões até 2009. Valeu a pena. A
Pesa atua na exploração, no refino, na distribuição de petróleo e gás e
também na área petroquímica. Tem refinarias, gasodutos, centenas de
postos de combustível. Em maio de 2011, a Argentina anunciou ter
descoberto a terceira maior reserva mundial de xisto – fonte de energia
em forma de óleo e gás –, estimada em 23 bilhões de barris, equivalentes
à metade do petróleo do pré-sal brasileiro. A Pesa tem 17% das áreas na
Argentina onde se identificou esse produto. No ano passado, por fim, a
Pesa adquiriu uma petroleira argentina, a Entre Lomos, que proporcionou
um aumento em sua produção.
Apesar dos investimentos da Petrobras, quando a economia da Argentina
entrou em declínio, há cerca de dois anos, as ações da Pesa
desvalorizaram. As desastrosas políticas intervencionistas da presidente
Cristina Kirchner
contribuíram para a perda de valor da Pesa. De 2011 para cá, as ações
da empresa caíram mais de 60%. É por isso que técnicos da Petrobras
envolvidos na operação questionam se agora é o melhor momento para fazer
negócio – por mais que a Petrobras precise de dinheiro. Seria mais
inteligente, dizem os técnicos, esperar que a Pesa recupere valor no
mercado. Reservadamente, por medo de sofrer represálias, eles também
afirmam que os bens da Petrobras na Argentina – as distribuidoras,
refinarias e unidades de petroquímica que constituem a parte física do
negócio – valem, ao menos, US$ 400 milhões. Um valor bem maior,
portanto, que os US$ 238 milhões acordados com a Indalo. “Se o governo
não intervier tanto, a Pesa pode valer muito mais”, diz um dos técnicos.
A Petrobras, até dezembro do ano passado, tinha um discurso semelhante.
Na última carta aos acionistas, a Pesa diz: “Estamos otimistas em
relação ao futuro da Petrobras Argentina. E agora renovamos o
compromisso de consolidar uma companhia lucrativa, competitiva e
sustentável, comprometida com os interesses do país (Argentina)...”.
Em outro trecho da carta, informa-se que os resultados do ano passado
foram “encorajadores” e permitiram, como nos cinco anos anteriores, a
distribuição de dividendos milionários aos acionistas.
Mesmo que os valores do negócio pudessem ser considerados vantajosos
para a Petrobras, nada provocou tanto desconforto dentro da estatal como
o sócio escolhido. O executivo Fabián trabalha para o bilionário
argentino Cristóbal López, dono do grupo Indalo. Ele é conhecido como
“czar do jogo”, em virtude de seu vasto domínio no mundo dos cassinos
(na Argentina, o jogo é legal). López é amigo e apoiador da presidente
da Argentina, Cristina Kirchner.
Como o “czar do jogo” da Argentina virou sócio da Petrobras? No dia 5
de novembro do ano passado, López enviou uma carta, em espanhol, à
presidente da Petrobras, Graça Foster. Na carta, a que ÉPOCA teve
acesso, López revela ser um homem bem informado. Não se sabe como, mas
ele descobrira que a Petrobras estava negociando a venda da Pesa com
três de seus concorrentes. O assunto da carta, embora em economês,
deixava claras as intenções do empresário López: “Ref. Pesa Proposta de
aquisição e integração de ativos”. López, portanto, queria comprar um
pedaço da Pesa. Na carta, ele manifestou a “firme intenção de chegar a
um entendimento entre Pesa e Oíl Combustibles S.A.”, a empresa de
petróleo de López, para que a operação viesse a ser fechada. No
documento, López propôs comprar 25% das ações que a Petrobras detinha na
Pesa. Queria também a opção de, se a parceria desse certo, comprar mais
23,52% das ações – uma proposta mais modesta do que o acordo que ele
conseguiu depois.
A resposta da Petrobras também veio por escrito, semanas depois. No dia
21 de novembro, Ubiratan Clair, executivo de confiança de Graça Foster,
que toca o feirão da Petrobras e negociava a venda da Pesa aos
concorrentes do “czar do jogo”, escreveu a López: “Nos sentimos honrados
pelo interesse manifestado na compra de 25% (da Pesa). No
entanto, devemos indicar que as ações da Pesa não fazem parte de nossa
carteira de desinvestimentos, razão pela qual não podemos iniciar
qualquer negociação relativa às mesmas”. Diante do que aconteceu em
seguida, a carta do assessor de Graça Foster causa espanto. Não só ele
escondeu que a Pesa estava, sim, à venda – como, semanas depois, fechou
acordo com o próprio López. No dia 18 de dezembro, menos de um mês após a
inequívoca negativa, o mesmo assessor de Graça Foster firmou um
“convênio de confidencialidade” com López para lhe vender a Pesa.
O que houve nesse espaço de um mês? Por que a Petrobras mudou de ideia e
resolveu fechar negócio com López? A estatal não explica. Assessores
envolvidos na operação dizem apenas que “veio a ordem” de fechar com o
amigo de Cristina Kirchner. Procurada por ÉPOCA em três oportunidades, a
assessoria da Petrobras limitou-se a responder que “não vai emitir
comentários sobre assuntos relacionados com o seu Programa de
Desinvestimento”. Graça Foster e o executivo Ubiratan não responderam às
ligações. A assessoria de López confirmou apenas que o grupo Indalo fez
uma proposta pela Pesa.
López é o que a imprensa argentina chama de “empresário K”, como são
conhecidos os empresários que têm proximidade com o governo Kirchner.
Ele tem empresas de transporte, construção civil, petróleo, alimentação,
concessionárias e meios de comunicação. É famoso por suas redes de
cassino e caça-níquel. É sócio em pelo menos 14 cassinos, incluindo o
Hipódromo de Palermo, para o qual ganhou de Néstor Kirchner, nos últimos
dias como presidente da Argentina, uma extensão da concessão para os
caça-níqueis – o prazo foi estendido de 2017 a 2032.
A relação entre López e Néstor Kirchner, o marido de Cristina, que
governou o país antes dela e morreu em 2010, começou em 1998. Néstor,
quando governador de Santa Cruz, ajudou uma empresa de López a fechar
negócios com petroleiras. Desde então, López nunca escondeu de ninguém:
sentia que tinha uma “dívida eterna” com Néstor. Para pagar a “dívida
eterna”, convidava Néstor, que sempre gostou de uma mesa de jogo, a se
divertir num dos cassinos dele em Comodoro Rivadavia. A amizade era
recíproca. Em 2006, López recebeu de Néstor concessão para explorar sete
reservas de petróleo em Santa Cruz. Cristina, a sucessora, também o
ajudou. Fez-lhe um favorzinho depois que ele gastou US$ 40 milhões na
compra da concessão do canal de TV C5N, a fim de torná-lo governista.
Para que fechasse o negócio, Cristina abriu exceções na lei de
audiovisual, que proíbe negociar concessões.
Depois que a Petrobras fechou o acordo de confidencialidade com López, o
negócio andou rápido. Ele apresentou uma proposta em 7 de janeiro,
aumentou o valor numa segunda proposta, um mês depois – e fechou a
compra das ações por US$ 900 milhões em 22 de fevereiro. Com o acordo,
López e a Petrobras discutem agora os detalhes do contrato a ser
assinado. Se tudo correr como previsto, resta apenas a aprovação do
Conselho de Administração da Petrobras, que se reunirá no final de
abril. A Pesa, porém, enfrentará resistências na Argentina se assinar o
contrato. O atual governador de Santa Cruz, Daniel Peralta, um desafeto
de López, ameaçou tirar dele as concessões das sete reservas de petróleo
que López tem na região. Peralta diz que ele não fez os investimentos
previstos. Diz, ainda, que a situação em Santa Cruz pode “inviabilizar” o
negócio com a Petrobras – mas não diz como.
O maior problema do negócio da Petrobras com o “czar do jogo”, e com
todas as operações do feirão, é a falta de transparência. Como demonstra
o caso da Argentina, não há critérios claros para a escolha das
empresas que farão negócio com a Petrobras. Esse modelo sigiloso e sem
controle resultou em calamidades, como a compra da refinaria de
Pasadena, nos Estados Unidos. Em 2004, a Astra Trading pagou US$ 42
milhões pela refinaria. Meses depois, a Petrobras pagou US$ 360 milhões
por metade do negócio. Tempos depois, um desentendimento entre as sócias
levou a questão à Justiça. A Petrobras perdeu e foi condenada a comprar
não só a parte da sócia, como a pagar multa, juros e indenização. Em
junho, a Petrobras anunciou que pagaria mais US$ 820 milhões.
ÉPOCA teve acesso a um documento interno da Petrobras, elaborado em
2009. Um trecho afirma que a então diretoria, comandada pelo petista
José Sergio Gabrielli, decidiu manter o processo devido à “prepotência”
com que a Astra se colocava no caso. Logo depois, o documento lista
razões para fazer um acordo. Uma delas é que um representante da Astra
procurara a Petrobras em busca de entendimento. A razão mais forte era
clara: “Caso no litígio a Petrobras perca, o custo total irá para cima
de US$ 1 bilhão (...). Vale lembrar que a Petrobras já perdeu na
arbitragem, e a possibilidade de perder na corte é preocupante”. A opção
do acordo era a menos pior. A Petrobras gastaria, no máximo, US$ 639
milhões. O documento afirma que a (então) “ministra (de Minas e Energia)
Dilma Rousseff deverá ser procurada para ser informada de que a Astra
está procurando entendimentos, inicialmente por canais informais”. O
texto diz que Dilma Rousseff deveria comunicar isso na reunião do
Conselho da Petrobras, marcada para 17 de julho de 2009. O Conselho
daria então um prazo para um acordo com a Astra. O pior cenário
sobreveio. A Petrobras não fez nenhum acordo com a Astra, perdeu na
Justiça e gastou mais de US$ 1 bilhão (boa parte dele dinheiro público) –
24 vezes o que a Astra pagou pela refinaria. O Tribunal de Contas da
União investiga como a Petrobras pôde fazer um negócio tão ruim – pelo
menos para seu caixa e para os cofres públicos.
A ausência de critério, segundo executivos da Petrobras, aparece também
na parte mais valiosa do feirão: as operações da estatal na África.
Cálculos do mercado e da Petrobras estimam o patrimônio no continente
num patamar entre US$ 5 bilhões e US$ 8 bilhões. A Petrobras produz e
explora petróleo em Angola, Benin, Gabão, Líbia, Namíbia, Nigéria e
Tanzânia. De 2003 a 2010, investiu cerca de US$ 4 bilhões na África.
ÉPOCA teve acesso a documentos internos da Petrobras que apresentam um
diagnóstico sobre os negócios na África que devem ser vendidos,
incluindo mapas com a localização dos poços e informações sobre seu
potencial produtivo. O material mostra muitas possibilidades de lucro. A
maior fatia de investimento está na Nigéria, responsável por 23% da
produção atual de toda a área internacional da companhia – uma média
equivalente a 55 mil barris de óleo por dia. São três poços na Nigéria:
Agbami, Akpo e Engina. Os documentos da Petrobras mostram que os três
poços têm “reservas provadas” de 150 milhões de barris de petróleo.
Para quem a Petrobras planeja vender tamanho tesouro? A estatal, de
novo, não explica os critérios. Até agora, a única negociação avançada é
com o grupo BTG, do banqueiro André Esteves. Por meio do investidor
Hamylton Padilha, uma das mais poderosas influências na Petrobras,
Esteves, segundo executivos da estatal envolvidos com a transação,
negocia a compra de parte das operações na Nigéria. Questionado por
ÉPOCA, Padilha afirmou ter se reunido com representantes do banco para
avaliar investimentos na Petrobras. “Conversei com o pessoal (BTG) sobre
esse assunto (venda de ativos da Petrobras). A Petrobras
convidou diversas empresas estrangeiras para poder fazer ofertas no
Golfo do México, África e até na América Latina. Sei que na área de
petróleo eles (BTG) estão olhando. Têm participação em duas empresas
ligadas ao setor: Bravante e Sete Brasil”, disse. “Não trabalho para o
BTG. Sou investidor. Investi algum dinheiro na Sete Brasil (ligada à construção de plataformas de petróleo).”
Indagado sobre quem é a pessoa mais indicada para falar, pelo BTG,
sobre investimentos na Petrobras, sobretudo na África, Padilha disse: “A
pessoa que trata desse assunto diretamente é o André Esteves”. O BTG
disse que não se manifestaria.
Chipre teme que crise afete turismo, um dos pilares de sua economiaAndrés Mourenza
A crise bancária no Chipre despertou certos temores sobre o turismo e o
efeito que terá sobre este setor que, junto com os serviços
financeiros, é um dos pilares sobre os quais se sustenta a economia
cipriota.
"Já vendemos apenas passagens de ida", lamentou Demos Kyprianu, diretor
da pequena agência de viagens Mardem, localizada em Nicósia.
Crise no Chipre54 fotos
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28.mar.13
- Clientes de bancos do Chipre fazem fila para sacar dinheiro de caixas
eletrônicos 12 dias após o fechamento dos bancos do país Leia maisKatia Christodoulou/Efe
"São para os búlgaros, romenos e poloneses que querem voltar para sua
casa. Tinham vindo trabalhar aqui de pintores, pedreiros e marceneiros,
mas já viram que isto acabou", acrescentou.
Segundo diversos dados, em 2012 chegaram ao país - que tem 800 mil
habitantes - em torno de 2,5 milhões de turistas, o que reportou
receitas de cerca de 2 bilhões de euros (11,5% do PIB).
Os lucros do turismo foram em um aumento constante nos últimos anos,
após focar-se em viajantes de maiores possibilidades econômicas, com a
construção de vilas, mansões e clubes de luxo cada vez mais imponentes,
principalmente em localidades litorâneas como Pafos, Limassol e Ayia
Napa.
A quinta parte da capacidade hoteleira da ilha são hotéis de cinco
estrelas e mais da metade dos apartamentos estão catalogados como de
luxo ou classe A, de acordo com os dados da Organização de Turismo do
Chipre (CTO).
Mas, além disso, o turismo esporeou outras indústrias, como a da
construção, o que não só forneceu trabalho e crescimento econômico, mas
enriqueceu muito cipriotas que venderam suas terras para construir
hotéis ou apartamentos; o que gerou uma grande bolha imobiliária: apenas
entre 2006 e 2008 o preço do imóvel cresceu 50%.
Agora a crise bancária do Chipre começou a fazer os cidadãos deste país
mediterrâneo se perguntar sobre os efeitos que terá em um de seus
principais meios de vida.
De fato, a reestruturação dos bancos - que representará perdas de entre
40% e 80% para os clientes com contas de mais de 100 mil euros no Banco
do Chipre e no Popular - põe em perigo a viabilidade de "milhares de
empresas", segundo a Associação de Pequenas e Médias Empresas do Chipre.
E os limites estabelecidos aos movimentos de capital - que impedem, por
exemplo, tirar mais mil euros do país e mais de 300 euros diários dos
caixas dentro do Chipre - podem assustar os potenciais turistas.
Espanhóis protestam contra a crise financeira35 fotos
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14.mar.2013
Bombeiros protestam contra os cortes de gastos sociais do governo
espanhol nesta quinta-feira (14), em Barcelona; a manifestação mobilizou
estudantes e trabalhadores em todo o país Josep Lago/AFP Photo
Calcula-se que estas restrições estarão vigentes em cerca de um mês,
mas na quinta-feira, em um ato organizado pela CTO, o ministro de
Turismo e Comércio, George Lakkotrypis, pediu o esclarecimento da
situação para evitar que os visitantes sintam "insegurança" e poder
"fornecer aos turistas tudo o que necessitam quando estejam de férias no
Chipre".
No entanto, o presidente da CTO, Alekos Oruntiotis, assegurou que por
enquanto "não houve um problema sério" com os cancelamentos de viagens.
"Pelos dados que nos oferecem as agências e os hotéis, só houve cerca
de 100 cancelamentos", explicou à Efe o presidente da Associação de
Agências de Viagem, Victor Mantovani.
"Isso não é o que nos preocupa, o que tememos é que no futuro diminuam as reservas", continuou.
Segundo Mantovani, nas duas semanas que permaneceu vigente o
"corralito", as reservas turísticas do Reino Unido e da Rússia caíram
25%, enquanto as da Alemanha - o país contra o qual a maioria dos
cipriotas dirige sua raiva - desabaram mais de 50%.
Por país de origem, a maior parte de visitantes procede da antiga
metrópole, o Reino Unido, com 42%, seguido da Rússia (21%), que
quadriplicou o envio de turistas nos últimos sete anos.
Os países escandinavos representam 11% das chegadas, seguidos por Alemanha e Grécia, com 6% cada.
"Por enquanto os dados não são drásticos, mas espero que não
continuemos nas manchetes da imprensa, porque isso sempre prejudica o
turismo", comentou Mantovani.
O ministro Lakkotrypis pediu sensatez à população ao dizer que, embora
respeite o direito a manifestar-se, é "responsabilidade" de cada
cipriota "proteger o turismo".
O maior medo das autoridades e dos empresários é se transformar em uma
nova Grécia, onde as imagens de distúrbios causaram graves prejuízos à
indústria turística.
"Cruzamos os dedos, porque o turismo é a única coisa que vai restar ao
Chipre para conseguir receitas, depois que destruírem o setor
financeiro", concluiu Mantovani.
Pesquisadores pretendem levar blocos imensos de gelo a áreas com necessidade de água
A água será o ouro de 2050 e a sua escassez uma provável
fonte de conflitos. Há muitos anos os cientistas se propõem a conseguir
água potável a um preço razoável e, neste sentido, os pesquisadores da
Iceberg Transport International pretendem levar blocos imensos de gelo a
áreas com necessidade de água.
Na atualidade cerca de um bilhão de pessoas não têm
acesso à água potável e este problema afeta também regiões desenvolvidas
como a Europa, onde 20% da população sofre com sua escassez. Perante
este problema, o explorador francês, Paul Emile Victor, e o engenheiro
da mesma nacionalidade, Georges Mougin, encorajados pelo príncipe
saudita Mohammed al Faisal al Saud, começaram a estudar a viabilidade de
levar um iceberg até o deserto e, em 1976, fundaram a empresa Iceberg
Transport International.
Esta ideia, que muitos consideram maluca, parte do
princípio que as geleiras que existem nas áreas mais frias do planeta,
próximas dos polos, são de água potável e todas se fundem no mar, todos
os anos, derretendo uma quantidade de água doce equivalente à que é
consumida no mundo nesse mesmo período. A cada temporada, 40 mil
icebergs flutuam no mar. Além disso, estes blocos de gelo guardam muita
energia.
O problema principal era como transportar de forma
eficiente uma imensa massa de gelo, como reagir perante sua fratura,
qual seria o tamanho ideal e como evitar que se derreta durante o
transporte.
Tudo isso devia ser calculado sob condições
meteorológicas específicas, chegando à conclusão que testá-la seria
muito custoso e, por isso, a ideia foi deixada de lado durante muitos
anos.
Novas tecnologias resgatam o projeto
Porém, a tecnologia evoluiu de forma vertiginosa e a simulação em três
dimensões (3D), que está plenamente vigente, resultou ser um grande
apoio para esta ideia "maluca".
Com esta ajuda, a iniciativa deixou de ser um projeto
com necessidade de testes reais, com um custo que fontes da Iceberg
Transport International taxavam em 8 milhões de euros, e hoje pode sair
do papel através da simulação 3D, com um custo insignificante.
Foi a multinacional de software Dessault Systemes que
decidiu retomar a ideia em 2009, contando com um dos pais do projeto,
Georges Mougin, e com o especialista em navegação, François Mauvel.
Mougin já sabia que a fusão de um metro cúbico de gelo
pode produzir cinco quilowatts/hora de eletricidade. Seu calor latente
atua como fonte de frio de uma usina de energia térmica oceânica e a
água extremamente fria obtida pode fornecer um sistema de ar
condicionado. Desta forma, a energia guardada representa um valor 20
vezes superior à energia consumida em sua transferência.
Mauvel decidiu, após os estudos preliminares, que seria
preciso transferir um iceberg de sete milhões de toneladas e com forma
de tubo, já que é mais estável e regular, e apresenta um mínimo risco de
fratura durante o transporte, mas seria necessário protegê-lo com um
material geotêxtil para isolá-lo e evitar uma fusão rápida.
Optou-se então por estudar o transporte da massa de gelo
de Terranova (na costa do Canadá) às Ilhas Canárias (sudoeste da
Espanha, em frente ao litoral ocidental da África), onde há necessidade
de água potável e que é utilizada normalmente como dessalinizadora.
As simulações foram realizadas com dados reais
utilizando fotos, vídeos, estudos econômicos e instalando um radar para
os icebergs em frente à costa de Terranova. O iceberg 3D eleito pesava
sete milhões de toneladas, tinha 163 metros de altura, 236 de
comprimento e 189 de largura.
Foram utilizados dados meteorológicos e oceanográficos
gravados durante um ano para o teste, que, por sua vez, foi somada a
simulações hidráulicas e térmicas.
Dessa forma, observou-se que a fusão de gelo mais rápida
ocorre nas esquinas e nas zonas das paredes verticais com cavidades
profundas, o que permitiu refinar o projeto de construção do sistema de
proteção do iceberg.
Com poucos cliques puderam escolher as melhores datas
para fazer o transporte, o número de rebocadores que seriam necessários,
e a estratégia geral. O resultado é que na transferência se perderia
38% da massa do iceberg e que a viagem durará 141 dias, a uma velocidade
de 1,8 km/h.
Para otimizar a economia de energia será preciso
recorrer à indústria barqueira para construir duas embarcações que
possam mover o iceberg, ou seja que tenham a potência suficiente, mas
que não desenvolvam muita velocidade.
A experiência virtual mostrou aos analistas que usar
mais navios só contribuiria para um maior consumo energético e se
ganharia pouco tempo, já que neste tipo de transporte o efeito inércia é
muito importante na hora de movimentar a grande massa de gelo.
Esta
simulação permitiu estudar todos os desafios da viagem, da mesma forma
como na atualidade se desenvolve um carro ou uma máquina e se testa
virtualmente antes de levá-la à prática.
Georges Mougin está agora muito perto de ver realizado
seu sonho, embora ainda nenhum governo tenha pedido informação adicional
sobre o projeto e sejam necessários novos estudos econômicos nesta
época de crise.
BRASÍLIA - O deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) foi o escolhido
este ano como forma de protesto político na malhação de Judas da Vila
Planalto, bairro de Brasília que se localiza próximo ao Palácio da
Alvorada e à Praça dos Três Poderes. A eleição de Feliciano para
presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados vem
gerando protestos quase que diários e dificuldades em conduzir as
sessões da comissão. Há pressão forte de parte da sociedade e de líderes
partidários para que Feliciano renuncie ao cargo, mas o deputado diz
que não o fará.
—
Todos os anos a malhação do boneco tem um protesto político. Em 2011, o
protesto foi em razão da saúde pública sucateada; Em 2010, o alvo foi a
caixa de Pandora, escândalo político que envolveu o ex governador de
Brasília. Esse ano, o judas foi o deputado federal Marco Feliciano, por
sua postura de racismo, homofobia e intolerância religiosa — afirmou
Leiliane Rebouças, uma das organizadoras do ato.
Segundo Leiliane,
foi seu pai, Félix Rebouças, quem começou a realizar, na Vila Planalto,
a tradição católica de malhar o boneco de Judas no sábado de aleluia,
escolhendo alguém ou algo como protesto. A Vila Planalto é um reduto de
pioneiros de Brasília, pessoas que saíram de suas cidades para ajudar a
construir a capital. Félix Rebouças se mudou para a capital federal,
vindo de Fortaleza, em 1958.
— A Vila Planalto tem a malhação do
Judas mais tradicional de Brasília. Félix faleceu em 2010, mas deixou o
compromisso da continuidade da tradição para os seus filhos —
acrescentou Leiliane.
Com pedaços de pau e cabos de vassouras,
crianças e adolescentes bateram e destruíram o boneco de pano que
simbolizava o deputado Marco Feliciano. Na próxima terça-feira, líderes
partidários da Câmara se reúnem com o deputado para fazer apelo por sua
renúncia à presidência.
Vida em Marte e canais subterrâneos; veja fotos do espaço em março
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Em outra descoberta, a Nasa revelou que a análise
de uma amostra de rocha recolhida pelo robô Curiosity em Marte
indica que o planeta vermelho pode ter abrigada vida. Na primeira imagem
aparece amostras de rochas de Marte coletadas pela sondas Opportunity
(esq.) e Curiosity
Sicília é tema de álbum de viagem do fotógrafo Lalo de Almeida
DE SÃO PAULO
Localizadas na costa da Sicília, no sul da Itália, as Ilhas Eólias foram o destino escolhido pelo fotógrafo da Folha Lalo de Almeida para a série de álbuns de viagem publicada às quintas-feiras no site do "Turismo".
As fotos foram feitas em julho de 2011 durante uma viagem de férias com a
família, na qual o fotógrafo visitou cidades como Taormina e as ilhas
de Panarea, Lipari, Stromboli e Salina, que fazem parte das Ilhas
Eólias, arquipélago localizado ao norte da costa siciliana.
Entre as diversas paisagens observadas, uma das mais impressionantes
para o fotógrafo foi a vista de Stromboli, ilha formada por um vulcão
ainda ativo.
Prato de frutos do mar servidos crus em restaurante de Taormina, na Sicília
"Panarea é a ilha mais charmosa do arquipélago, mas a mais interessante
para se hospedar é Salinas, que tem boa infraestrutura e uma vida
própria, sem turistas em excesso", descreveu.
Fotógrafo da Folha há 18 anos, Lalo de Almeida estudou fotografia no Instituto Europeo di Design em Milão, na Itália.
Recebeu o Prêmio Máximo da 1ª Bienal Internacional de Fotografia de
Curitiba, em 1996, pelo projeto O Homem e a Terra. Desde 2005 também
colabora para o jornal "The New York Times".
ÁLBUNS DE VIAGEM
Publicada sempre às quintas-feiras, a série de álbuns de viagem já
mostrou fotos de Londres feitas por Bob Wolfenson e imagens de Nova
Orleans do fotógrafo Gal Oppido, além de galerias de João Wainer (polo
Sul) e Gui Mohallem (Japão).