N° Edição: 2259
| 01.Mar.13 - 21:00
| Atualizado em 04.Mar.13 - 19:36
COMPANHEIROS
O ex-metalúrgico Lula cumprimenta líderes sindicais durante evento da CUT na quarta 27
Com a antecipação da campanha presidencial de 2014, Lula resolveu
entrar em campo para evitar um racha irremediável, capaz de levar
setores do sindicalismo a abandonar a nau petista. Às principais
lideranças sindicais, Lula revelou o teor de uma conversa com Dilma
realizada no dia 25 de janeiro em São Paulo. No encontro, Lula teria
convencido a presidenta a receber os sindicalistas para uma conversa e,
na medida do possível, atender à demanda dos trabalhadores. Ficou
acertado, que as reivindicações que o governo não conseguir atender,
serão encaminhadas ao Congresso Nacional. A primeira demonstração da
mudança de postura do governo federal em relação ao movimento sindical
acontecerá na quarta-feira 6, quando Dilma abrirá as portas do Palácio
do Planalto para os sindicalistas integrantes da “Sexta Marcha a
Brasília”, uma manifestação promovida pela CUT juntamente com outras
cinco entidades sindicais, como a Força Sindical. Na reunião com Dilma,
as centrais sindicais apresentarão uma pauta com nove pontos (ver
quadro). Não necessariamente os pleitos serão aceitos. O certo, no
entanto, é que os ruídos que existiam estão prestes a acabar e a ponte
entre as centrais e o governo petista já começou a ser reconstruída pelo
ex-metalúrgico Lula.
Luiz Inácio, o sindicalista
Ex-presidente retoma as articulações com as centrais dos trabalhadores, dá o tom das reivindicações e consegue que os sindicatos amenizem os protestos que preparavam contra Dilma
Alan RodriguesCOMPANHEIROS
O ex-metalúrgico Lula cumprimenta líderes sindicais durante evento da CUT na quarta 27
Na quarta-feira 27, durante o aniversário
de 30 anos da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva voltou a incorporar seu lado sindicalista,
adormecido desde que fora alçado ao Planalto em 2002. Foi como se ele
tivesse vestido de novo o macacão de metalúrgico: diante de uma plateia
de 120 militantes da CUT, além de bater forte na oposição e reclamar de
perseguição política, Lula deu o tom a ser seguido pelas centrais
sindicais a partir de agora. “Se eu fosse vocês, não esperaria uma
medida provisória para lutar por conquistas. Eu sairia pelo Brasil para
politizar esse debate nas portas de fábricas e no Congresso Nacional. No
final, os ganhos são muito maiores do que ficar dependendo do governo”,
alertou.
A presença de Lula no evento não serviu apenas para que ele, conhecedor como poucos do chão de fábrica, os orientasse sobre o melhor caminho a seguir na busca por suas reivindicações. Teve um significado político muito maior. Lula, na verdade, tornou-se nos últimos dias uma espécie de mediador entre os sindicatos e o governo federal. As principais centrais sindicais estavam iradas com o tratamento dispensado pelo governo desde a posse da presidenta Dilma Rousseff. A relação ficou ainda mais estremecida depois que Dilma enviou ao Congresso a Medida Provisória dos Portos. Segundo os sindicalistas, a medida implicaria perdas significativas aos trabalhadores, o que a presidenta nega. O texto da MP gera insatisfação entre portuários principalmente porque desobriga os terminais privados a contratar trabalhadores por meio dos orgãos gestores de mão de obra, e permite a contratação direta pelas empresas. “A Dilma tem sido muito dura”, reclamaram sindicalistas ao ex-presidente durante a festa da CUT. “O problema é que a pauta dos trabalhadores não está sendo colocada na ordem do dia”, criticou Wagner Freitas, presidente nacional da CUT.
A presença de Lula no evento não serviu apenas para que ele, conhecedor como poucos do chão de fábrica, os orientasse sobre o melhor caminho a seguir na busca por suas reivindicações. Teve um significado político muito maior. Lula, na verdade, tornou-se nos últimos dias uma espécie de mediador entre os sindicatos e o governo federal. As principais centrais sindicais estavam iradas com o tratamento dispensado pelo governo desde a posse da presidenta Dilma Rousseff. A relação ficou ainda mais estremecida depois que Dilma enviou ao Congresso a Medida Provisória dos Portos. Segundo os sindicalistas, a medida implicaria perdas significativas aos trabalhadores, o que a presidenta nega. O texto da MP gera insatisfação entre portuários principalmente porque desobriga os terminais privados a contratar trabalhadores por meio dos orgãos gestores de mão de obra, e permite a contratação direta pelas empresas. “A Dilma tem sido muito dura”, reclamaram sindicalistas ao ex-presidente durante a festa da CUT. “O problema é que a pauta dos trabalhadores não está sendo colocada na ordem do dia”, criticou Wagner Freitas, presidente nacional da CUT.
Foto: Marco Ankosqui
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