sexta-feira, 8 de março de 2013

É uma terapeuta danada se fez com os clientes nesta altura alguns souberam aproveitar bem.

07/03/2013 10h02 - Atualizado em 08/03/2013 15h28
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Cheryl Cohen Greene: "Troquei o divã pela cama"

A terapeuta conta como tratou, por meio de relações sexuais, mais de 900 pacientes com disfunções, impotência e traumas

EM DEPOIMENTO A NATHALIA TAVOLIERI
CHERYL COHEN GREENE Terapeuta sexual. Americana, tem 68 anos. Sua história está no filme As sessões. A atriz Helen Hunt concorre ao Oscar por sua interpretação de Cheryl  (Foto: Polaris/Other Images)
"Sexo sempre foi um tabu dentro da minha casa. Estudei em escola de freiras e cresci sentindo culpa e vergonha pelos meus desejos. Depois de perder a virgindade, aos 14 anos, minha concepção mudou. Passei a buscar novas experiências, queria decifrar minha identidade sexual. Aos 19, me casei com um homem mais velho, com quem mantive um relacionamento aberto por dez anos. Ele achava graça na minha inquietude e incentivou que eu trabalhasse como modelo de nudismo e, mais tarde, como voluntária num centro especializado em orientação sexual. Já era mãe de dois filhos pequenos quando uma amiga me apresentou o método da terapia do sexo, criado no começo da década de 1970 pelos sexólogos William Masters e Virginia Johnson. Ajudar os outros a tratar de problemas sexuais por meio do contato físico fazia todo o sentido para mim. Fiz um treinamento em Berkeley, na Califórnia, e em menos de um ano já estava atendendo.
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A cada sessão há um ganho gradativo de intimidade. Começo com técnicas de relaxamento e testes de toques para saber quais as partes mais sensíveis do corpo do paciente. Em seguida, vêm as carícias, beijos e masturbação. A penetração costuma acontecer só nas últimas sessões. Durante o sexo, presto atenção a todos os detalhes e anoto cada reação do paciente. Sempre usamos preservativos. As sessões acontecem duas vezes por mês e têm duração de duas horas. Cobro US$ 300 por consulta. Há um limite de sessões, que varia de seis a dez.

Quase todos os pacientes são homens, mas também atendo mulheres e casais. Entre eles, é comum a ejaculação precoce, impotência, vergonha de fantasias pervertidas e traumas sexuais. As mulheres sentem mais dificuldade em chegar ao orgasmo. Muitos pacientes têm a primeira relação sexual comigo. O virgem mais velho que atendi tinha 70 anos.
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Numa terapia convencional, o paciente pode não conseguir pôr as orientações em prática, seja por vergonha do parceiro, seja pela falta de um. Conseguimos transpor essas barreiras. O paciente também aprende a conhecer melhor o corpo do outro – no caso, o meu, que serve de modelo para relações futuras. Comigo, ele pode falar abertamente sobre suas fantasias e experimentar as posições que deseja. Não raro, tenho orgasmos.

É comum que eu seja comparada a uma prostituta. Nada contra, mas é diferente. O trabalho dela é como de um restaurante. Você olha o cardápio, escolhe o prato, paga, come, se sacia. Funciono como uma escola de culinária. Apresento os ingredientes, ensino receitas, modos de preparo e técnicas de servir.
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O tratamento é feito em parceria com um psicólogo. Enquanto ele trabalha a parte emocional, fico com os exercícios práticos. Ao fim de cada sessão, trocamos figurinhas sobre a evolução do paciente. Tudo o que ocorre durante as sessões é de conhecimento dos três. Esse acompanhamento psicológico ajuda a evitar que pacientes se apaixonem por mim. Mas não é 100% garantido. Estou casada há mais de 30 anos com um ex-paciente. Nosso casamento é monogâmico. Ele e meus filhos sentem orgulho do que faço, pois sabem que ajudo casais a se reestruturar e a ser mais felizes. Hoje, aos 68 anos e com mais de 40 de carreira, posso dizer que já curei mais de 900 pacientes com problemas sexuais.

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