Chipre teme que crise afete turismo, um dos pilares de sua economiaAndrés Mourenza
"Já vendemos apenas passagens de ida", lamentou Demos Kyprianu, diretor da pequena agência de viagens Mardem, localizada em Nicósia.
28.mar.13
- Clientes de bancos do Chipre fazem fila para sacar dinheiro de caixas
eletrônicos 12 dias após o fechamento dos bancos do país Leia mais Katia Christodoulou/Efe
"São para os búlgaros, romenos e poloneses que querem voltar para sua casa. Tinham vindo trabalhar aqui de pintores, pedreiros e marceneiros, mas já viram que isto acabou", acrescentou.
Segundo diversos dados, em 2012 chegaram ao país - que tem 800 mil habitantes - em torno de 2,5 milhões de turistas, o que reportou receitas de cerca de 2 bilhões de euros (11,5% do PIB).
Os lucros do turismo foram em um aumento constante nos últimos anos, após focar-se em viajantes de maiores possibilidades econômicas, com a construção de vilas, mansões e clubes de luxo cada vez mais imponentes, principalmente em localidades litorâneas como Pafos, Limassol e Ayia Napa.
A quinta parte da capacidade hoteleira da ilha são hotéis de cinco estrelas e mais da metade dos apartamentos estão catalogados como de luxo ou classe A, de acordo com os dados da Organização de Turismo do Chipre (CTO).
Mas, além disso, o turismo esporeou outras indústrias, como a da construção, o que não só forneceu trabalho e crescimento econômico, mas enriqueceu muito cipriotas que venderam suas terras para construir hotéis ou apartamentos; o que gerou uma grande bolha imobiliária: apenas entre 2006 e 2008 o preço do imóvel cresceu 50%.
Agora a crise bancária do Chipre começou a fazer os cidadãos deste país mediterrâneo se perguntar sobre os efeitos que terá em um de seus principais meios de vida.
De fato, a reestruturação dos bancos - que representará perdas de entre 40% e 80% para os clientes com contas de mais de 100 mil euros no Banco do Chipre e no Popular - põe em perigo a viabilidade de "milhares de empresas", segundo a Associação de Pequenas e Médias Empresas do Chipre.
E os limites estabelecidos aos movimentos de capital - que impedem, por exemplo, tirar mais mil euros do país e mais de 300 euros diários dos caixas dentro do Chipre - podem assustar os potenciais turistas.
Calcula-se que estas restrições estarão vigentes em cerca de um mês, mas na quinta-feira, em um ato organizado pela CTO, o ministro de Turismo e Comércio, George Lakkotrypis, pediu o esclarecimento da situação para evitar que os visitantes sintam "insegurança" e poder "fornecer aos turistas tudo o que necessitam quando estejam de férias no Chipre".
No entanto, o presidente da CTO, Alekos Oruntiotis, assegurou que por enquanto "não houve um problema sério" com os cancelamentos de viagens.
"Pelos dados que nos oferecem as agências e os hotéis, só houve cerca de 100 cancelamentos", explicou à Efe o presidente da Associação de Agências de Viagem, Victor Mantovani.
"Isso não é o que nos preocupa, o que tememos é que no futuro diminuam as reservas", continuou.
Segundo Mantovani, nas duas semanas que permaneceu vigente o "corralito", as reservas turísticas do Reino Unido e da Rússia caíram 25%, enquanto as da Alemanha - o país contra o qual a maioria dos cipriotas dirige sua raiva - desabaram mais de 50%.
Por país de origem, a maior parte de visitantes procede da antiga metrópole, o Reino Unido, com 42%, seguido da Rússia (21%), que quadriplicou o envio de turistas nos últimos sete anos.
Os países escandinavos representam 11% das chegadas, seguidos por Alemanha e Grécia, com 6% cada.
"Por enquanto os dados não são drásticos, mas espero que não continuemos nas manchetes da imprensa, porque isso sempre prejudica o turismo", comentou Mantovani.
O ministro Lakkotrypis pediu sensatez à população ao dizer que, embora respeite o direito a manifestar-se, é "responsabilidade" de cada cipriota "proteger o turismo".
O maior medo das autoridades e dos empresários é se transformar em uma nova Grécia, onde as imagens de distúrbios causaram graves prejuízos à indústria turística.
"Cruzamos os dedos, porque o turismo é a única coisa que vai restar ao Chipre para conseguir receitas, depois que destruírem o setor financeiro", concluiu Mantovani.
Aqui se vê todas as fotos e tudo mais.
http://economia.uol.com.br/noticias/efe/2013/03/31/chipre-teme-que-crise-afete-turismo-um-dos-pilares-de-sua-economia.htm
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