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• atualizado às 15h01
Astrônomos fazem medição mais precisa da distância de galáxia vizinha
Astrônomos divulgaram nesta quarta-feira em artigo na revista especializada Nature a
melhor medição já feita da distância da Grande Nuvem de Magalhães, a
galáxia mais próxima da Via Láctea. O dado pode ajudar os astrônomos, já
que a estrelas da Grande Nuvem são usadas para fixar a escala de
distâncias de galáxias mais remotas.
"A distância à Grande Nuvem de Magalhães é extremamente
importante para a astrofísica. Ela define o melhor ponto zero para todas
as distâncias na escala cósmica", diz ao Terra o líder do estudo, Grzegorz Pietrzynski, das universidades de Concepción, no Chile, e de Varsóvia, na Polônia.
Para determinar a distância de objetos no universo, os
astrônomos usam as chamadas "velas padrão" - corpos os quais conhecemos
bem o brilho absoluto, quanto menos brilhante este objeto parece para
nós na Terra, mais longe ele está. Como sabemos o brilho "real" dele,
podemos calcular a distância com precisão.
As distâncias dos corpos celestes são cruciais na astronomia. Elas permitem aos astrônomos entender a estrutura do universo
Bradley E. Schaefer
Astrônomo da Universidade do Estado da Louisiana
Contudo, a medição da distância para a Grande Nuvem se
mostrou uma tarefa complicada, mas importante, já que as estrelas
encontradas nesta galáxia são utilizadas para medirmos as distâncias
para galáxias ainda mais remotas. Com o esforço dos cientistas, a
precisão dessa medida melhorou muito - em 2001, a diferença entre os
valores medidos chegava a 36%. Em 2011, os cientistas conseguiram medir a
distância com uma margem de erro de 3%.
A medição mais precisa do início desta década utilizava
um objeto conhecido como estrelas binárias eclipsantes - pares de
estrelas que, do ponto de vista da Terra, passam uma em frente à outra
em determinados intervalos de tempo, eclipsando uma à outra. Para que o
dado fosse ainda mais preciso, os cientistas analisaram binárias
eclipsantes descobertas recentemente e que são mais frias que as
conhecidas até então.
"Nós descobrimos sistemas binários eclipsantes muito
especiais. Baseados nas observações desses eclipses, nós medimos os
tamanhos lineares de seus componentes. Usando relações bem estabelecidas
- para estrelas frias -, nós derivamos também os tamanhos angulares (o
tamanho aparente visto da Terra, medido por ângulos) de nossas estrelas
gigantes frias em binárias eclipsantes. Assim, apenas multiplicando as
dimensões lineares pelas angulares, nós temos a distância", diz
Pietrzynski.
O resultado, afirmam os cientistas, é a distância de
49,97 mil parsecs, com uma margem de erro de 2,2%. "Dentro dos erros
citados, nossa medida concorda muito bem com os estudos anteriores. No
entanto, é muito mais exata e precisa, e muito mais confiável", diz o
astrônomo.
"As distâncias dos corpos celestes são cruciais na
astronomia. Elas permitem aos astrônomos entender a estrutura do
universo; por exemplo, ver a organização do Sistema Solar e reconhecer
as galáxias que estão além da Via Láctea", diz em artigo separado da
revista Bradley E. Schaefer, da Universidade do Estado da Louisiana e
que não teve envolvimento no estudo.
Schaefer destaca ainda que o cenário deve mudar
completamente com o lançamento do telescópio Gaia. Segundo o astrônomo, a
espaçonave vai ter uma capacidade muito maior de medir a distância para
objetos cósmicos. "Assim, o tempo gasto com as binárias eclipsantes da
Grande Nuvem de Magalhães no primeiro plano da astrofísica será limitado
a apenas alguns anos pela frente", diz o professor. A previsão é que a
missão Gaia seja lançada ainda em 2013 pela Agência Espacial Europeia
(ESA, na sigla em inglês).
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