26/04/2013 08h48
- Atualizado em
26/04/2013 08h50
O recente salto da inflação, simbolizado pelos reajustes no preço do tomate, não foi suficiente para abortar a decolagem da pré-candidatura de Guido Mantega ao governo de São Paulo. Pelo contrário. O ministro da Fazenda ganhou força – e novos seguidores no PT paulista, entusiasmados com a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva abraçar de vez a empreitada.
>>O tomate e a ameaça da inflação
Lula tem dito a interlocutores que a candidatura Mantega em São Paulo seria um grande reforço à luta da presidente Dilma Rousseff por mais quatro anos no Palácio do Planalto. Segundo o raciocínio, Mantega pode funcionar como um fio narrativo para o marqueteiro João Santana enfileirar as conquistas das gestões petistas na área econômica. Nessa narrativa, Mantega seria apresentado como o ministro que libertou o Brasil do FMI (Fundo Monetário Internacional), evitou que o país fosse engolido pela crise econômica europeia (em 2011) e ajudou Dilma e Lula a tirar milhões de brasileiros da miséria com os programas sociais federais, o crescimento do emprego e o incremento do consumo.
>>Mantega: governo pode adotar medidas impopulares para controlar a inflação
Mantega, segundo os advogados de sua candidatura, também pode ser
apresentado ao eleitor paulista como um candidato “novo”. Afinal, jamais
disputou uma eleição – assim como Dilma, em 2010, e Fernando Haddad,
na disputa pela prefeitura de São Paulo no ano passado. No caminho do
“plano Mantega”, estão primeiro outros petistas que há muito sonham com o
Palácio dos Bandeirantes. Até agora, o favorito para ficar com a vaga
de candidato do PT é o ministro Aloizio Mercadante
(Educação). Ele conta com a simpatia da presidente Dilma, mas setores
do partido temem que ele seja identificado pelo eleitor paulista como um
“nome antigo”.
>>Dilma, Economist e nacionalismo
Mercadante já concorreu ao governo paulista – em 2010 e 2006, quando sua campanha foi marcada pelo escândalo dos “aloprados” (compra de um falso dossiê contra tucanos). O ministro acabaria absolvido no Supremo Tribunal Federal de qualquer acusação. Nada jamais for provado contra ele, mas os partidários da candidatura Mantega temem que ele não consiga imprimir à campanha uma marca que vem dando certo em termos eleitorais ao PT: a da renovação.
O outro adversário de Mantega, o ministro Alexandre Padilha (Saúde), personifica a novidade política. Também nunca disputou eleições e tem apenas 41 anos de idade. Padilha está em campanha aberta dentro do partido e percorre o interior de São Paulo para se tornar mais conhecido. No entanto, começa a se cristalizar no PT e no governo federal a ideia de que Padilha não possui uma “marca forte” à frente da sua pasta. Pesquisas indicam que os brasileiros apontam a saúde como o principal problema do país, e Padilha não possui no bolso bandeiras com força eleitoral, como os medicamentos genéricos foram para o tucano e ex-ministro da Saúde José Serra, em 2002.
Se contar com o apoio de Lula, o maior desafio de Mantega para viabilizar sua candidatura seria o controle da inflação. Diante da pergunta “E se a inflação explodir de vez?”, os entusiastas da candidatura Mantega respondem: “Aí qualquer candidato do PT terá muitas dificuldades em qualquer eleição”. Em seguida, afirmam achar pouco provável um cenário de catástrofe econômica até a eleição presidencial, no final do ano que vem.
Antes de escolher seu candidato para o governo paulista, Lula e o PT ainda trabalham na primeira fase de sua estratégia para tirar o controle do Estado do PSDB: a de pulverizar a votação no primeiro turno. Conforme revelou a coluna de Felipe Patury, com base na mais recente pesquisa realizada pelo PSDB paulista, os tucanos projetam em 50% as chances do governador Geraldo Alckmin em um eventual segundo turno contra um candidato petista. Seriam condições iguais para os dois lados na segunda e decisiva etapa da eleição. Por isso, os tucanos tentarão decidir a eleição já no primeiro turno, como ocorreu em 2006 e 2010.
A principal lição que os tucanos tiraram da pesquisa diz respeito ao deputado Celso Russomanno (PRB), que hoje tem de 15% a 17% das intenções de voto. Quando Russomanno aparece na disputa, as intenções de voto em Alckmin diminuem consideravelmente. Evitar que o deputado do PRB concorra é o sonho do PSDB paulista neste momento.
O ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD), até agora com sinal verde do PT, constrói sua pré-candidatura e já começa a montar uma equipe de comunicação. No PT, a esperança é que ele tire votos de Alckmin na Grande São Paulo. Desde a reeleição de Mario Covas, em 1998, após uma árdua batalha contra Paulo Maluf (PP) no segundo turno, os líderes do PSDB paulista não se mostravam tão apreensivos quanto às chances de manter sua longa hegemonia à frente do governo de São Paulo. Em conversas reservadas, secretários da gestão tucana, deputados do partido e responsáveis pelas estratégias de comunicação e marketing do PSDB prevêem uma campanha difícil para Alckmin. Os petistas estão cada vez mais animados.
O sonho de parte do PT: Mantega governador de SP
Para petistas, entre eles o ex-presidente Lula, o ministro pode ser a novidade para tirar o PSDB do Bandeirantes
>>O tomate e a ameaça da inflação
Lula tem dito a interlocutores que a candidatura Mantega em São Paulo seria um grande reforço à luta da presidente Dilma Rousseff por mais quatro anos no Palácio do Planalto. Segundo o raciocínio, Mantega pode funcionar como um fio narrativo para o marqueteiro João Santana enfileirar as conquistas das gestões petistas na área econômica. Nessa narrativa, Mantega seria apresentado como o ministro que libertou o Brasil do FMI (Fundo Monetário Internacional), evitou que o país fosse engolido pela crise econômica europeia (em 2011) e ajudou Dilma e Lula a tirar milhões de brasileiros da miséria com os programas sociais federais, o crescimento do emprego e o incremento do consumo.
>>Mantega: governo pode adotar medidas impopulares para controlar a inflação
>>Dilma, Economist e nacionalismo
Mercadante já concorreu ao governo paulista – em 2010 e 2006, quando sua campanha foi marcada pelo escândalo dos “aloprados” (compra de um falso dossiê contra tucanos). O ministro acabaria absolvido no Supremo Tribunal Federal de qualquer acusação. Nada jamais for provado contra ele, mas os partidários da candidatura Mantega temem que ele não consiga imprimir à campanha uma marca que vem dando certo em termos eleitorais ao PT: a da renovação.
O outro adversário de Mantega, o ministro Alexandre Padilha (Saúde), personifica a novidade política. Também nunca disputou eleições e tem apenas 41 anos de idade. Padilha está em campanha aberta dentro do partido e percorre o interior de São Paulo para se tornar mais conhecido. No entanto, começa a se cristalizar no PT e no governo federal a ideia de que Padilha não possui uma “marca forte” à frente da sua pasta. Pesquisas indicam que os brasileiros apontam a saúde como o principal problema do país, e Padilha não possui no bolso bandeiras com força eleitoral, como os medicamentos genéricos foram para o tucano e ex-ministro da Saúde José Serra, em 2002.
Se contar com o apoio de Lula, o maior desafio de Mantega para viabilizar sua candidatura seria o controle da inflação. Diante da pergunta “E se a inflação explodir de vez?”, os entusiastas da candidatura Mantega respondem: “Aí qualquer candidato do PT terá muitas dificuldades em qualquer eleição”. Em seguida, afirmam achar pouco provável um cenário de catástrofe econômica até a eleição presidencial, no final do ano que vem.
Antes de escolher seu candidato para o governo paulista, Lula e o PT ainda trabalham na primeira fase de sua estratégia para tirar o controle do Estado do PSDB: a de pulverizar a votação no primeiro turno. Conforme revelou a coluna de Felipe Patury, com base na mais recente pesquisa realizada pelo PSDB paulista, os tucanos projetam em 50% as chances do governador Geraldo Alckmin em um eventual segundo turno contra um candidato petista. Seriam condições iguais para os dois lados na segunda e decisiva etapa da eleição. Por isso, os tucanos tentarão decidir a eleição já no primeiro turno, como ocorreu em 2006 e 2010.
A principal lição que os tucanos tiraram da pesquisa diz respeito ao deputado Celso Russomanno (PRB), que hoje tem de 15% a 17% das intenções de voto. Quando Russomanno aparece na disputa, as intenções de voto em Alckmin diminuem consideravelmente. Evitar que o deputado do PRB concorra é o sonho do PSDB paulista neste momento.
O ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD), até agora com sinal verde do PT, constrói sua pré-candidatura e já começa a montar uma equipe de comunicação. No PT, a esperança é que ele tire votos de Alckmin na Grande São Paulo. Desde a reeleição de Mario Covas, em 1998, após uma árdua batalha contra Paulo Maluf (PP) no segundo turno, os líderes do PSDB paulista não se mostravam tão apreensivos quanto às chances de manter sua longa hegemonia à frente do governo de São Paulo. Em conversas reservadas, secretários da gestão tucana, deputados do partido e responsáveis pelas estratégias de comunicação e marketing do PSDB prevêem uma campanha difícil para Alckmin. Os petistas estão cada vez mais animados.
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