domingo, 28 de abril de 2013

Este ambiente é sempre uma boa inspiração.

27/04/2013 - 07:59

Espaço

O artista das estrelas

No livro "Planetfall", o fotógrafo e cineasta americano Michael Benson consegue transformar imagens cruas das agências espaciais naquilo que uma pessoa veria ao viajar pelo espaço

Elipse do Sol pela Terra. Imagens da sonda Solar Dynamics Observatory (SDO), feitas em abril de 2011.

Elipse do Sol pela Terra. Imagens da sonda Solar Dynamics Observatory (SDO), feitas em abril de 2011. - NASA GSFC/Michael Benson, Kinetikon Pictures

Cometa Tempel 1, após o impacto com um projétil lançado pela sonda espacial Impacto Profundo (Deep Impact). As imagens foram feitas por essa sonda, em julho de 2005.
Cometa Tempel 1, após o impacto com um projétil lançado pela sonda espacial Impacto Profundo (Deep Impact). As imagens foram feitas por essa sonda, em julho de 2005. - NASA/JPL/UMD/Michael Benson, Kinetikon Pictures
 Io, uma das luas de Júpiter, com duas erupções vulcânicas visíveis. Mosaico feito com imagens da sonda Galileu, em julho de 1999.

Io, uma das luas de Júpiter, com duas erupções vulcânicas visíveis. Mosaico feito com imagens da sonda Galileu, em julho de 1999. - NASA/JPL/UofA/Michael Benson, Kinetikon Pictures

Lua Io e o planeta Júpiter. Imagens da sonda Cassini, de janeiro de 2001.
Lua Io e o planeta Júpiter. Imagens da sonda Cassini, de janeiro de 2001. - NASA/JPL-Caltech/Michael Benson, Kinetikon Pictures

Com o livro Planetfall (Abrams Books, 208 páginas), o fotógrafo e cineasta americano Michael Benson tem como objetivo — bastante ambicioso — deixar o leitor o mais próximo possível da visão que uma pessoa teria em uma viagem espacial. A obra reúne imagens capturadas por missões espaciais entre o final do ano 2000 e o início de 2012.
Este é o terceiro trabalho de Benson com imagens espaciais. Em 2003 ele lançou seu primeiro livro, Beyond: Visions of the Interplanetary Probes (Além: Visões de Sondas Interplanetárias - Abrams Books, 320 páginas), um olhar retrospectivo sobre a história visual da exploração espacial até aquele ano. O segundo livro, Far Out: A Space-Time Chronicle (Longe: Uma Crônica Espaço-Temporal - Abrams Books, 328 páginas), publicado em 2009, contém fotos de estrelas e galáxias.
Benson pesquisa os arquivos de agências espaciais, como a Nasa e a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), e utiliza o material bruto, produzido por câmeras acopladas às missões, para compor suas fotos. Em Planetfall, o resultado é um conjunto de imagens sem paralelo da Terra, Sol, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno e de alguns asteroides e cometas.
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Entrevista com o autor do livro
A grande diferença do trabalho de Benson para as imagens tradicionais divulgadas pelas agências espaciais é o esforço quase artesanal envolvido no processo. Segundo o autor, algumas das imagens de Marte são formadas por mais de cem fotos diferentes, que demandaram semanas de trabalho até que o resultado desejado fosse alcançado.
"Eu passei muito tempo olhando milhares de imagens em preto e branco, procurando uma visão extraordinária ou o começo disso, então, quando eu sentia que estava olhando para algo que poderia se tornar uma imagem interessante, eu baixava as fotos e fazia as composições", diz Benson em entrevista ao site de VEJA. Todas as imagens produzidas pelas missões espaciais são em preto e branco e, para que seja possível criar uma imagem colorida realista, é preciso que tenham sido tiradas três, ou ao menos duas, imagens iguais, mas com filtros diferentes.
Em busca das cores – As câmeras de sondas espaciais têm diversos tipos de filtros, que possibilitam aos pesquisadores recolher informações sobre o planeta estudado. Alguns desses filtros registram informações de cor fora do espectro visível ao olho humano, como o infravermelho e o ultravioleta. Mas existem também os filtros vermelho, verde e azul. "Se você quiser uma imagem colorida e tiver sorte, eles tiraram a mesma foto com filtro verde, vermelho e azul. Então as três fotos podem ser combinadas para gerar uma foto colorida", explica o autor.
Porém, mesmo quando apenas dois filtros são utilizados, ainda é possível "descobrir" a terceira cor. Segundo Benson, a ausência do verde é o problema mais fácil de ser resolvido. "Eu posso combinar os outros dois canais de cor para fazer o verde, porque a cor verde fica entre o azul e o vermelho no espectro de cor visível", diz. O vermelho e o azul podem ser obtidos por meio do infravermelho e o ultravioleta, respectivamente – tudo depende da sorte, que aqui se traduz nos filtros utilizados pela nave espacial na hora de tirar as fotos.
Todo esse processo é necessário para colorir apenas uma imagem, mas a maior parte das obras do livro Planetfall é composta de mosaicos, ou seja, múltiplas imagens colocadas juntas para formar uma imagem maior.
Legado visual — "Minha intenção é mostrar que o legado visual de 50 anos de exploração espacial é um capitulo significativo na historia da fotografia tanto quando da ciência", afirma Benson.  Ele explica que o título de seu livro tem, para ele, dois significados distintos: o ato de enxergar ou alcançar um planeta depois de uma viagem espacial, e também o declínio da habitabilidade de um planeta, sua decadência.
"Uma das razões para essa definição complexa é que eu queria, em primeiro lugar, que ela fosse positiva. Você está chegando a um lugar novo, a maior parte do livro é a chegada a um lugar novo. Mas eu queria que o livro fosse um retrato honesto do sistema solar nos últimos 10 ou 12 anos. E, para ser honesto, eu tive que levar em conta que o nosso planeta está com alguns problemas, porque nós os estamos criando", diz o autor.
O livro Planetfall, lançado nos Estados Unidos em outubro do ano passado, se tornou uma exposição de mesmo nome, que está atualmente na galeria da Associação Americana para o Avanço da Ciência (American Association for the Advancement of Science, AAAS), em Washington.


Veja mais fotos no link abaixo.

 http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/o-artista-das-estrelas




 

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