O berço da civilização está secando
Foto: O Reservatório Qadisiyah, no rio Eufrates, em imagens de 7 de setembro de 2006 (acima) e 15 de setembro de 2009 (abaixo). Divulgação/NASA
A Nasa divulgou nesta semana imagens impressionantes do impacto da forte seca que o Oriente Médio enfrenta nos últimos anos. Na bacia do rio Eufrates, em um local que no passado foi chamado de “Crescente Fértil”, o Reservatório Qadisiyah perdeu cerca de 150 quilômetros cúbicos de água – o equivalente a todo o volume de água do Mar Morto – entre os anos de 2003 e 2009.
A bacia dos rios Tigre e Eufrates abastece parte da Turquia, a Síria, Iraque e Irã. A região tem um dos aquíferos mais ameaçados do mundo. Apenas a bacia do rio Ganges, na Índia, perde volume de água em velocidade mais rápida. Mas a situação do Oriente Médio é mais difícil de resolver. Os países da região não cooperam entre si no manejo da água, e a Síria está imersa em uma guerra civil sangrenta. Alguns especialistas chegam até a especular que um dos fatores que desencadearam a guerra síria foi a pobreza causada pela seca, quando agricultores perderam suas colheitas por falta de chuva.
Mas a culpa não é exclusiva da seca. Segundo a Nasa, pelo menos 60% da água perdida foi extraída dos aquíferos pelos governos da região. Nós já mostramos aqui no Blog do Planeta o milagre insustentável que está acontecendo no meio do deserto. Países como o Iraque e a Arábia Saudita desenvolveram políticas de estímulo à agricultura sem nenhum planejamento do uso da irrigação. O resultado é que estão tirando mais água do que a capacidade dos aquíferos têm de se renovar. Juntas, a seca e a irrigação sem planejamento podem tornar inabitada uma das regiões que deu origem à civilização.
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