quarta-feira, 17 de abril de 2013

Precisa dizer mais alguma coisa ?????

O inverno no Ártico hoje parece mais com o verão dos anos 70


O designer americano Andy Lee Robinson vem explorando formas diferentes de apresentar graficamente o desaparecimento do gelo no Ártico. Ele usa dados do Centro de Ciência Polar da Universidade de Washington. Uma de suas criações recentes mostra como evoluiu o volume de gelo no Ártico, mês a mês. Cada linha colorida representa as médias de um mês, desde 1979 até março de 2013, no sentido horário.
Repare nos meses de março, abril e maio (linhas amarela, verde claro e verde escuro). São os meses onde o gelo está no ápice de volume, depois de todo o inverno no hemisfério norte. O volume médio de gelo na década de 70 estava em torno de 30 mil quilômetros cúbicos nesses meses. Agora observe o que acontece com as linhas amarela e verdes enquanto o relógio das décadas gira. O volume de gelo desses meses em 2013 chegou à faixa dos 20 mil quilômetros cúbicos, uma situação parecida com a dos verões no passado. A condição do Ártico hoje no auge do inverno está mais próxima de como era o auge do verão nos anos 1970.
Não à toa, alguns pesquisadores se referem ao processo no Ártico como um espiral de morte. O gráfico mostra bem como o volume de gelo espirala rumo ao desaparecimento em algum momento das próximas décadas. Nos últimos 30 anos, o verão do Ártico ficou apenas com um quinto do volume de gelo original.
Um levantamento recente mostra como o gelo da região começa a mostrar rachaduras em pleno inverno. O fim do gelo na região vai abrir novas rotas de navegação. Mas o desaparecimento da calota de gelo terá consequências negativas para todo o planeta. Ele não elevará diretamente o nível do mar, porque o gelo flutuante não influi na altura dos oceanos. O fim do gelo polar pode acelerar o derretimento de gelo sobre rocha, como da Groenlândia e da Antártica. E esses sim afetam o nível dos mares.
A redução da calota branca no Ártico também reduz a capacidade da região de refletir a luz do Sol. Mais luz é absorvida pela superfície escura do oceano, o que acelera o aquecimento do mar. O hemisfério norte virou o maior aquecedor da Terra. Isso gera elevação do nível dos mares, por causa da expansão térmica. Também provoca alterações nas correntes marinhas, com consequências em todo o mundo. E um mar mais quente também tem capacidade menor de absorver o excesso de gás carbônico que jogamos na atmosfera. Hoje, apesar de já termos despejado várias toneladas de carbono na atmosfera, as mudanças climáticas só não estão mais acentuadas porque os oceanos têm absorvido a maior parte do gás. Não se sabe por quanto tempo o mar continuará servindo de bueiro para nossa poluição. A partir de certa temperatura da água e de certo grau de saturação, os mares podem passar a jogar de volta para o ar o gás carbônico dissolvido, como uma Coca-Cola quente borbulhando ao sol. Isso aceleraria o ritmo das mudanças climáticas e tornaria o processo irreversível.
(Alexandre Mansur)

Sobrou apenas um quinto do gelo no Ártico


O gelo acumulado no Ártico durante o verão de 2012 foi apenas um quinto do volume presente em 1979. É o que mostra um levantamento feito a partir de imagens geradas pelo satélite europeu CryoSat-2. É uma perda bem maior do que mostra a redução na área de gelo, que vem sendo observada nos últimos anos. Isso ocorre porque a calota polar flutuante do Ártico vem ficando menor e mais fina ao mesmo tempo.
A medição histórica do volume de gelo no Ártico é feita a partir de observações de submarinos nucleares que cruzam a região desde os anos 70. Recentemente, as observações de satélite também passaram a ajudar nas estimativas.
Como mostra o gráfico acima, o volume de gelo no verão caiu de 16.855 quilômetros cúbicos em 1979 para 3.261 no ano passado.
Segundo a previsão dos pesquisadores, o Ártico pode ficar sem gelo algum em algum verão nas próximas décadas.
(Alexandre Mansur)

Gelo do Ártico tem rachaduras em pleno inverno

Duas décadas de aquecimento constante no Ártico deixaram o gelo do Polo Norte tão fino que algumas rachaduras já aparecem até no auge do inverno. Durante o fim de fevereiro e o início de março deste ano, grandes fraturas no mar congelado foram observadas na costa do Alasca e do Canadá. O video acima, feito pelo NSIDC (centro que monitora gelo e neve nos EUA) mostra a evolução das rachaduras.
Essas rachaduras aparecem agora, logo antes do início da temporada de derretimento do gelo, com a chegada do verão. Agora é o período que o gelo alcança sua maior extensão e maior espessura. Mesmo assim, estava frágil em alguns trechos a ponto de rachar por causa de condições do tempo ou de correntes do oceano.
Um fenômeno semelhante foi observado em 2008 e em 2011. Mas agora, segundo o NSIDC, a área com rachaduras é mais extensa.
A área atingida pelas rachaduras é composta por gelo novo, formado nesta temporada de inverno. Ele é mais fraco e fino do que o gelo antigo, formado pelo acúmulo de camadas que resistem ao verão e voltam a crescer no inverno seguinte. Esse gelo antigo, mais espesso e resistente, está desaparecendo no Ártico.
Por causa do aquecimento global, o Ártico, que bateu um recorde de derretimento no ano passado, já está ficando até mais verdejante.
(Alexandre Mansur)

As novas rotas de navegação num mundo sem gelo


Com a calota de gelo do Ártico derretendo em ritmo acelerado, por causa das mudanças climáticas, a navegação pelo oceano Ártico será cada vez mais fácil.
Pesquisadores da Universidade da Califórnia projetaram como os navios poderão se deslocar no futuro, na metade do século. O resultado é o mapa ao lado. As linhas vermelhas mostram a rota mais rápida, que pode ser usada por navios do tipo Polar Class 6, com moderada capacidade para quebrar o gelo, usados hoje no mar Báltico. As linhas azuis mostram as rotas mais rápidas para navios comuns, que navegam em mar aberto. As linhas pontilhadas mostram os limites das águas territoriais. O esbranquiçado na água na região do Polo Norte indica a concentração prevista de icebergs e blocos de gelo flutuantes por ali ao longo do ano.
A rota diretamente pelo Polo Norte é 20% mais curta do que a opção atual pelo norte, que acompanha a costa da Rússia. Por volta de 2040, ela estará acessível no final do período de derretimento sazonal do hemisfério norte, em setembro.A partir de então, o período navegável ficará cada vez mais longo a cada ano, na medida em que o aquecimento global encolhe mais o Ártico.
Os pesquisadores usaram projeções de derretimento de gelo para os modelos climáticos entre os anos 2040 e 2059. Os modelos consideram um cenário de moderado aumento nas emissões de carbono, responsáveis pelo aquecimento global. Como o ritmo atual de emissões vem sendo bem mais alto do que essas previsões conservadoras, é de se supor que as rotas se abrirão mais cedo do que os pesquisadores previram. No ano passado, o Ártico bateu o recorde histórico de degelo. A má notícia é que as consequências negativas do derretimento do Ártico também virão.

Como o hemisfério norte virou o maior aquecedor da Terra


Quando a gente publica notícias do derretimento acelerado dos gelos outrora eternos que cobrem o Ártico ou o topo das montanhas muita gente imagina que isso é só um problema para ursos polares, esquimós e esquiadores. Mas o degelo nesses lugares remotos tem um impacto direto em todo o planeta. As superfícies brancas de neve, que predominam nessas regiões, têm um papel fundamental na regulagem do clima. Elas refletem parte dos raios solares. Se desaparecerem, a luz do sol passará a ser absorvida pelo solo ou pela água do mar (mais escuros), o que ajuda a esquentar a Terra. E é exatamente isso que está acontecendo. Na medida que o aquecimento global reduz a superfície refletiva de gelo e neve, mais radiação solar é absorvida e mais rápido segue o aquecimento, que por sua vez derrete mais gelo e neve. É um dos processos de aceleração descontrolada mais temidos das mudanças climáticas.
Agora, um estudo recente publicado na revista científica Nature Geoscience, conseguiu medir o quanto o derretimento do gelo no hemisfério norte (que tem mais terra firme) influi no aquecimento geral do planeta. Graças ao degelo dos últimos anos, a região passou a despejar mais 100 PetaWatts de energia na Terra. São 100 quatrilhões de watts. É como se o derretimento do gelo tivesse acendido 1.000.000.000.000.000 lâmpadas incandescentes de 100 watts para nos esquentar. Isso equivale a sete vezes toda a energia que a humanidade consome em um ano.
No estudo, a equipe liderada por Mark Flanner, da Universidade de Michigan usou dados de satélite para medir quanta superfície reflexiva de gelo foi perdida nos últimos 30 anos. E quanto isso significou em absorção de calor.
A imagem da direita mostra quanta energia o gelo do hemisfério norte refletiu em média entre 1979 e 2008. Quanto mais azul escuro, mais energia foi mandada de volta para o espaço. A Groenlândia reflete mais luz do que qualquer outra área do hemisfério. O segundo grande rebatedor de luz do sol é a camada de gelo sobre o Oceano Ártico. A faixa no meio da Ásia são as geleiras do Himalaia.
A imagem da direita mostra como a capacidade de reflexão mudou entre 1979 e 2008. A parte de azul mais forte passou a refletir mais 8 watts por metro quadrado. A parte com vermelho mais forte passou a absorver mais 8 watts. Como se cada pedaço de terra (antes coberta por gelo) do tamanho de um quarto pequeno ganhasse uma lâmpada de 80 acesa dia e noite, esquentando o planeta. No mapa, dá para ver que o aquecimento é mais intenso no litoral do Ártico, da Groenlândia e no Himalaia, regiões que perderam geleiras rapidamente nos últimos anos.
(Alexandre Mansur)

O link de tudo.

http://colunas.revistaepoca.globo.com/planeta/2013/04/17/o-inverno-no-artico-hoje-parece-mais-com-o-verao-dos-anos-70/ 

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