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Por Reinaldo Azevedo
10/11/2012
às 17:53Com a dita “reforma política”, PT quer regras para se eternizar no poder!
O
ex-deputado — cassado por corrupção — José Dirceu, condenado
também por corrupção e formação de quadrilha pelo STF, já havia
anunciado as prioridades do PT: lutar contra a “farsa do mensalão”
(sic), regulamentar a “mídia” e promover uma reforma política para
instituir o financiamento público de campanha… Huuummm… Na VEJA.com,
Gabriel Castro mostra que o partido já se esforça para dar dimensão prática a esse terceiro item. Muito bem.
Ao longo
do ano passado, tratei do assunto em vários posts, demonstrando que a
reforma política que os petistas têm na cabeça e pretendem impor ao país
beneficia especialmente… os petistas! Alguma novidade? Acho que não. No
dia 17 de setembro de 2011, escrevi um texto que tratava de alguns detalhes do que quer o PT — além, claro!, de enfiar uma vez mais a mão no seu bolso. Vale a pena ler. É o que eles têm na cabeça.
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A primeira versão do relatório do deputado Henrique Fontana (PT-SP), tornada pública, concilia financiamento público de campanha com financiamento privado. Era mesmo um troço estranho. Até os petistas disseram lá entre si: “Se a gente defende o financiamento público porque considera que o outro predispõe à corrupção (NR — isso é papo furado), como é que a gente vai insistir na sua manutenção, conciliando com o público?” Há certas contradições que nem eles conseguem explicar.
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A primeira versão do relatório do deputado Henrique Fontana (PT-SP), tornada pública, concilia financiamento público de campanha com financiamento privado. Era mesmo um troço estranho. Até os petistas disseram lá entre si: “Se a gente defende o financiamento público porque considera que o outro predispõe à corrupção (NR — isso é papo furado), como é que a gente vai insistir na sua manutenção, conciliando com o público?” Há certas contradições que nem eles conseguem explicar.
Pois bem:
os petistas insistirão agora no financiamento exclusivamente público. É
só um truque. Apostam que os demais partidos da base aliada, em especial
o PMDB, proponham o misto. O fundamental para os petistas é que haja
dinheiro público. Por quê? Por causa do critério de distribuição de
recursos. Tem de haver algum, certo? Não dá para dividir igualmente o
dinheiro entre partidos que existem e partidos virtuais, que são uma
realidade só no papel. Ora, colocada a questão maligna (enfiar mais
dinheiro público na eleição), então vem a resposta maligna: ora, a grana
seria distribuída segundo o tamanho da bancada federal hoje. Quem
sairia ganhando? PT e PMDB. Quem se ferra? A oposição.
Por isso
chamei de chavismo light. Os petistas aproveitam um momento em que são
maioria para propor um sistema de financiamento de campanha que
privilegia justamente essa maioria. Alguém dirá: “É justo!” Uma ova!
Essa maioria é circunstancial. Imaginem se alguém do PSDB ou do então
PFL propusesse algo parecido até o ano de 2002… Os tontons-maCUTs
sairiam às ruas. Mas eu já expliquei num longo texto qual é a moral das esquerdas e de seus descendentes. O que antes o PT acharia ruim acha agora bom. Não há uma sombra de princípio nisso tudo. É só oportunismo.
O texto de
Fontana também propunha uma estrovenga chamada “voto proporcional
misto”, com o eleitor podendo votar no candidato e no partido (ainda que
de origens distintas). Metade da Câmara seria definida pelos nominais, e
a outra metade sairia da lista fechada, segundo peso de cada partido.
Uma verdadeira charada grega. O PT desistiu do voto em lista e agora
quer a simples manutenção do voto proporcional, como é hoje. Ficará para
alguns aliados a defesa do proporcional misto.
Os
petistas também vão defender o mandato de quatro anos para senador. É só
firula. Sabem que isso não tem a menor condição de passar no Senado. É
puro diversionismo, que busca tirar o foco da questão principal: o
partido busca uma “reforma política” tendente a eternizar a vantagem que
ele tem hoje. Coisa de vigaristas políticos, morais e intelectuais.
Falácia
“Se continuar essa lógica [financiamento privado de campanha], quem é que vai poder concorrer a um cargo legislativo? Ou pessoas muito ricas ou pessoas que tenham facilidade muito grande de encontrar financiadores privados. E isso quebra o critério de igualdade na democracia”. A fala é de Fontana.
“Se continuar essa lógica [financiamento privado de campanha], quem é que vai poder concorrer a um cargo legislativo? Ou pessoas muito ricas ou pessoas que tenham facilidade muito grande de encontrar financiadores privados. E isso quebra o critério de igualdade na democracia”. A fala é de Fontana.
É uma das
maiores falácias jamais ditas sobre o assunto. Não há um só argumento
lógico que explique por que, mesmo com financiamento público, não
haveria financiamento privado, por baixo dos panos. É questão de lógica
elementar, que talvez Fontana — pelo jeitão — realmente não esteja
fisicamente equipado para entender. Atenção: se, com o financiamento
privado permitido, já há caixa dois e dinheiro oculto, o que vocês acham
que aconteceria quando ele fosse proibido? Será que eu teria de
desenhar?
Há mais: o
PT tem hoje a maior bancada da Câmara. Estaria o deputado Fontana
confessando que só se chegou a tanto porque ela é composta “de pessoas
ricas” e de pessoas “com facilidade muito grande para encontrar
financiadores privados”, o que inclui, naturalmente, o Fontana? Esse
sujeito é ruim “demais da conta”, como a gente diz lá em Dois Córregos…
Voto distrital
A única — ÚNICA!!!—- maneira de baratear a eleição e, de fato, diminuir o peso do dinheiro (e, pois, as chances de corrupção) é o voto distrital. Por quê? Cada partido escolheria UM ÚNICO candidato em cada distrito. O país tem 513 deputados e, creio, terá em 2014 uns 127 milhões de eleitores. Grosso modo, cada distrito teria pouco mais de 247 mil eleitores. Em vez de ter de disputar eleição no estado inteiro, o candidato se concentraria naquela que é a sua área. A campanha ficaria mais barata, necessariamente — corrupção a menos. Não só isso: ele faria uma espécie de campanha majoritária; teria de convencer os eleitores e de ter efetiva representação numa determinada área. Cai a chance de um mero porta-voz de uma corporação ou de um lobby sair vencedor.
A única — ÚNICA!!!—- maneira de baratear a eleição e, de fato, diminuir o peso do dinheiro (e, pois, as chances de corrupção) é o voto distrital. Por quê? Cada partido escolheria UM ÚNICO candidato em cada distrito. O país tem 513 deputados e, creio, terá em 2014 uns 127 milhões de eleitores. Grosso modo, cada distrito teria pouco mais de 247 mil eleitores. Em vez de ter de disputar eleição no estado inteiro, o candidato se concentraria naquela que é a sua área. A campanha ficaria mais barata, necessariamente — corrupção a menos. Não só isso: ele faria uma espécie de campanha majoritária; teria de convencer os eleitores e de ter efetiva representação numa determinada área. Cai a chance de um mero porta-voz de uma corporação ou de um lobby sair vencedor.
Uma
reforma política, se honesta, aproxima os representantes dos
representados. Bem, meus caros, não estou insistindo no voto distrital
à-toa. Acima, vocês vêem o que nos prepara o Babalorixá de Banânia. O
sociólogo Cabeção, vocês se lembram, tentou negar que o PT estivesse
conspirando contra os eleitores. Eis aí. Voto Distrital neles!
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