sexta-feira, 9 de julho de 2010

Caverna da Alemanha - Parte 03

Em uma corda sobre o abismo


'Riesending' (Coisa gigantesca) é como se denomina a maior caverna da Alemanha. O termo singelo representa um reino de escuridão, descoberto há poucos anos, e ainda muito longe de ser compreendido em toda a sua dimensão. Uma equipe de GEO desceu por cordas no misterioso labirinto, e ajudou a instalar um sistema de comunicação, para que os pesquisadores possam avançar rumo ao desconhecido


Por Lars Abromeit (Texto) e Carsten Peter (Fotos)




Escalando, dependurando-nos ou arrastando-nos. Como seguiremos adiante? E o que o próximo túnel nos reserva? Água, estreiteza ou o fim? Essas são as perguntas que sempre acompanham os espeleólogos
Nossa missão foi bem-sucedida. Após uma busca exaustiva no mundo das frequências de comunicação, os peritos técnicos Marcus Preißner e Johann Westhauser conseguiram estabelecer uma linha segura de rádio do acampamento até seu colega Wolfgang Zillig, que permanecera na superfície. Centenas de metros abaixo, longe do alcance de quaisquer aparelhos de GPS ou de telefones celulares, eles agora poderão se comunicar com o mundo exterior via rádio SMS de ondas curtas. "Um considerável bônus de segurança", opina Westhauser. O sistema permitirá, por exemplo, alertar os espeleólogos sobre a aproximação de uma tempestade, que poderia, em poucas horas, inundar completamente a entrada da caverna.

Instalamos a antena do Cavelink, um cabo de aproximadamente 80m, nos corredores, e até verificamos um poço mais profundo para investigar possíveis danos provocados por desabamentos de rochas, até que o cansaço finalmente tomasse conta de nós. Caímos no sono empacotados em duas camadas de sacos de dormir, na escuridão gelada, varrida por ventos encanados. A título de café da manhã nos servimos de macarrão com queijo desidratado, de pacotinho. E agora, razoavelmente descansados, "só" precisamos voltar. Mas como?
PARA SAIR NOVAMENTE dos poços verticais, lixados pela ação da água e com paredões absolutamente lisos, como os da Riesending, os espeleólogos utilizam spits, espécies de pinças serrilhadas que permitem que nos prendamos à corda. Quando se tem dois objetos desse tipo, é possível, literalmente, subir por uma corda como se estivéssemos andando. Enquanto um spit sustenta o peso corporal, o outro, livre do peso, pode ser empurrado mais para cima.
Eu já conhecia essa técnica de uma excursão espeleológica anterior, nos Estados Unidos. Mas com um porém: as fendas da Riesending são de outro calibre. Elas despencam de um modo tão colossal nas profundezas, que os exploradores foram obrigados a chumbar suas cordas verticalmente em diversas "estações intermediárias". Nesses pontos, pendurados livremente sobre o abismo, teremos, durante a ascensão, que passar constantemente de uma corda para outra, sem podermos nos apoiar em uma projeção rochosa do paredão. Nesse emaranhado de cordas, quem cometer um erro despenca na escuridão, sem poder se agarrar em nada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário