Saúde
Esclerose múltipla
Testes comprovam eficácia de novo medicamento para esclerose múltipla
Droga alemtuzumabe, utilizada no combate à leucemia, reduz a incidência de recaídas, atenua as deficiências causadas pelas crises e reduz a atrofia cerebral
Esclerose múltipla: Divulgados os resultados da última fase de uma pesquisa sobre novo medicamento para a doença
(Kiyoshi Takahase Segundo/Getty Images/iStockphoto)
CONHEÇA A PESQUISAA causa da esclerose múltipla ainda é desconhecida e não há cura para a doença. Sabe-se que ocorre quando a mielina, substância que envolve e protege as fibras nervosas do cérebro, da medula espinal e do nervo óptico é danificada ou destruída. Quando isso acontece, são formadas áreas de cicatrização, ou escleroses, e surgem diferentes sintomas sensitivos, motores e psicológicos, que são as crises. Além do número de cicatrizações, o grau de atrofia cerebral em um paciente é uma das formas de medir a gravidade da doença.
Título original: Alemtuzumab for patients with relapsing multiple sclerosis after disease-modifying therapy: a randomised controlled phase 3 trial e Alemtuzumab versus interferon beta 1a as first-line treatment for patients with relapsing-remitting multiple sclerosis: a randomised controlled phase 3 trial
Onde foi divulgada: revista The Lancet
Quem fez: Alasdair Coles e equipe
Instituição: Universidade de Cambridge, Grã-Bretanha
Dados de amostragem: 1.421 pessoas de 18 a 55 anos
Resultado: O medicamento alemtuzumabe reduz as recaídas, atenua as deficiências e diminui a atrofia cerebral causadas pelas esclerose múltipla
Leia também: Especialistas classificam pacientes com esclerose múltipla em dois grupos
Segundo a pesquisa britânica, o alemtuzumabe diminui os riscos de que novas escleroses ocorram nas fibras nervosas do cérebro de maneira mais eficaz do que os tratamentos de primeira linha — ou seja, os remédios que são atualmente utilizados no tratamento da doença. Por isso, segundo os autores do estudo, o medicamento pode ser eficaz tanto para pacientes que ainda não foram submetidos a nenhuma terapia quanto aqueles que não respondem ao tratamento convencional.
Testes — A fase final do estudo clínico do alemtuzumabe foi financiada pelos laboratórios Genzyme, do grupo Sanofi, e Bayer Pharma. Mais de 1.000 pacientes com esclerose múltipla foram selecionados. De acordo com a pesquisa, entre pacientes que já haviam sido submetidos a alguma terapia, mas que apresentaram alguma crise ao longo do tratamento, o alemtuzumabe reduziu os episódios de recaída quase 50% a mais do que o interferon beta-1a (Rebif), medicamento de primeira linha que costuma ser receitado a pessoas com a doença.
Além disso, em um período de dois anos, 65% dos pacientes que receberam alemtuzumabe não apresentaram nenhuma crise da doença, em comparação com os 47% que receberam o outro remédio. O tratamento testado também diminuiu o agravamento das deficiências causadas pela esclerose múltipla e as taxas de atrofia cerebral.
Os resultados dos testes aplicados a pacientes com a doença que nunca haviam recebido tratamento para esclerose múltipla foram semelhantes. Em dois anos, o alemtuzumabe reduziu o número de recaídas em 55% mais do que o interferon beta-1a. Além disso, 78% dos indivíduos que receberam o medicamento testado permaneceram dois anos sem ter crises, enquanto essa taxa foi de 59% para o outro grupo. "Embora outras drogas para esclerose múltipla tenham surgido nos últimos anos, nenhuma havia mostrado esse efeito de melhorar os quadros de deficiência associada à doença", diz Alasdair Coles, coordenador do estudo.
Efeitos colaterais — Coles lembra, porém, que o alemtuzumabe pode ter sérios efeitos colaterais, como o surgimento de outras doenças autoimunes. Em seu estudo, 20% dos pacientes que receberam a droga desenvolveram uma condição autoimune da tireoide. "Embora o alemtuzumabe possa causar efeitos colaterais sérios, eles podem ser identificados e tratados com um programa de monitoramento", diz.
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